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    Publicado em 11 de Abril às 20:34:30

    Carrefour (CRFB3) | Prévia 1T23: O primeiro prejuízo desde 2019?

    O Grupo Carrefour Brasil irá divulgar a sua prévia de vendas do 1º trimestre de 2023 no dia 24/abr– em versão preliminar e não auditada – e os seus resultados consolidados do trimestre no dia 02/mai, após encerramento do pregão.

    30 meses! Desde setembro de 2020, a categoria de “Alimentos e Bebidas” mantinha o patamar inflacionário em duplo dígito. O choque de oferta da pandemia se esbarrou na crise de fertilizantes e energia provocada pelo conflito Rússia e Ucrânia. O resultado foi uma inflação alimentar persistentemente alta (i.e. >10%), impactado por reajustes do leite e derivados, panificados e frutas nos últimos meses.

    A divulgação do IPCA de mar/23 quebrou o padrão altista. Pela primeira vez, em 30 meses, a inflação da categoria alimentar acumulada dos últimos 12 meses veio abaixo de 10,0% (7,3% para ser mais exato). Em nossa visão, essa tendência de arrefecimento da inflação de “Alimentos e Bebidas” veio para ficar, dado o aumento de previsões da safra brasileira e manutenção dos preços de commodities agrícolas no mercado internacional.

    Após um longo período de inflação alimentar impulsionando o crescimento do top line das companhias de supermercados, acreditamos que dinâmica de vendas do Carrefour no 1º trimestre será impactada por uma desaceleração dos preços, sem recomposição imediata de volume na cesta média do consumidor, o que implica em um menor nível de Like-for-Like (LfL).

    Com 65 lojas a serem convertidas em 2023, acreditamos que a rentabilidade do trimestre do Carrefour ainda seja impactado negativamente pela incorporação do Grupo BIG, dado a penalização de margem trazido pelas lojas legados e conversões em andamento.

    Considerando esses impactos, somados a um resultado financeiro ainda pressionado por uma taxa de juros de 13,75%, esperamos que o Carrefour reporte um prejuízo neste 1T23. Detalhamos nossas expectativas em relação ao resultado do 1T23 da companhia abaixo.

    Dada a pressão de rentabilidade trazida pelo Grupo BIG no curto prazo (a maior parte das sinergias operacionais só devem ser vistas após 2º semestre) e considerando o cenário de desinflação alimentar, que deve trazer um impacto no Same Store Sales do grupo neste ano, estamos cortando o preço-alvo do Carrefour para R$ 17,50 (anteriormente em R$ 23,00), o que implica em um upside de 46,0% em relação ao preço de fechamento dessa terça-feira (11). Mantemos a recomendação de COMPRA, com as ações negociando a um 11,5 P/E 2023E.

    Cash-and-Carry

    Considerando o cenário de desinflação alimentar, ainda sem recomposição de itens na cesta, esperamos que a maior contribuição positiva para o crescimento das vendas do Atacadão venha das 58 aberturas realizadas nos últimos meses – 20 lojas orgânicas e 38 convertidas em 2022. Assim, esperamos ver um impacto no indicador Like-for-Like dessa bandeira, saindo de um patamar de duplo dígito nos últimos trimestres para um patamar de 8,0% a/a no 1T23.

    Para o Atacadão, estimamos 17 novas aberturas no trimestre, sendo a maioria delas conversões. Analisando o “Cash-and-Carry” de forma consolidada (inc. Grupo BIG), esperamos um faturamento bruto de R$ 18,2b (+20,7% a/a; -12,4% t/t) e uma receita líquida de R$ 16,5b (+20,5% a/a; -11,5% t/t).

    Em relação às margens, considerando a operação legado (exc. Grupo BIG), esperamos ver números similares aos patamares históricos da operação de “Cash & Carry” do Grupo, mas ainda com uma leve pressão na comparação anual.

    Considerando a operação consolidada (inc. Grupo BIG), ainda devemos observar uma pressão das despesas da incorporação do Grupo BIG na margem EBITDA do formato. Estimamos uma margem bruta de 14,8% (-70 bps a/a) e uma margem EBITDA aj. de 5,3% (-156 bps a/a).

    Varejo

    Quanto ao segmento de Varejo, esperamos um faturamento bruto (inc. Gasolina e inc. Operações BIG) de R$ 7,5b (+32,2% a/a; -16,9% t/t). Considerando o impacto da desaceleração do nível de preços para este segmento, a nossa expectativa é que as aberturas dos últimos meses (20 conversões em 2022) sejam o principal driver para o crescimento das vendas deste 1T23. Esperamos ver um indicador LfL de 8,5% a/a, revertendo o patamar de duplo dígito reportado desde o 2T22. Estimamos uma receita líquida de R$ 6,8b (+32,2% a/a; -15,4% t/t).

    A performance deste formato deve continuar sendo impulsionada por um desempenho positivo do segmento não alimentar, impulsionado por dois principais fatores:

    (I) Participação reduzida da Americanas, grande concorrente nessa categoria;

    (II) Base comparativa mais fraca.

    Acreditamos que este segmento deve continuar a mostrar sinais de recuperação, porém, com um crescimento mais suavizado na comparação sequencial (base de comparação começa a ficar mais forte).

    Em relação às margens, devemos observar uma margem bruta impactada positivamente na comparação anual por dois fatores:

    (I) Incorporações no lucro bruto do segmento do fee referente a parceria do BIG com o Itaú no Hipercard;

    (II) Base comparativa menor, considerando que existiam mais lojas fechadas no 1T22.

    Assim, estimamos uma margem bruta (inc. Grupo BIG) em 25,4% (+280bps a/a). Vale ressaltar que o impacto referente ao fator (I) tende a diminuir futuramente a medida em que a carteira do BIG migra para o segmento de Banco do Grupo, passando a impactar as margens desse formato e deixando de impulsionar a margem bruta de Varejo.

    Já em relação à margem EBITDA, esperamos observar um número ainda pressionado em comparação ao 1T22 pela incorporação das despesas do BIG. Estimamos uma margem operacional de 2,4% (-199 bps a/a; -205bps t/t), também com pressão sequencial, devido a uma menor diluição do impacto dessas despesas em relação ao último trimestre, dado o efeito negativo da sazonalidade nas vendas do 1º trimestre, em comparação com o 4º trimestre.

    Sam’s Club

    O 1T23 marca o terceiro trimestre da operação do Carrefour no formato de clube, através do Sam’s Club.

    Para este formato, esperamos um faturamento bruto de R$ 1,46b (-12,7% t/t) e uma receita líquida de R$ 1,26b (-12,7% t/t), com desaceleração das vendas sequenciais devido à base comparativa mais forte pela sazonalidade positiva de vendas do 4T22.

    Esperamos ver uma estabilidade nas margens do Sam’s Club. Estimamos uma margem bruta de 26,5% (+30 bps t/t) e uma margem EBITDA de 7,7% (+0,8 bps t/t).

    Banco Carrefour

    Esperamos que o segmento de serviços financeiros do Grupo seja impactado pela sazonalidade negativa em termos de inadimplência do 1º trimestre. Desse modo, estimamos um leve aumento no over 90 (carteira inadimplente a mais de 90 dias), chegando a 31% vs. 30% no 4T22.

    Em termos de provisão, esperamos ver um aumento na carga de risco devido a dois principais fatores:

    (I) A sazonalidade negativa em termos de inadimplência do 1T;

    (II) A migração da carteira do Hipercard, aumentando o nível de originações e, consequentemente, o montante provisionado no momento de geração do crédito.

    Desse modo, estimamos um nível de provisionamento em –R$ 792m, chegando a 57,1% da receita de intermediação financeira (+259bps a/a; +1140bps t/t).

    Em relação às despesas SG&A, esperamos ver uma aceleração dessa linha impactando o EBITDA do formato. A maior pressão sobre as despesas deve vir de duas dinâmicas:

    (I) Um maior esforço nas lojas para captura de clientes, com aumento de staff de vendas para oferta de cartões;

    (II) Maior nível de provisão sem compensação imediata de aumento de receita, considerando que a provisão é feita no momento da originação e a receita advinda da operação só será gerada alguns meses para frente.

    Assim, estimamos que as despesas operacionais cheguem a totalizar 36,3% da receita (+750bps a/a; +1354bps t/t).

    Considerando esses dois fortes movimentos, esperamos ver uma queda considerável no EBITDA, estimado em R$ 90m (-45,0% a/a; -79,1% t/t), levando a uma margem operacional de 6,5% (-1009bps a/a; -2499bps t/t).

    Grupo consolidado

    Consolidando os números, estimamos um crescimento de 30,9% a/a da receita líquida do Grupo, atingindo R$ 25,9b. Esperamos uma margem bruta consolidada com leve recuperação na comparação anual, estimada em 19,6% (+84bps a/a).

    Ainda devemos observar neste trimestre um relevante impacto de maiores despesas relativas à incorporação do Grupo BIG, de modo que estimamos uma margem EBITDA pressionada, em 4,8% (-148 bps a/a).

    Considerando o cenário macroeconômico de juros elevados, com uma Selic a 13,75%, ainda devemos observar um impacto negativo de maiores níveis de despesas financeiras pressionando a última linha do Grupo. Estimamos um resultado financeiro líquido de -R$ 737m (+123,2% a/a), em linha com o reportado no último trimestre.

    Acreditamos que o crescimento do top line não seja capaz de compensar um maior nível de despesas operacionais e a forte pressão do resultado financeiro, de modo que estimamos que o Carrefour reporte um prejuízo líquido de -R$ 28m (-106,9% a/a) no 1T23, implicando em uma margem líquida de -0,1% (-215 bps a/a).

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