A Cury tem apresentado resultados bastante sólidos trimestre após trimestre, e o quarto trimestre não poderia ser diferente. Na contramão do mercado, a companhia buscou lançar a maior parte dos seus projetos até o terceiro trimestre, evitando assim eleições e copa do mundo, os dois eventos que justificaram parte da queda na VSO das outras incorporadoras. Assim, a Cury foi capaz de apresentar uma VSO de 41% no trimestre (+0,7p.p. t/t e +3,0p.p. a/a), com contrapartida de uma receita menor no trimestre (R$ 580,5m, -7,4% t/t e +18,2% a/a). Este ano, a ideia é seguir o mesmo padrão e concentrar os lançamentos nos primeiros trimestres, o que já pode ser visto com os 6 lançamentos já realizados no 1T23.
A margem bruta de 38,2% (+0,9p.p. t/t e +0,2p.p. a/a) surpreendeu positivamente, sendo a mais alta apresentada entre as construtoras que já reportaram. Tudo isso sem comprometimento de VSO, geração de caixa, saúde da carteira e sem aumento de uso do balanço da companhia para financiamento (demonstrando o ótimo relacionamento com a Caixa). A geração de caixa de R$ 136m permitiu um aumento da posição de caixa líquido da Cury para R$ 308m (8,3% do valor de mercado).
No mais, as despesas apresentaram queda, de forma que as despesas comerciais (R$ 55m) seguiram a performance de vendas. Enquanto as despesas administrativas (R$ 30m) caíram fortemente t/t, principalmente pela forte base comparativa do 3T22. De forma geral, ao se considerar apenas despesas comerciais e administrativas (excluindo outras despesas), percebemos a tendência de crescimento em linha com o crescimento da própria companhia. Já o lucro (R$ 92m) veio em linha com as nossas expectativas, em vista de um resultado financeiro mais fraco que esperávamos compensando em parte a margem bruta mais forte.
Em suma, avaliamos o resultado de forma muito positiva, marcando o fechamento de mais um ano excepcional para a Cury. Entendemos que as suas ações continuam muito atrativas, ainda sendo negociadas a um múltiplo P/E 2023E de 6,6x e oferecendo um dividend yield de 7% para 2023, acima da média do mercado e com possibilidade de algum pagamento extraordinário devido ao recebimento da parcela final de R$ 45m (1,2% do valor de mercado) de um terreno vendido em 2021.