No trimestre passado o mercado foi negativamente surpreendido pelo resultado de Hapvida, a primeira divulgação depois da fusão entre Hapvida e GNDI teve apenas 2 meses do trimestre consolidada. Isso complica os comparativos anuais e trimestrais até o começo do ano que vem, o que compromete a capacidade de análise do resultado do trimestre. Mas não foi só isso que pautou a queda nas ações da companhia após o resultado.
Os números de sinistralidade e de crescimento orgânico decepcionaram o mercado, o que levou a questionamentos sobre a sustentabilidade do crescimento proposto pela Hapvida. Para o 2T22 os dados de beneficiários divulgados pela ANS mostram crescimento acelerado do número de clientes: +164k vidas em assistência médica e +269k vidas em assistência odontológica para a companhia combinada. Ainda assim, os números de sinistralidade não devem arrefecer no 2T22 pois: (i) existe sazonalidade no 2T devido à maior incidência de doenças respiratórias e procedimentos eletivos, (ii) pressão de reajuste nos preços de medicamentos, válida a partir de 1o de abril, (iii) a variação do custo-médico-hospitalar, ainda a níveis elevados, que implica em aumento da sinistralidade.
Com essa dinâmica, não estamos muito otimistas com o trimestre para Hapvida. Mesmo com um aumento nas receitas, puxadas pela expansão da base de beneficiários, os custos, as depesas e o resultado financeiro continuam prejudicando a rentabilidade, o que ainda nos deixa apreensivos com o ano de 2022 para a companhia. Assim, reiteramos nossa recomendação de MANTER com revisão do preço-alvo (PA) para R$ 9,00 (vs R$ 8,00) para os próximos 12 meses, em vista de uma melhora no risco Brasil e maior expectativa de crescimento (ainda baixa).
Receita: GNDI puxa adições líquidas
Embora o trimestre no geral demonstre um crescimento da base de beneficiários tanto em assistência médica quanto odontológica, a Intermédica é o principal vetor da expansão. Apresentando adições líquidas em todas as suas linhas de negócios, o destaque para GNDI é o corporativo médico e odontológico. Vale ressaltar também o crescimento da base de planos individuais de assistência médica que agora GNDI passa a ofertar, movimento fruto da fusão.
Por outro lado, Hapvida apresenta adições líquidas negativas em planos corporativos e de adesão em assistência médica e adesão em assistência odontológica. No agregado, as adições podem representar uma retomada do crescimento orgânico da companhia, mas a mudança de mix em GNDI (com expansão de planos de saúde individuais) e política de preços mais agressiva deve provocar uma queda no ticket médio. Assim, mesmo com a expansão da base o efeito total não será capturado, uma vez que os novos beneficiários devem contribuir menos com a receita.
Custos e despesas: ainda pressionados
As sinergias de despesa e custos que esperamos com a fusão ainda não devem ter muito efeito no 2T22, com o trimestre continuando pressionado pelos custos médico-hospitalares e pelas despesas administrativas. Como supracitado, a sazonalidade do segundo trimestre pode gerar maior sinistralidade o que, somado a dinâmica de custos médico-hospitalares, custos de medicamentos inflada e maior adições de GNDI (que apresenta maior sinistralidade) vs Hapvida standalone, deve gerar uma maior sinistralidade-caixa no trimestre (73,4% 2T22 vs. 72,9% 1T22).