Em Fev/23 foram adicionados 170k novos beneficiários de assistência odontológica e 26k novos beneficiários em assistência médica crescendo +0,55% e +0,05%, respectivamente. Em assistência médica, as modalidades individual e adesão tiveram adições líquidas negativas, sendo compensadas pelo crescimento dos planos coletivos empresarial. Os planos de assistência médica individuais perderam -17k beneficiários em fevereiro, enquanto a rede de planos de assistência médica por adesão perdeu -13k vidas. Em odontologia, temos mais um mês forte, e dada a menor penetração na população geral, acreditamos que essa tendência de crescimento do mercado odontológico continuará. Os planos corporativos pautam o crescimento, representando ~87% das adições líquidas em odontologia. Continuamos cautelosos com o crescimento do mercado de planos de saúde no Brasil para 2023, os sinais de desaceleração da economia e do mercado de trabalho estão cada vez mais claros, e impactam diretamente a contratação de planos de saúde.
Para janeiro, destacamos, positivamente, o desempenho de Sul América, com 29k adições líquidas em assistência médica e Metlife em assistência odontológica, com 42k adições líquidas. Vamos destacar negativamente o desempenho de Amil e Bradesco Saúde, que tiveram -37k e -25k adições líquidas em assistência médica em fevereiro.
Desde o final de Dez/22 a taxa de desemprego tem crescido lentamente, fechando o ano passado em 7,9% e alcançando 8,6% no fim do 1T23. Após o fim da pandemia o mercado de trabalho esteve aquecido, e os efeitos disso no crescimento do mercado de assistência médica e odontológica foram observados ao longo do últimos 12 meses, nos quais os planos corporativos cresceram 3,97% e 7,23%, respectivamente. Mesmo assim, como já elencamos em prontuários passados, nossa preocupação com esse vetor de crescimento sempre foi grande. Ressaltamos, novamente, que o risco de uma recessão global e a incerteza em relação a política fiscal para 2023 devem ser levados em consideração no curto prazo, dada a forte correlação do mercado de trabalho com adições de novos beneficiários no mercado de planos privados de saúde.
Analisando a distribuição dos diferentes tipos de planos de assistência médica e odontológica em dez/14 vs. fev/23, observamos uma expansão dos planos médicos corporativos, pois esse tipo de plano apresenta maior resiliência a diferentes cenários macro do que os outros dois tipos. Em odontologia, a dinâmica é diferente, os planos por adesão estão ganhando espaço enquanto os planos corporativos e individuais estão perdendo. Acreditamos que, embora algumas empresas possam oferecer planos médicos a seus funcionários, nem todas oferecem planos de assistência odontológica também. Isso leva mais beneficiários para outros tipos de planos odontológicos, como os planos por adesão. Por fim, vemos uma queda total dos planos individuais, em geral esses planos não são tão rentáveis para as operadoras, então sua oferta está diminuindo. Apenas Hapvida e GNDI, operadoras verticalizadas (que possuem rede própria de hospitais e clínicas), ainda vendem esse tipo de plano tanto para assistência médica quanto odontológica e estão crescendo sua participação nesse segmento.
Sobre as operadoras, a dominância da Unimed é clara, com o maior número de beneficiários e maior participação de mercado em todos os tipos de planos médicos. Hapv e GNDI estão consolidadas em segundo em número de beneficiários, dado que a estratégia de M&A dos últimos anos resultou em crescimento de beneficiários. Destacamos também o tamanho de Odontoprev no segmento odontológico sendo dominante nos últimos 8 anos, mas perdendo market share em relação ao seu histórico, uma vez que operadoras como Hapvida, GNDI e SULA estão expandindo seus negócios em assistência odontológica.
Análise de Market Share
Abaixo apresentamos a variação de market share de 14 empresas que representam cerca de 80% do total do mercado (incluindo todas as Unimeds e Uniodontos) na maioria dos segmentos. Vale ressaltar que a análise não captura efeitos de fusões e aquisições pois não consideramos as datas de fechamento dessas operações.
De modo geral, o mercado de saúde se tornou muito mais consolidado nos últimos anos com maior disponibilidade de capital para empresas listadas. Acreditamos que M&As no setor desacelerarão após a fusão Hapvida + GNDI, com efeitos do aumento do custo de capital e do endividamento das empresas.
Nos últimos meses a Unimed tem ganhado mercado mais rapidamente que as grandes companhias do setor como Hapvida, GNDI, Sul América e Bradesco Saúde. As Unimeds tem capturado cada vez mais beneficiários pelo tipo de contratação de planos coletivos empresariais. Essa tendência pode continuar em 2023, com expectativas de as gigantes do setor mudarem seu foco para crescimento de margens vs. a abordagem de crescer a carteira de vidas adotada desde o fim da pandemia.
Destacamos o crescimento de market share da Sul América em fevereiro, apresentando capacidade de crescimento mesmo enquanto outras companhias mantiveram sua participação de mercado estável ou decaindo. O principal ganho para a seguradora foi nos planos coletivos empresariais em assistência médica. Nesse mesmo tipo de contratação (empresarial), destacamos o desempenho negativo de Bradesco Saúde, reduzindo sua participação no mercado no mês em 7bps e Amil, reduzindo sua participação em 9bps.