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    Publicado em 09 de Março às 07:55:24

    IRB Brasil (IRBR3) | Resultado 4T22: Gerou caixa! Fim da calamidade e começo da regeneração?

    Após muito tempo o IRB conseguiu reportar uma geração de caixa, deixando o forte consumo dos últimos trimestres e que deixavam dúvidas sobre uma possível nova emissão de ações. Apesar disso, a companhia reportou um prejuízo de R$ 38,7m no trimestre, acumulando um resultado negativo de R$ 631m em 2022 vs um prejuízo de R$ 683m em 2021. O resultado do 4T veio em linha com nossas estimativas, sendo esperado um prejuízo de R$ 43m. O trimestre foi marcado pelo resultado negativo de subscrição (R$ 152,8m), mas que foi compensado pelo resultado financeiro positivo de R$ 153m que contempla um ganho patrimonial de R$ 53m da venda de uma participação no Casa Shopping. Expurgando esse ganho, o prejuízo do IRB seria de R$ 71m. 

    Ao longo de 2022, o IRB foi fortemente impactado pela sinistralidade do rural e pessoas. A primeira geração de caixa nesse trimestre depois de muito tempo pode finalmente significar um ponto de inflexão no caminho de um restabelecimento da lucratividade. Com o ROE ainda negativo em 2022, a geração de caixa pode ser um passo importante de uma saída de sucessivos anos com prejuízos para o um lucro em 2023, mesmo que pequeno. Além da melhora na subscrição de risco com menores índices de sinistralidade, os níveis de juros mais altos devem ajudar o resultado financeiro da empresa.   

    A indústria de resseguros cresceu 22% em 2022, enquanto o IRB seguiu encolhendo com prêmios emitidos cedendo 10% a/a, resultado da profunda reestruturação que segue desde 2020.  

    Caixa Operacional: O destaque  

    Após um longo período de queima de caixa, o IRB conseguiu reverter a situação e reportou uma geração de caixa de R$ 220m no 4T22, devido ao menor volume de pagamento de sinistros e menor retrocessão. 

    Caso a empresa consiga manter esse bom resultado para os próximos trimestres, o mercado pode olhar as ações da companhia com um tom mais otimista, já que reduziria a necessidade de novos aumentos de capital. 

    Prêmios: Melhora na retenção  

    No 4T22, os prêmios emitidos atingiram o total de R$ 1,8b (-13% a/a). O Brasil representou grande parte do total com R$ 1,2b, apresentando redução de -0,5% a/a devido a descontinuidade de alguns negócios no segmento Vida, mas que foi compensando pelo Rural. Já a exposição no exterior teve queda de -32,8% a/a devido a estratégia de re-underwriting. 

    Em relação aos prêmios ganhos, o IRB apresentou um total de R$ 1,4b no 4T22 (+36% a/a) devido ao menor volume de prêmio retrocedido e maior reversão de provisões técnicas. 

    No consolidado do ano, os prêmios emitidos apresentaram uma queda de -10% a/a, totalizando R$ 7,9b devido a menor exposição no exterior. Já os prêmios ganhos atingiram o total de R$ 5,1b (-13,6% a/a) por conta das variações das provisões técnicas e redução nos prêmios emitidos.

    Sinistralidade: Boa melhora, mas ainda pior que o ideal  

    O índice de sinistralidade no 4T22 ficou um pouco pior que o esperado em 93,8%, mas com uma melhora expressiva de -23,7% pp t/t e -29,7 pp a/a. Os sinistros totalizaram cerca de R$ 1,3b (-4,0% t/t e +3,3% a/a), dos quais R$ 482m vieram de patrimonial, seguidos de R$ 373m de sinistros rurais. A sinistralidade foi impactada por (i) contratos de agro domésticos cometidas por catástrofes climáticas adversas; (ii) em vida, sinistros de contratos descontinuados; e (iii) em aviação, sinistro avisado no exterior e ressarcimento de uma cedente no Brasil.  

    Quanto a composição do sinistro retido de R$ 1,3b, R$ 974m vieram de PSL (Provisão de Sinistros a Liquidar) e R$ 357m de IBNR (Provisão de Sinistros Ocorridos e Não Avisados), sem reversão de IBNR nesse trimestre.   

    Apesar da melhora de sinistralidades, o índice continua bem aquém do ideal de 60-70%. Acreditamos que a sinistralidade deva continuar melhorando ao longo de 2023, mas pensamos que seria mais cauteloso aguardar ainda os resultados posteriores para identificarmos caso seja uma melhora passageira ou realmente a companhia esteja conseguindo reverter as sinistralidades de forma consistente e robusta.  

    Comissionamento: A melhora relevante é permanente? 

    O índice de comissionamento melhorou 18 pp a/a e 8,5 pp t/t para 17,5%, bem melhor que o histórico. Excluindo-se o efeito do LPT (loss portfolio transfer), o índice de comissionamento seria de 18,3% no 4T22 comparado a 21,7% no 4T21. A melhora foi relevante no trimestre e gostaríamos de saber se a diminuição de custo será ou não permanente.  

    Despesas Gerais e Administrativas: Padrão internacional  

    No consolidado do ano, o IRB reduziu as despesas gerais e administrativas em -15% a/a, totalizando R$ 329,7m em 2022. A forte redução deve-se a queda das despesas com pessoal e despesas judiciais. 

    O Índice de Despesas Administrativas ficou em 6,0% em 2022, abaixo dos seus pares internacionais. No 4T22, o índice subiu para 6,8% por conta da sazonalidade do último trimestre.

    Resultado Operacional: Ainda acima dos 100% 

    O Índice Combinado do IRB ficou em 117,7% no 4T22, ainda acima do ideal que deveria ser abaixo dos 100%, muito ainda puxados pelo índice de sinistralidade que se encontra alto.  

    Resultado Financeiro e Patrimonial: Venda de ativo ajudou 

    O resultado financeiro/patrimonial de R$ 153m no 4T22 melhorou t/t, mas inclui um ganho de R$ 53m da venda de participação no Casa Shopping. A performance da carteira de ativos continua rodando abaixo do CDI. Com uma carteira de ativos financeiros de R$ 9b, a rentabilidade da carteira foi de 2,1%, 64% do CDI.  

    Capital: Melhora gradual  

    O IRB apresentou suficiência do patrimônio líquido ajustado em relação ao capital mínimo requerido no montante de R$ 18m, sendo que a solvência total atingiu 260% no final de 2022, frente a 232% no 4T21. A administração continua avaliando medidas para otimizar a estrutura de capital e elevar esse indicador regulatórios. 

     

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