Conforme nossas expectativas, a JBS reportou resultados com bons números outra vez. A maior empresa de proteínas do mundo viu bons avanços no 1T22 impulsionado principalmente por conta de um cenário persistentemente benéfico no mercado dos EUA. Suas divisões no Brasil seguem pressionadas por custos, porém ainda temos uma perspectiva de melhoria ao longo do ano e para carne bovina no país especificamente já estamos vendo bons avanços. Acreditamos que a ação da companhia ainda sofrerá para valorizar no curto prazo por conta da pressão vendedora do BNDES, que continua vendendo ações da JBS em grandes quantias e portando impedindo qualquer valorização mais robusta. Contudo, esse ciclo chegará ao seu fim e pensamos que uma vez que o BNDES concluir seu processo de desinvestimento, a ação tem bastante espaço para valorizar. Mantemos nossa recomendação de COMPRA para a JBS, com preço-alvo de R$ 50,00.
Analisando os resultados do trimestre, não vimos nada que nos surpreendeu ou que foi fora das expectativas. O cenário nos EUA com forte consumo e ainda boa disponibilidade de gado seguiu impulsionando os resultados no país, impulsionando a unidade de negócio JBS Beef North America para um avanço de 55% de seu EBITDA na comparação com o 1T21. Suas divisões de suínos, frangos e processados (JBS USA Pork e Pilgrim´s Pride Corporation) também tiveram bons avanços tanto em termos de volume de vendas quanto em termos de EBITDA e margem EBITDA em meio a um cenário de custos que vem melhorando para as unidades. Destaque também para a JBS Austrália, que teve um forte avanço de 400% em seu EBITDA, refletindo a gradual melhora no ciclo de gado no país, que vinha sofrendo muito com clima desfavorável (queimadas, calor etc) e baixa disponibilidade de animais.
No Brasil, A unidade de negócio Seara teve um bom avanço de 21% de receita, porém sua margem EBITDA foi reduzida significativamente em -5,4 p.p., por conta do cenário desafiador para a unidade, com alta inflação de alimentos (o que afeta seus custos diretamente) e cenário de consumo mais fraco no Brasil. O aumento de vendas veio muito por conta de preços mais baixos e promoções aos consumidores, porém isso claramente veio a custo de margens piores. Para a JBS Brasil (divisão de carne bovina), vimos avanços em todas as principais linhas, mostrando que já estamos vendo uma recuperação para o segmento, ainda que esperamos que seja mais robusta durante o 2S22. No consolidado, assim como já mencionamos, julgamos que os números foram bastante positivos. Vimos o EBITDA avançar 47% a/a no 1T22, superando o patamar dos R$ 10 bi e em linha com a nossa estimativa. Já a margem EBITDA foi de 11,1%, um pouco abaixo do que esperávamos, porém ainda refletiu um aumento de 2,0 p.p. em relação ao 1T21. Estávamos otimistas com o lucro da JBS e mesmo assim o frigorífico atingiu patamar 7% acima da nossa projeção, reportando R$ 5,1 bi e representando um avanço de 151% a/a.