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    Publicado em 08 de Agosto às 19:49:56

    Localiza (RENT3) | Prévia 2T24: É hora de corrigir

    No dia 12 de agosto, após o fechamento do mercado a Localiza divulgará seus resultados referentes ao 2T24. Esperamos um resultado negativo, principalmente impactado por um ajuste na depreciação (necessário nas nossas contas) e pelos desastres no Rio Grande do Sul, que podem resultar em um prejuízo líquido no trimestre. Apesar dos eventos não recorrentes negativos, prevemos um crescimento de receita em comparação com o 1T24 e o 2T23, impulsionado pelo aumento das tarifas no RAC e pelo maior volume de vendas de seminovos.

    Além da correção na depreciação, esperamos um trimestre de alto volume de compra e venda de ativos devido à necessidade de acelerar o processo de transição do mix de frota. Observamos que a Localiza estava excessivamente exposta a um mix de carros que depreciou significativamente nos últimos 12 meses. A empresa deve aproveitar o trimestre para intensificar a conversão da sua frota para carros mais básicos. No segmento de locação, esperamos uma receita líquida praticamente estável, com margem EBITDA em leve compressão devido a custos adicionais de preparação de veículos, resultando desse alto volume de compra e venda.

    Projetamos uma receita líquida de R$ 9,2 bilhões para o 2T24 (+33,7% a/a e +5,4% t/t), com EBITDA de R$ 2,85 bilhões (+21,5% a/a e -2,4% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 31,1% (-3,1pp a/a e -2,5pp t/t). Esperamos que a Localiza reporte um prejuízo líquido de R$ 119 milhões no 2T24, comparado a um prejuízo de R$ 89 milhões no 2T23 (+34,1% a/a) e um lucro de R$ 734 milhões no 1T24, refletindo os impactos negativos citados. Desconsiderando os eventos não recorrentes, esperamos um lucro líquido ajustado de R$ 681 milhões.

    Seguimos com recomendação de MANTER, com preço-alvo de R$ 60,00.

    Um trimestre de ajustes

    Acreditamos que a companhia pode sofrer mais com a recente escalada de depreciação devido à sua maior exposição aos veículos premium. Nossa análise indica que atualmente o mix da frota está em cerca de 48% concentrado em carros hatch e 26% em SUVs. Em comparação, a Movida divulgou que tinha um mix de 55% de hatch e apenas 16% de SUVs no 2T24, mostrando uma menor exposição à desvalorização dos SUVs, impactada também pela entrada de carros chineses no mercado.

    Entendemos que existe o risco de a Localiza aproveitar o reconhecimento das perdas dos desastres do Rio Grande do Sul para realizar um ajuste na depreciação da sua frota no RAC. Somando os dois impactos, Rio Grande do Sul (R$ 300 milhões) e ajuste do valor da frota (R$ 500 milhões), poderíamos observar um evento não recorrente suficientemente grande para gerar um prejuízo no 2T24.

    No 1T24, apresentou uma depreciação média anualizada de R$6 mil por carro no RAC e de R$ 6,6 mil no GTF. Nas nossas contas, esse ajuste deveria ser de pelo menos 1%, que é a diferença entre a depreciação média por carro anualizado reportada no 1T24 e a depreciação média anualizada encontrada por nosso modelo, segundo o mix de seminovos. Esse ajuste, sobre uma base de quase R$ 50 bilhões de ativos resultaria em um impacto negativo de aproximadamente R$500 milhões, necessário para refletir a desvalorização acelerada dos carros de ticket médio mais altos e limpar a depreciação mais pesada do balanço. No 2T23, a empresa havia reconhecido, após a MP dos populares, um impairment de R$ 575 milhões (cerca de 1,3% do valor da frota), que não nos pareceu suficiente.

    Projetamos uma receita líquida de R$ 9,2 bilhões para o 2T24, representando um crescimento de 33,7% a/a e 5,4% t/t. O EBITDA estimado é de R$ 2,9 bilhões, um aumento de 21,5% a/a, mas uma queda de 2,4% t/t, resultando em uma margem EBITDA de 31,1%, uma redução de 3,1pp a/a e 2,5pp t/t. Esperamos que a Localiza reporte um prejuízo líquido de R$ 119 milhões no 2T24, refletindo os impactos negativos significativos dos desastres no Rio Grande do Sul e os ajustes na depreciação. Em termos operacionais, esperamos uma redução líquida da frota de 3,4 mil veículos, totalizando 67,4 mil compras (+18,1% a/a e +94,4% t/t) e um volume de carros vendidos de 70,8 mil (+34,4% a/a e +9,0% t/t). O preço médio de compra deve ser de R$ 94,5 mil (+2,4% a/a e -0,4% t/t). O preço médio de venda deve ser de R$ 68,8 mil (-2,7% a/a e +2,9% t/t).

    RAC: Positivo apesar da sazonalidade

    Esperamos que a frota no RAC permaneça praticamente estável, com a Localiza realizando um forte giro de frota, comprando e vendendo um volume significativo de carros. O principal destaque no RAC é o aumento sequencial da tarifa diária média, que deve subir cerca de 12% no ano contra ano, em linha com a alta reportada no IPCA de locação de veículos. No entanto, acreditamos que será necessário um ajuste da depreciação devido ao mix de veículos em sua frota, o que pode elevar o valor anualizado por carro para acima de R$9.000. Projetamos uma queda no EBITDA, devido a custos de manutenção e preparação de veículos e uma menor taxa de ocupação.

    Esperamos que a divisão RAC apresente uma receita líquida de R$ 2,3 bilhões no 2T24 (+19,3% a/a e -0,9% t/t), com EBITDA de R$ 1,4 bilhão (+11,9% a/a e -5,2% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 60,5% (-4,0pp a/a e -2,8pp t/t). A diária média está estimada em R$ 133,6 (+12,0% a/a e +1,0% t/t), enquanto a depreciação média por carro anualizada deve ser de R$ 9.877 (+50,1% a/a e +64,0% t/t).

    GTF: prioridade na alocação de capital e repassando preço

    No GTF, a frota também deve permanecer estável, com volume de compras e vendas forte. Esperamos um crescimento marginal de 1,8% na receita líquida em relação ao 1T24 e 25% em relação ao 2T23. O EBITDA deve ser semelhante ao trimestre anterior, com uma leve queda na margem EBITDA devido ao maior volume de carros em preparação.

    Para a divisão de Gestão de Frotas (GTF), projetamos uma receita líquida de R$ 2,0 bilhões no 2T24 (+25,5% a/a e +1,8% t/t), com EBITDA de R$ 1,36 bilhão (+22,0% a/a e -0,5% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 67,6% (-1,9pp a/a e -1,6pp t/t). A diária média esperada é de R$ 91,4 (+12,0% a/a e +0,7% t/t), enquanto a depreciação média por carro anualizada deve ser de R$ 6.847 (+21,0% a/a e +4,3% t/t).

    Seminovos: forte volume de vendas

    Na divisão de seminovos, esperamos um aumento substancial no volume de carros vendidos, ultrapassando 70 mil unidades no trimestre, com um preço médio de venda próximo a R$67 mil. Devido à necessidade de girar rapidamente a frota, projetamos uma margem bruta menor para o trimestre, que deve ficar em torno de 6,4%, impactando a rentabilidade da divisão.

    Dessa forma, esperamos uma receita líquida de R$ 4,8 bilhões no 2T24 (+46,4% a/a e +10,8% t/t), com EBITDA de R$ 76 milhões (n.m. a/a e -9,3% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 1,6%. O volume de carros vendidos está estimado em 70,8 mil (+34,4% a/a e +9,0% t/t), com um preço médio de venda de R$ 67,9 mil (+17,3% a/a e +7,2% t/t) e uma a margem bruta de 6,4% (+1,6pp a/a e -0,7pp t/t).

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