Hoje pela manhã, a Americanas divulgou que estuda combinar suas 3 bases acionárias (LAME3, LAME4 e AMER3) no Novo Mercado, antes de listar a empresa nas bolsas americanas. A companhia já havia anunciado sua intenção de abrir o capital no mercado americano, entretanto, a possibilidade de listarem a operação combinada no Novo Mercado da B3 antes da etapa de listagem internacional, eliminando assim a holding de controle, levaram as ações da LAME3 e LAME4 a dispararem mais de 20% no dia.
Apesar de existirem muitas incertezas na transação, até porque o processo depende ainda da viabilidade jurídica e a manifestação dos acionistas, enxergamos a notícia como muito positiva para os acionistas da LAME3/LAME4. Após a reorganização societária, a Americanas incorporou todo o operacional da Lojas Americanas, que foi convertida em uma holding. Com isso, o mercado aplicou um desconto de holding para a empresa, que costuma ficar na casa dos 20%. Portanto, com a combinação de negócios, esse desconto aplicado deve desaparecer, destravando muito valor para a companhia. Após o anúncio, as ações da LAME3 e LAME4 encerraram o pregão com fortes ganhos de 27,62% e 20,72% enquanto a AMER3 capturou o bom momento, valorizando 4,33%.
Cisão Parcial das Lojas Americanas S.A.
Quando foi anunciado que a Americanas iria realizar uma reorganização operacional e societária, o mercado esperava que as operações físicas (LAME3/LAME4) e digitais (BTOW3) fossem combinadas em uma só. Entretanto, com o novo modelo operacional anunciado em abril, a Lojas Americanas foi mantida separada da nova Americanas, gerando incertezas e desconfianças por parte dos acionistas. Com o novo modelo de negócio, criou-se um novo ativo (AMER3) que juntou as operações físicas e digitais, porém mantendo a LAME como uma holding não operacional que possuía como único ativo 38,94% da nova Americanas, se tornando um mecanismo para que os controladores pudessem manter o controle, com metade mais 1 voto do capital votante.
Desde quando iniciou as operações da AMER3, observamos essa falta de confiança pelos investidores que, atrelado a um cenário macroeconômico desfavorável, resultaram em seu pior momento uma queda de aproximadamente 50% de suas ações.
O que esperar para a frente?
As bases acionárias da Americanas serão combinadas e listadas no Novo Mercado, anterior à Listagem Internacional. No entanto, a efetiva combinação ainda não ocorreu e está sujeita à viabilidade jurídica e à manifestação dos acionistas.
Ainda há muitas incertezas das condições dessa combinação de negócios, já que não sabemos como os acionistas controladores serão afetados, podendo levá-los a perder o controle e ficar com uma participação na casa dos 30%. No entanto, uma grande incerteza pairava no mercado em relação ao que esperar dessa nova empresa e somado com o cenário macroeconômico hostil para o varejo, levaram as ações da Lojas Americanas a despencarem. A combinação da base acionária de ambas as companhias no Novo Mercado aumenta a confiabilidade e credibilidade do mercado, porque há uma série de métricas a serem seguidas que melhoram a transparência e a clareza das informações.
A listagem no Novo Mercado ainda tem uma boa receptividade por investidores estrangeiros, e para quem busca fazer uma listagem fora bem-sucedida, pode se tornar uma das cerejas do bolo.