Conclusão
Temos uma visão positiva para a Minerva esse ano – seguimos com nossa recomendação de COMPRA para a empresa, com preço alvo de R$ 13,10. Destacamos nesse relatório 4 pontos sobre o frigorífico que nos chamaram atenção e que acreditamos que trará geração de valor em 2022:
- As recentes atualizações de exportações brasileiras de carne bovina;
- Uma possível migração de sua base acionária para outro país;
- Avanços da empresa no ramo ESG (questões ambientais, sociais e governamentais);
- O começo das operações no mercado australiano.
Os resultados do 4T21 da Minerva ainda devem vir mais negativos, dado o cenário desafiador do final do ano passado. Porém, ao longo desse ano esperamos ver melhoras consideráveis na performance da empresa.
Para uma análise mais detalhada da empresa, acesse aqui nossa iniciação de cobertura do setor de proteinas.
Exportações
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) divulgou os números de exportações de carne bovina de 2021 e, apesar de no final do ano a China, principal cliente do país, ter proibido exportações do Brasil por mais de 3 meses (do dia 4 de setembro até 15 de dezembro), vimos um avanço de 8% no faturamento, atingindo US$ 9,14 bilhões (equivalente a R$ 50 bilhões). Isso porque os preços da carne no mercado global foram muito altos durante o ano, principalmente por conta da oferta mais restrita de gado e a forte demanda mundial por carne.
Para 2022, a expectativa é de alcançar US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões). Os preços devem continuar favoráveis, a China já retirou o embargo e retomou o comércio com o Brasil e o ciclo do gado no Brasil deve começar a melhorar ao longo do ano. A Minerva ganha com isso pois 50% de suas operações são no mercado brasileiro.
O cenário é benéfico para a Minerva, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul e que deve capturar boa parte desse mercado. Além disso, o frigorífico aproveita o câmbio (real desvalorizado frente o dólar) pois sua receita de exportações é dolarizada.
Listagem nos EUA?
O conselho de administração do frigorífico estuda uma possível migração de sua base acionária para outro país (provavelmente a Nasdaq, nos EUA). Ao longo dos últimos anos a companhia deixou de ser essencialmente brasileira, tendo cerca de 50% de sua receita sendo originada em demais países da América do Sul (Paraguai, Uruguai, Argentina, Colômbia e Chile), além de iniciar seu projeto de expansão na Austrália. Uma listagem fora seria um símbolo de reconhecimento por isso, além de atrair e dar acesso a mais investidores. Outro ponto interessante é o impacto nos múltiplos da empresa: hoje temos o múltiplo EV/EBITDA avaliado em 5,3x para 2022 – se a Minerva passar a ser negociada na bolsa americana, a tendência é de uma melhoria no múltiplo (mais de 70% da receita já é dolarizada).
ESG
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) é uma carteira teórica de ações listadas na B3 composta por empresas que são destaque e reconhecidas pelo seu comprometimento com a sustentabilidade empresarial. Para a carteira de 2021/22 e pelo segundo ano consecutivo, a Minerva fará parte da carteira. O frigorífico reforça seu “compromisso com as melhores práticas sociais, ambientais e de governança, tendo a sustentabilidade como um dos principais pilares em seu modelo de gestão”. Isso é algo que deve ser bem visto por investidores e pode atrair maior investimento estrangeiro.
Expansão na Austrália
A Minerva adquiriu os frigoríficos australianos Sharke Lake e Great Eastern Abattoir, ambos especializados em carne bovina. As operações devem iniciar esse ano e a transação por ambas as companhias foi de cerca de US$ 35 milhões (cerca de R$ 195 milhões). Apesar de ser ainda relativamente pequeno, o movimento indica os primeiros passos do frigorífico na Austrália, um ponto logisticamente estratégico por conta da sua proximidade à Ásia e um mercado crescente. A expectativa é de que a Minerva siga buscando oportunidades de expansão em novos mercados, diversificando sua receita tanto em termos de produtos quanto geograficamente.