Assim como nós esperávamos, a Movida reportou resultados operacionais muito fortes. Embora a empresa venha batendo recorde atrás de recorde, os números vieram em linha com as estimativas do mercado. Na nossa visão, os destaques positivos foram o forte desempenho do RAC e a melhora no volume de vendas de seminovos. Do lado negativo, destacamos a queda no lucro frente ao 4T21 e a diminuição do spread entre Custo de Dívida e ROIC em 0,3pp, finalizando o trimestre em+9,9pp.
O mix mais premium refletiu em novos aumentos de tarifa média, 7,5% maior que no 4T21, atingindo os R$127 reais de diária média. O número de carros vendidos foi 22,1% maior que no trimestre anterior e veio acompanhando de um aumento de frota operacional.
A receita líquida atingiu o patamar de R$ 1,97 bilhões, crescimento de 12,9% em relação ao 4T21, cerca de 3,3% abaixo das nossas expectativas e das expectativas do mercado. Mais uma vez o EBITDA foi recorde, atingindo R$ 863 milhões, em linha com os R$ 860 milhões estimados por nós e com os R$ 853 milhões esperado pelo mercado. Na comparação trimestral o crescimento foi de 11,1%, já na comparação anual o crescimento foi de 183,5%. A margem EBITDA se manteve em patamares elevados, 43,9% no 1T22 frente a 44,6% no 4T21.
Assim como imaginávamos, o lucro líquido caiu frente ao trimestre anterior, atingindo o total de R$ 258,1 milhões, redução de 6,7% em linha com os R$ 261 milhões que nós projetávamos. Essa diminuição ocorreu devido ao aumento nos custos com depreciação e nas despesas financeiras. O aumento dos custos com depreciação é explicado pelo maior número de carros comprados nos últimos trimestres, agora depreciados a taxas comparáveis aos períodos pré-pandemia para renovação da frota. O aumento nas despesas financeiras era esperado por conta do aumento nas taxas referencias de juros. Esses efeitos acabaram impactando a margem líquida em -2,8pp.
Operacional
Apesar da dificuldade na oferta de veículos 0km ainda persistir, a empresa conseguiu aumentar sua frota mesmo vendendo mais veículos que no último trimestre. No trimestre, a frota total atingiu 192 mil, com 21 mil carros comprados no 1T22, resultando num aumento de 5 mil carros. A frota da Movida deve crescer mais que a média do setor devido a estratégia de vender carros logo no início da pandemia e retomar as compras antecipadamente.
RAC
A adição de frota foi inferior à vista no trimestre passado, finalizando o ano com 96.572 carros vs 90.671 no 4T21. O grande destaque foi evolução de 7,5% na diária média que atingiu R$ 127. O Yield elevado reflete condições a manutenção da demanda em patamares elevados.
No GTF
A frota diminuiu de 96.303 carros para 95.370, em função da venda de ativos que vindos da CS Frotas, redução de 564 veículos. Como havíamos dito anteriormente, os novos contratos e os ajustes nos incorporados contribuem para a elevação nas margens do segmento. A margem EBITDA de 71,8% foi 1,5pp maior que a de 70,3% reportada no trimestre passado. Esse efeito deve permanecer no médio-longo prazo, já que parte dos contratos incorporados na aquisição, agora estão sendo ajustados à preços mais altos e usufruem do poder de negociação da marca Movida. O Ticket médio mensal se manteve nos patamares do 4T21, R$ 1,6 mil.
Seminovos
Embora vajamos uma melhora no recebimento de carros, ele ainda é um desafio importante para o setor. Mesmo com um volume de compra de carros menor, 21 mil carros no 1T22, cerca de -34,1% a menos que no 4T21, a empresa optou por vender mais carros nesse trimestre. O volume de seminovos vendidos cresceu 22,1% na comparação trimestral. O destaque negativo foi a redução na margem bruta, que caiu -2,2pp frente ao 4T21 e que provavelmente se manterá em patamares inferiores aos vistos em 2021.
Avaliação
Consideramos a estratégia de expansão e renovação de frota contínua como vencedora. Naturalmente, existe um riscos relacionado ao desaquecimento da demanda ao longo do ano devido à piora nos indicadores macroeconômicos, porém mesmo com uma normalização da oferta de carros, não acreditamos que haverá queda nos preços médios dos veículos.
O nível de alavancagem (Div.Líq./EBITDA) de 3,0x ainda é superior a seus parares comparáveis: 2,0x para Localiza e 2,6x para Unidas. Assim como o custo da dívida, refletido em suas últimas captações: CDI + 1,6% para Localiza, CDI + 1,85% para Unidas e CDI + 2,95% para Movida.
Mesmo assim, consideramos o desconto relativo a Localiza e Unidas exagerado. Com o aumento de market-share em 2021 no RAC e no novo patamar da companhia, os gaps operacionais que existiam entre os concorrentes foram fechados.
Reiteramos nossa visão positiva e a recomendação de compra para Movida.

