Conclusão: Enxergamos a nova estratégia comercial da Petrobras como neutra, muito melhor que a política de subsídios de preços que temíamos. Contudo, ainda assim recebemos um novo artifício com referências de formação de preço muito subjetivas e difíceis de serem rastreadas. Acreditamos que no curto prazo, mantidas as condições atuais, não veremos grandes mudanças no preço dos combustíveis e nos resultados da empresa, mas em um cenário de alta do petróleo, caso a empresa não repasse a volatilidade para o cliente final, poderemos observar uma queda na margem e queima de caixa.
Petrobras divulgou hoje nova estratégia comercial para diesel e gasolina.
Segundo comunicado na data de ontem, a Diretoria executiva aprovou uma nova estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina da Petrobras, em substituição ao PPI, política que vinha sendo aplicada desde 2016.
Parafraseando o documento, a nova política irá utilizar referências de mercado como ” (a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e (b) o valor marginal para a Petrobras. O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.”
Ainda no documento a empresa cita que os reajustes serão feitos sem periodicidade definida, com objetivo de absorver as volatilidades dos preços internacionais do petróleo e da taxa de câmbio do dólar.
Para nós, o documento não trás informações concretas de como será essa estratégia comercial. Não há fórmula, metodologia ou se quer uma distinção de qual fator tem mais peso na precificação dos produtos. Se por um lado a nova estratégia ainda leva em consideração os preços internacionais e a flutuação do dólar (sendo positivo para a saúde financeira da companhia), por outro, adiciona referências de preço muito mais subjetiva e difíceis de serem precificadas pelo mercado, abrindo margem para um aumento/redução arbitrário nos preço dos combustíveis, algo potencialmente perigoso para a empresa, haja visto o que aconteceu no passado recente, quando a Petrobras foi utilizada para fins políticos.
Acreditamos que, mantidas as condições macroeconômicas atuais de preços de petróleo e taxa de câmbio, poucas mudanças significativas acontecerão nos preços de combustíveis. Ainda que pequenas reduções aconteçam no segmento de refino, devido a nova política, como grande parte da operação da Petrobras é sustentada pelo E&P, no curto prazo, não devemos observar grandes alterações nos resultados operacionais.
Entretanto, caso o cenário venha a mudar e passarmos por um de aumento de preços no Brent, seja por um novo corte de produção da OPEP, por aumento da demanda global por óleo ou até mesmo por novas complicações da guerra da Ucrânia, acreditamos que a Petrobras não vá repassar essa volatilidade ao mercado nacional, o que significaria perda de margem operacional e queima de caixa.