Por enquanto, mantemos a nossa recomendação de VENDER. Avaliamos os resultados da Petrobras como positivos – que não trás nenhuma surpresa, tendo em vista toda a execução da empresa nos últimos anos. É importante mencionar que esse é o primeiro trimestre reportado com a presença a nova presidência, diretoria e conselho de administração (essa última eleita mesmo depois da rejeição de alguns nomes, que conseguiram ser emplacados) e a ideia de um reporte negativo simplesmente não faria nenhum sentido. Por ser uma estatal, naturalmente, a empresa está inserida dentro de um ciclo político e, em nossa opinião, essa é a grande questão em relação a análise da empresa. Como grande incertezas, citamos: I) a nova política de preços (que ainda não foi oficialmente divulgada), II) Investimentos em novas refinarias (a despeito do passado controverso no desenvolvimento de suas últimas refinarias), III) aumento do uso da empresa como apoio para políticas de conteúdo nacional, o que deve pressionar a linha de investimentos da empresa, IV) rumores/possibilidade de uso da empresa para recompra de ativos previamente vendidos (refinarias, BR Distribuidora/Vibra, Eletrobrás, etc) e outras.
Apesar do operacional estar funcionando muito bem, como já destacamos em outros relatórios, inclusive em nosso mais recente, sobre a taxação da exportação de óleo cru (clique aqui), a companhia esta sujeita a diversos riscos ligados ao seu acionista controlador, motivo esse que nos leva a continuar com nossa recomendação de VENDER, até por enxergarmos outros cases privados que negociam a múltiplos mais interessantes que a PETR4 (PRIO negocia 2x EV/EBITDA 24E vs PETR4 negociando 2,4x 24E).
Apesar dos pesares, via fato relevante, a empresa anunciou o pagamento de dividendos de R$1,89/ação (~R$24,7 bilhões, aproximadamente) como antecipação ao exercício de 2023 e com base no balanço de Mar/23. Achamos a notícia positiva! A empresa tem endividamento sob controle (Encerrou 1T23 com endividamento de US$37,6 bilhões e apenas 0,6x Dívida Líquida/EBITDA 12M, mesmo após a distribuição recorde de 2022) e os preços do brent nesses níveis fazem com que achemos a decisão de distribuição de proventos como algo acertado, em nossa leitura. Ainda em relação ao fato relevante divulgado, citamos: I) o provento anunciado está alinhado com a política de dividendos vigente (60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional menos Investimentos) e II) em literal, da nota divulgada: “CA determinou que a Diretoria Executiva elabore proposta de ajuste do Planejamento Estratégico em curso e aperfeiçoamento da Política de Remuneração aos Acionistas da Petrobrás, incluindo a possibilidade de recompra de ações, e submeta essas matérias para deliberação do CA antes do encerramento do mês de julho de 2023“. Ou seja, se por um lado acreditamos que o anúncio dos dividendos foi muito positiva, por outro, a nota deixou claro que a remuneração de acionistas poderá se estabelecer de outras maneiras que não via distribuição de proventos (como o caso da recompra de ações) além do “ajuste do Planejamento Estratégico“, que por sua vez deve mostrar o novo fluxo de investimentos esperado para os próximos anos pela empresa (maior que os US$78 bilhões anunciados para 23-27E). Ficamos com a impressão que com maiores investimentos esperados e recursos sendo direcionados à recompra de ações, a parcela que poderia ser destinada a proventos de maneira propriamente dita pode minguar. Ou seja, achamos que esse posicionamento pode mais do que compensar a boa notícia relacionado ao pagamento de dividendos referentes as 1T23 ao longo dos próximos pregões.
O dividendo será pago em duas parcelas: 1º parcela no dia 18/agosto e 2º parcela 20/setembro nos valores de R$0,9467/ação ordinária ou prefeencial. A data de corte será até dia 12 de Junho/23.
Detalhamento do Resultado 1T23 para Petrobras
EBITDA ajustado ficou em linha com as nossas estimativas e acima do consenso. A receita totalizou R$139 bilhões no 1T23, -1,8% se comparado 1T22. Os principais motivos para tal resultado foi o ligeiro fortalecimento do R$/US$, alcançando R$5,19 (-1,8% a/a) e queda no preço do brent, que no trimestre ficou US$81,3/barril (vs US$101,4 no 1T22). A produção do trimestre foi de 2,7 Mboed, ligeiramente acima do trimestre passado (+1,1% vs 4T22). Novo destaque para produção do campo do Pré-Sal que foi 3,8% superior ao 4T22 devido a melhoria na produção de novos poços na bacia de Campos e de Santos. Produção referente ao pré-sal alcançou 77% da produção total. No segmento de Refino, Transporte e Comercialização (“RTC”), o volume total foi de 1,6 Mbpd (vs 1,7 Mbpd no 1T22) e uma taxa de utilização do parque de refino de 85% (vs 86% no 4T22). Ligeira queda no volume produzido foi devido a venda da RMAN e paradas técnicas de outras unidades (REVAP, REFAP e RPBC).
O EBITDA consolidado recorrente ficou em R$72,5 bilhões e com uma geração de caixa livre recorrente (fluxo de caixa operacional – Investimentos) de R$41,1 bilhões (Rendimento de 11,6% em relação ao atual valor de mercado da empresa). As despesas operacionais totalizaram R$13,3 bilhões (vs R$18,2 bilhões no 4T22) devido a menores despesas com impairments, menores despesas exploratórias, contingências judiciais e o impacto positivo devido a alienação de ativos (venda de Albacora Leste). Ou seja, Imaginamos que esse patamar de despesas não deve ser recorrente daqui por diante tendo em vista todos os eventos não recorrentes que impactaram positivamente o resultado.
Os investimentos foram de US$2,5 bilhões (vs US$1,8 bilhões no 1T22), sendo 82% desse valor focado no segmento de Exploração & Produção – em linha com o atual plano de negócios da empresa. Vale mencionar que muito possivelmente esse valor deve ser incrementado daqui por diante com maiores valores em termos absolutos e em termos relativos em relação a outros segmentos (refino, principalmente).
Por fim, a dívida Líquida alcançou R$190,9 bilhões (US$37,6 bilhões) no 1T23, fechando o ano com uma Dívida Líquida/EBITDA de 0,58x – número mais do que confortável para suportar as recentes distribuições de dividendos anunciadas recentemente relativo à 2022 e o 1T23. Considerando os dividendos anunciados referentes ao 1T23 (R$1,89/ação), o rendimento de dividendos deverá ser de 7,4% de acordo com a cotação da PETR4 no dia 11/05/2023.
Assim, a empresa conclui o ano o 1T23, com um lucro líquido de R$38,3 bilhões, sendo R$44,7 bilhões no 1T22.