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    Publicado em 29 de Novembro às 22:48:16

    Porto (PSSA3) | Conversa com CFO: Entenda por que vai melhorar

    Semana passada organizamos uma conversa entre investidores e Celso Damadi, CFO da Porto. A conversa foi produtiva e aponta para uma recuperação interessante de rentabilidade no curto e médio prazo.

    O ROE ainda fraco de 11% desse último trimestre já mostra uma recuperação em relação ao anêmico ROE de 3,8% do 2T22. O interessante de uma recomposição rápida de ROE é que o crescimento de lucro geralmente bate as expectativas da maioria dos analistas e investidores, podendo surpreender o mercado.

    4 Motivos para Melhora no 4T22

    No curto prazo, esperamos um 4T22 melhor em relação ao 3T22, mostrando um ROE mais próximo aos patamares do pré-pandemia. Seguem abaixo 4 motivos para melhora de resultados já no 4T22:

    • Melhora no sinistralidade do seguro auto com safras novas e mais rentáveis substituindo as velhas e com baixa rentabilidade e prêmios ganhos acelerando crescimento.
    • No seguro saúde, a sinistralidade deve melhorar por conta da sazonalidade favorável com um adicional de Copa do Mundo postergando procedimentos médico eletivos.
    • No financeiro, estimamos o resultado melhorando t/t após um 3T22 impactado pela deflação do IPCA.
    • Menor necessidade de PDD, com uma estabilidade na inadimplência na unidade de crédito.

    6 Motivos para Melhora no Médio-Longo Prazo

    No médio-longo prazo, continuamos construtivos em relação a melhora sustentável de rentabilidade impulsionadas por uma normalização da sinistralidade, crescimento de várias linhas de negócios, resultado financeiro acima da Selic e melhora no ciclo de inadimplência. No médio-longo prazo, seguem 6 motivos para melhora dos resultados da Porto:

    • Queda da sinistralidade do seguro auto com as reprecificações das novas safras entrando mais fortemente em março de 2022.
    • Queda na sinistralidade do seguro saúde com reprecificações encaixadas a partir de maio.
    • Arrefecimento do aumento da inflação de veículos.
    • Melhor mix da carteira de seguro saúde, com foco em PME (Pequenas e Média Empresas) que são mais rentáveis.
    • Retomada do resultado financeiro com juros mais altos.
    • Recomposição de preço do Carro Fácil aumentando o ROE da unidade.

    Seguro: Novas e boas safras de seguro auto e saúde vão substituir as antigas

    A expectativa é de uma melhora nos índices de sinistralidade de seguros em geral, mas com um destaque para os segmentos de automóveis e saúde, que representam respectivamente 63,8% e 12,7% da carteira de prêmios da empresa.

    Auto: 9 meses “encaixados”

    A visão em relação com o segmento auto é de uma melhora gradual da sinistralidade, que veio carregada no 1T22 e no 2T22 por conta da alta inflação vista nos componentes dos automóveis, causados principalmente por choques de oferta. Destaques são:

    • Precificação: Efeito safra. Com a reprecificação começou em janeiro desse ano, mas com mais força em março. Com isso, o segmento auto se encontra com 9 de 12 meses com safras “encaixadas” com preço certo. A medida que o meses passam, a Porto tira uma safra ruim e coloca uma safra boa, com precificação mais rentável. Sendo assim, a sinistralidade deve se normalizar ao patamar histórico aproximadamente em fevereiro de 2023.
    • Prêmio retido x prêmio ganho: Efeito retardatário. Os prêmios emitidos/retidos (vendas) ainda tem 3 meses de reposição de preço. Com isso, estimamos que a Porto ainda tenha pelo menos mais um trimestre rodando com prêmios emitidos crescendo uns 35-45% a/a. Além disso, como as receitas são reconhecidas com defasagem das vendas, à medida da vigência das apólices, os prêmios ganhos (receita) que hoje crescem 22% a/a, devem acelerar e ultrapassar os prêmios retidos que sobem impressionantes 40% a/a. O gráfico abaixo mostra a defasagem de 2-3 trimestres entre prêmios emitidos (vendas) e prêmios ganhos (receita). Estimamos que o crescimento dos prêmios ganhos ultrapasse o crescimento dos prêmios emitidos no 1T23.
    • Sinistro: Precificado conservadoramente. Com as receitas acelerando, a Porto espera que o índice de sinistralidade (sinistro/receita) caia porque a frequência e severidade dos sinistros continuam estáveis. A tabela FIPE de preços se estabilizou e a Porto precificou sua frota para encarar uma tabela FIPE estável. No entanto, o carro seminovo em muitos casos ainda é negociado acima do carro zero, por falta de carros novos na praça. Por isso, se a racionalidade prevalecer, a tendência é que os preços dos usado caiam ao longo do tempo, ajudando a melhorar a rentabilidade do portfólio.

    Saúde: Encaixe a partir de maio; PME é o caminho para rentabilidade

    A sinistralidade do segmento saúde piorou bem por conta da Covid uma surpresa negativa. Se por um lado a letalidade é menor, o custo de internação está mais alto.  

    • Sinistralidade: Melhora no 4T22, mas volátil até abril 2023. O management já vê uma sinistralidade mais normalizada, para os próximos trimestres. A frequencia está baixando e o final de ano é sazonalmente melhor com menos eletivas médicas por conta das festividades e nesse ano, por conta da Copa do Mundo. Portanto, a sinistralidade de saúde do 4T22 deve ser melhor que a do 3T22. As safras com melhores sinistralidade foram “encaixadas” a partir de maio desse ano, por isso a sinistralidade ainda pode demorar um pouco mais para melhorar definitivamente até abril de 2023, quando as safras ruins terão sido substituídas.
    • Diferenciação: O mix mais para PME é a solução. A estratégia se diferencia na questão de uma mudança de mix de carteira de saúde. Anteriormente com um mix de 30% em pequenas e médias empresas (PME) e 70% em grandes empresas, a Porto conta hoje com 50% em PME e 50% em grandes empresas. Com um ROE de 26%, o segmento PME oferece uma melhor rentabilidade.
    • ROE de Longo Prazo. Por conta do impacto pontual da Covid, atualmente o segmento de saúde está com ROE em 7%, abaixo de períodos anteriores em 11% e do esperado nos próximos anos de 16% para um mix de 50% PME e 50% empresas. Com o ROE do segmento PME na casa de 26%, a Porto pretende elevar o mix de PME para 70% e o ROE do saúde para 20%. Com o ROE do saúde se normalizando em 15-16%, Celso pontua que a rentabilidade da unidade não tem efeito de diluição no ROE do conglomerado, já que a alta receita gerada pelo saúde de R$ 4b ajuda a diluir os custos do conglomerado, formado por 35 empresas. Assim, mesmo não tendo uma boa rentabilidade acaba por ajudar a melhorar a rentabilidade em outras linhas.

    Resultado financeiro: Normalizando

    No resultado financeiro, a empresa enxerga uma normalização da rentabilidade ao longo do tempo, ainda prejudicado no 3T22 por conta da deflação de 1,32%. O olhar da gestão não é de curto-prazo, mas com o foco em manter o patrimônio investido em um médio/longo prazo. O CFO relembra a Porto conseguiu gerar R$ 1b em ganhos sobre o benchmark de 36 meses.

    • O management enxerga um resultado financeiro em 2023 nominalmente melhor que 2022.

    Carro Fácil: Recompondo preços

    O segmento de carro por assinatura (Carro Fácil) segue sendo um importante destaque para sua linha de serviços.

    • Capital Intensivo: Mas não exige capital próprio. Apesar do negócio de assinatura de auto ser capital intensivo por conta do estoque de veículos, Celso explicou que 90% do capital é de terceiros, assim, o Carro Fácil não demanda tanto capital próprio da Porto. Com um custo de captação para esse segmento de CDI + 0,8%, a Porto tem R$ 100m de capital próprio alocado para a unidade.
    • ROE de Longo Prazo. A empresa diz que tem um diferencial no mercado por vender carros semi-novos com baixa quilometragem de 8 mil km na média, característica dos contratos de assinatura. A Porto consegue comprar os veículos com desconto, por conta de uma posição de proximidade com as montadoras e vender pelo preço da tabela FIPE, em média 118% do preço de compra. Em processo de recomposição de preços ainda, o ROE para 2023 é esperado ficar na faixa de 15-16% e saltar para 20% em 2024.

    Porto Bank: Fechando a torneira

    A estratégia no Porto Bank no segmento de crédito foi afetada pelo ciclo de crédito com uma piora na inadimplência. Com o cenário mais delicado, a empresa sofreu com o aumento da inadimplência, assim como os outros players no mercado.

    • Foco no cliente segurado. A estratégia adotada para mitigar o risco de piora na inadimplência foi o fechamento da torneira de crédito para não-clientes (mar aberto). O foco, mais uma vez, foi pescar dentro do aquário de clientes segurados que estatisticamente possuem menor inadimplência. Já no 3T22 com a nova estratégia, o qual a Porto conter o crescimento de sua inadimplência (acima de 90d) bem abaixo do ritmo do mercado.
    • PDD deve cair. A empresa espera que com as novas medidas surtindo efeito, a PDD deva cair nos próximos trimestres.

    Capital: Saudável, mas com impactos de sinistralidade

    Com o aumento da sinistralidade vista nos últimos trimestre, a empresa consumiu capital em excesso. O capital em excesso saiu de R$ 2,82b (40,2% do capital regulatório) no 3T21 para ainda confortáveis, mas bem mais modestos R$ 1,38b (20% do capital regulatório) nesse 3T22.

    • Recompondo Capital. Com a melhora da rentabilidade e virada de ciclo, a Porto espera recompor esse capital nos próximos trimestres.
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