Pontos de destaque:
(i) Esperamos uma receita fraca, com queda na base anual, e uma margem EBITDA comprimida; (ii) Commodities agrícolas em queda devem seguir sendo um vento bastante contrário à companhia; (iii) Companhia estuda reduzir área plantada, assim como demais players do setor, a fim de melhorar a dinâmica de oferta e demanda; (iv) Reiteramos recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$ 23,50.
A SLC Agrícola irá reportar o seu resultado do 4T23 no dia 06 de março, pós fechamento de mercado, e, neste relatório, iremos apresentar as nossas expectativas para os números da companhia.
Apesar do vento desfavorável referente a contínua tendência de queda da soja e do milho, estamos com viés otimista para o algodão, e vemos a companhia sendo negociada a um EV/EBITDA 24E de 6,2x vs. uma média histórica de 6,7x. Assim, reiteramos recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$ 23,50.
Prévia 4T23
No 4T23, projetamos uma receita total de R$ 1,7b, um recuo de -11,5% a/a. Projetamos um EBITDA de R$ 541m, retração de -8,3% a/a. Isso deve representar uma pequena expansão de 1,1p.p. na margem EBITDA, a qual deve alcançar, dessa forma, 31,4%. Estimamos ainda um lucro líquido de R$ 182m.
SLC Agrícola: Variação Anual e Trimestral

Ventos desfavoráveis impactando o consolidado. Um conjunto de fatores desfavoráveis devem impactar negativamente os resultados operacionais desse trimestre, como (i) preços das commodities soja e milho em contínua tendência de queda; (ii) produtividade da soja mais baixa e (iii) atrasos no embarques de algodão da SLC nos portos
Seguimos com viés baixistas para as commodities soja e milho para os próximos trimestres, uma vez que não vemos fundamentos globalmente para os preços subirem. Isso deve seguir prejudicando o operacional da SLC e demais players do setor.
Do lado positivo, em nossa visão, o pior, em relação ao clima, já passou. Os piores momentos do El Niño já ficaram para trás, e, olhando para o 2T24, vemos o El Niño perdendo ainda mais força e começando a haver um desenvolvimento do La Niña, o que é positivo para culturas de 2ª safra. No 3T24, quando a companhia começar a plantar a próxima safra, acreditamos que esta venha a contribuir para uma recuperação de margens.
Estamos otimistas em relação aos preços de açúcar. Além de o pior, em relação ao clima, já ter ficado para trás, estamos otimistas com o preço do açúcar, em virtude (i) da demanda resiliente, pautada pelo alto consumo de roupas nos EUA e recuperação da indústria na Ásia e (ii) da produtividade baixa da safra atual de algodão nos EUA. A companhia possui, atualmente, ~20% do açúcar hedgeado, e deve atingir um hedge de ~30% a ~40% até o término do 1T24.
Vale notar ainda que, com o fenômeno do La Niña, o estado americano do Texas, principal produtor de algodão nos EUA, costuma sofrer consideravelmente, então, possivelmente, devemos ver, além de uma redução de área na próxima safra no país, problemas climáticos nos EUA prejudicando ainda mais a produtividade local, o que deve contribuir para que o algodão permaneça sendo negociado em um patamar interessante.
Boas oportunidades de compra de terras podem surgir. Com um cenário de grande aperto de margens para os produtores, acreditamos que devam surgir oportunidades de arrendamento e compra de terras agrícolas. Acreditamos que a companhia deva se beneficiar de oportunidades de arrendamento.
Nossa visão e recomendação
Embora, em nossa visão, a situação deva permanecer desafiadora, tanto para o milho quanto para a soja, ao longo de 2024, com os preços dessas commodities em queda, bem como a produtividade das terras, possuímos um viés otimista para a cultura do açúcar.
Além disso, vemos a Companhia negociando a um EV/EBITDA 24E de 6,3x vs. uma média histórica de 6,7x, e enxergamos um upside importante frente ao preço atual de tela. Assim, reiteramos recomendação de COMPRA com Target Price 12M de R$ 23,50.