Novos tempos, novas estratégias
Na última quarta-feira (01/07), a companhia anunciou a revisão da transação de aquisição do negócio global de componentes estruturais em ferro fundido da Teksid, que havia sido firmado em 2019. A empresa chegou a um acordo com a Stellantis, subsidiária da Teksid, após apontamentos e comentários das autoridades antitruste dos Estados Unidos sobre preocupações concorrenciais, que gerariam restrições competitivas no México. As empresas aproveitaram o momento e resolveram revisar o contrato assegurando o desfecho do projeto.
Consideramos o resultado total com sendo positivo. A primeira boa notícia é que a aquisição agora é certa, a segunda boa notícia é que o negócio ficou marginalmente mais barato em termos relativos, 4,7x EV/EBITDA contra e 4,9x em 2019. Apesar das boas notícias, o principal ponto negativo foi que a Tupy não pôde dar seguimento à aquisição das plantas do México. Essa capacidade instalada extra perdida, seria muito bem-vinda em um cenário de fortes investimentos em infraestrutura nos EUA. Por outro lado, acreditamos que a capacidade disponível nas plantas da Tupy no México conseguirá absorver esta eventual demanda adicional.
A Tupy abdicou de plantas com menor aderência estratégica (Polônia, foco em auto-peças e China, foco em veículos leves) e optou por permanecer com os ativos com maior alinhamento estratégico (Brasil e Portugal, focados em blocos e cabeçotes para bens de capital). Na sua nova configuração, a capacidade será superior a 950 kton/ano, cerca de 85% em B&C.
Geração de valor
Como a transação saiu a um valor relativo (EV/EBITDA) abaixo dos 5,8x que a Tupy é negociada, continuamos enxergando geração de valor na transação. Além disso, a estratégia de ficar apenas com ativos com maior alinhamento estratégico, reduz as incertezas relacionadas a validação das operações da Teksid (BR+PT), portanto, aumenta a probabilidade de que os ativos adquiridos passem a ser avaliados nos múltiplos da Tupy. Em suma, isso significa dizer que a Tupy está comprando uma empresa com margens piores que as suas e está pagando mais barato em termos relativos, porém, agora com menos incertezas sobre a capacidade de melhoria da empresa adquirida.
O gráfico a seguir, representa nossas estimativas prévias do valor adicionado ao preço da ação hoje em relação às possíveis margens EBITDA dos ativos adquiridos da Teksid em 2026. Esperamos que as margens dos ativos adquiridos caminhem para valores próximos a 14%. É importante reforçar que os dados completos da transação ainda não foram divulgados.
Sinergias
O bom momento financeiro da empresa em termos de endividamento será importante para capturar inúmeras oportunidades de sinergias.
Do lado da receita, a combinação dos processos de usinagem e montagem, deve agregar mais valor aos produtos da Teksid. Do ponto de vista operacional, a flexibilização de ativos pode ajudar na redução de custos, com instalações de alta capacidade ociosa sendo, por exemplo, combinadas as operações da Tupy, garantindo maior eficiência operacional. Vale lembrar que, nos últimos anos, a Tupy passou por um processo mais intenso de modernização e automação, o que pode conferir mais escala e maior produtividade para os novos ativos. Do ponto de vista de custos insumos, o ganho deve ocorrer principalmente por conta do aumento do volume de matéria-prima necessária, dando maior poder de barganha às empresas já combinadas. Por último, acreditamos que ao longo dos anos a empresa consiga reduzir suas despesas administrativas para níveis próximos aos praticados hoje, cerca de 8% da receita líquida.