O sol sempre volta a brilhar:
O resultado bateu o consenso e o mercado reagiu positivamente. Embora o EBITDA recorrente e a margem EBITDA recorrente tenham ficado muito próximos aos valores projetados, consideramos o resultado como ótimo. Com uma receita líquida 9,4% acima do projetado, resultado recebeu uma avaliação 4 estrelas.
Destaque para as receitas no mercado externo, que superaram nossas expectativas mesmo com os efeitos da valorização do real. No cenário interno, o destaque ficou para o segmento de GTD (Geração Transmissão e Distribuição de Energia) que demonstrou um forte crescimento.
Diante desse cenário, optamos por revisar nossas projeções de crescimento para cima, resultando em um novo preço alvo de R$ 36,25 com recomendação de MANTER. Acreditamos que a empresa segue sendo negociada a múltiplos muito esticados, com baixo potencial de retorno frente ao risco associado.
Acreditamos que toda infraestrutura integrada de energia solar tem um enorme potencial de crescimento. Segundo a empresa, a WEG Solar é um dos negócios que mais cresceu nos últimos anos. O cenário energético desafiador, está potencializando ainda mais os investimentos em fontes alternativas de geração de energia como, por exemplo, fotovoltaica. Num mercado de painéis solares super pulverizado, acreditamos que a empresa leva vantagem ao entregar soluções completas para seus clientes.
“Com mais de 2GW de equipamentos fotovoltaicos distribuídos e 500MW em usinas construídas, a WEG é pioneira no fornecimento de soluções em energia fotovoltaica para o mercado nacional, desenvolvendo soluções adequadas para cada necessidade. Se hoje a energia solar é cada vez mais popular no Brasil, esse crescimento é resultado da experiência e tecnologia que a WEG dedica à geração e distribuição de energias renováveis, oferecendo soluções completas, incluindo módulos, inversores, transformadores, cubículos e subestações, além de toda a engenharia de integração e software aplicativo”
Análise Quantitativa do Resultado:
A receita operacional líquida superou em 13,2% a divulgada no 1T21, um total de R$ 5,75 bi no 2T21. O EBTIDA recorrente foi de R$ 1,09 bi com margem EBITDA de 19,0%, impulsionado por um evento não recorrente de R$ 0,30 bi, devido à contabilização de créditos referentes à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. O EBITDA reportado foi de R$ 1,39 bi, com a margem de 24,2%.
Pontos Positivos
O segmento de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais cresceu acima do esperado, em termos de receita líquida total dolarizada, ficando 8% acima do que havíamos projetado.
Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (GTD) teve ótimo desempenho, tanto no mercado interno quanto no mercado externo, crescendo muito acima das nossas projeções. O cenário futuro é ainda mais otimista, justificando nossa revisão nas projeções.
O segmento de Motores Comerciais e Appliance também surpreendeu, principalmente no Brasil, com um volume de vendas que seguiu elevado. Cerca de 5,5% acima das nossas projeções.
Pontos Negativos
Já conseguimos ver efeitos dos recentes aumentos dos custos de materiais, como cobre e aço nas margens. Além disso, a mudança no mix de produtos vendidos, também contribuiu e deve seguir contribuindo para essa queda. A tendência é que a margem EBITDA se aproxime à média do ano de 2020, cerca de 18,5%. A volta do negócio de geração eólica acaba contribuindo para a queda das margens. Segundo divulgado anteriormente pela empresa, os contratos com a Aliança Energia para montagem, operação e manutenção de quatro parques eólicos, devem gerar um faturamento de quase R$ 590 milhões para a empresa entre 2021 e 2022 e um impacto negativo nas margens.
Análise das receitas no mercado interno
No mercado interno, o tom é de continuidade no segmento motores, surfando a retomada econômica e aceleração da produção industrial. O destaque ficou principalmente por conta da área de GTD com destaque para geração solar distribuída e energia eólica. Vemos cada dia mais o mercado brasileiro de energias renováveis crescendo, essa alta demanda juntamente com as novas carteiras de pedidos para projetos voltados para energia eólica impulsionaram o segmento. Manutenção das entregas de transformadores de grande porte e subestações para projetos importantes ligados aos leilões de linhas de transmissão realizados nos últimos anos, como por exemplo Subestações Móveis customizadas para a ENEL.
O segmento de equipamentos eletroeletrônicos industriais ficou abaixo das nossas expetativas. Esperávamos um crescimento em relação ao trimestre anterior, muito por conta do bom desempenho de segmentos como agronegócio, construção civil e mineração.
Análise das receitas no mercado externo
No mercado externo, embora já esperássemos bons números devido à forte recuperação da atividade industrial no período, o resultado reportado pela empresa surpreendeu positivamente. Destaque para os segmentos de mineração, óleo & Gás e Água & Saneamento que puxaram para acima os volumes no segmento de Eletroeletrônicos Industriais. Os sinais de recuperação reportados no trimestre anterior estão se confirmando, com uma crescente melhora na entrada de pedidos para projetos de ciclo longo. O segmento de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (GTD) também teve um ótimo desempenho, puxado pelos projetos ligados a Transmissão e Distribuição de Energia, com projetos relevantes sendo entregues nos EUA, Colômbia e na África do Sul. De maneira geral, o futuro da WEG segue promissor, principalmente porque no segmento de energia, a empresa está se posicionando em mercados de alto potencial de crescimento como Brasil, Índia e EUA.
Outro destaque importante foi o volume elevado de vendas para fabricante de equipamentos (OEMs), que confirmam o movimento de recuperação da indústria. No seguimento de Motores Comerciais e Appliance, o principal ponto que podemos destacar foi o ganho de participação de mercado, nos EUA e no México.
Embora os resultados tenham sido ótimos, a empresa ainda precisa entregar crescimento muito forte para chegar perto dos gigantes que atuam nos mesmos segmentos e justificar o preço atual da ação. Costumamos dizer que a empresa está brigando entre gigantes nessa batalha por market-share. Para atender às expectativas do mercado em GTD, a empresa precisa crescer e, além disso, se tronar um player relevante no mercado mundial.
Podemos interpretar isso de duas maneiras:
- Oportunidade: quando olhamos para as receitas em dólar, a WEG ainda é pequena em comparação aos seus pares globais. O que nos mostra que ainda há muito espaço para crescer!
- Risco: as expectativas em relação ao seu crescimento são gigante e estão refletidas nos múltiplos, além disso, a alta concorrência pode resultar em perda de participação de mercado ou em redução de margens. Reforçamos que apenas validar seus projetos no Brasil não será suficiente, a empresa terá que conquistar novos territórios.