Eduardo Nishio

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Publicado em 11 de Dezembro às 22:26:09

Carteira Recomendada Dezembro/23 | TOP AÇÕES

Mais Risco, Melhor Retorno 

Em nossa última revisão de carteira em setembro de 2023, mantivemos uma abordagem mais agressiva do que adotamos no início deste ano. Nossa estratégia de ampliar o nível de risco em busca de retornos mais elevados teve início em julho de 2023.  

Com a taxa Selic apresentando uma tendência de queda, direcionamos nosso foco para ativos que se beneficiariam desse movimento, alinhando-se à procura por investimentos com retornos mais elevados ajustados ao maior risco associado. 

Mas como no Brasil, tudo muda velozmente, dessa vez não foi diferente. Desde nossa última atualização em setembro, experimentamos uma rápida piora em questões de dois meses que se reverteram com a mesma velocidade. Desta vez, essa volatilidade foi impulsionada pelo cenário global, mais especificamente, pelos Estados Unidos. As taxas de juros de 10 anos americanas rapidamente subiram de 4,2% em setembro, atingiram 4,8% no final de outubro e retornaram a 4,2% em dezembro. Com os juros de longo prazo dos EUA novamente recuando, investidores globais voltam suas atenções para ativos com maior potencial de retorno/risco. 

Mesmo com incertezas relacionadas ao cenário macroeconômico brasileiro e internacional, mantemos a convicção de que o ano de 2024 poderá favorável para as ações brasileiras. À medida que o ciclo de redução da taxa de juros local se intensifica e o ciclo de cortes de juros nos EUA se inicia, estamos promovemos algumas modificações na carteira Top Ações para capturar essa busca por maior retorno/risco, ao mesmo tempo em que substituímos algumas das escolhas da última atualização que impactaram nosso desempenho. 

Juros de 10-anos EUA: piora e melhora de setembro a dezembro 

Nesta atualização, adotamos uma estratégia de carteira mais agressiva, incluindo: ativos favorecidos por taxas de juros mais baixas; ações que sofreram com desempenho mais fraco mas com valuation atraente; nomes que se beneficiam de um aumento no fluxo de investidores estrangeiros; e oportunidades específicas, como empresas em processo de privatização. Nossa visão continua centrada em identificar empresas que possuam um valuation atraente, fundamentos sólidos e/ou um cenário de crescimento promissor. 

Nos últimos meses, o desempenho do principal índice de ações da bolsa brasileira foi notavelmente positivo. O Ibovespa atingiu seu nível mais elevado desde 2021 no início de dezembro, ultrapassando a marca de 128 mil pontos. Este movimento de alta foi intensificado por um significativo influxo de investidores estrangeiros. 

É relevante destacar que, em nossa última atualização em setembro, o Ibovespa acumulava uma valorização de +10,7% no ano. Agora, após os primeiros pregões de dezembro, alcançou a marca de 126,9 mil pontos, representando um crescimento de 19,7% ao longo de 2023. 

Para essa mudança, estamos: 

  • Aumentando o número de ações de 14 para 16, buscando capturar ganhos em teses específicas; 
  • Colocando 5 novos nomes e tirando 3; 
  • Aumentando nossa exposição às histórias de investimento específicas 

Nesse relatório você encontrará:  

  1. Desempenho da carteira Top Ações; 
  1. Atualização do cenário macroeconômico Brasil e mundo; 
  1. Fluxo de capital para bolsa; 
  1. Explicação das mudanças nas escolhas; 
  1. Atualização das teses de investimento dos papéis escolhidos. 

Desempenho da Carteira  

Desde seu lançamento em 20/Jan/2022, a carteira Top Ações Genial Analisa acumula retorno de 25,8%, 9,5 pp acima do benchmark Ibovespa. 

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Desempenho Desde o Lançamento (20/Jan/22): +25,8%

Breve análise retrospectiva da carteira Top Ações desde a última revisão 

Após a última atualização em 05/09/2023, a carteira Top Ações registrou uma valorização de 6,95%, ficando 1,8 pp abaixo do desempenho do benchmark Ibovespa. Os principais impulsionadores dessa performance foram os papéis de Itaú (ITUB3), Eletrobras (ELET3) e Banco do Brasil (BBAS3). Por outro lado, os maiores detratores da carteira foram às ações de Viveo (VVEO3) e Prio (PRIO3). 

Quanto aos papéis que contribuíram positivamente o desempenho da carteira, observamos que tanto o Itaú quanto o Banco do Brasil se beneficiaram de um ambiente um pouco mais favorável para bancos. Acreditamos que a valorização das ações desses dois bancos pode ter sido impulsionada por maior fluxo de estrangeiros na compra na bolsa, valuations depreciados, sinais de melhoria no ciclo da inadimplência, juntamente com discussões apontando para um menor risco em relação ao fim do Juros sobre Capital Próprio. 

Na nossa percepção, o bom desempenho das ações da Eletrobras foi influenciado pelos avanços da empresa no processo de reestruturação, pelo valuation atrativo, pela leve melhoria nos preços de energia de longo prazo e por uma redução na percepção de risco político relacionada à sua privatização. 

Em relação aos detratores de desempenho, a ação da Viveo foi quem teve a pior contribuição. Acreditamos que o fraco desempenho se deve a dois motivos: (i) a geração de caixa operacional ficou aquém das expectativas no resultado do 3T23; e (ii) desinvestimentos por parte de investidores institucionais estrangeiros que haviam participado do follow-on da empresa em agosto. Diante da deterioração do cenário macroeconômico americano, esses investidores tornaram-se mais avessos ao risco. 

No caso da Prio, acreditamos que o movimento negativo da ação está relacionado ao preço do petróleo. A commodity sofreu uma desvalorização no mercado internacional, registrando uma queda superior a 10% desde o final de novembro, coincidindo com o início da desvalorização mas acentuada do pepel. Dado que a capacidade de produção da empresa se manteve estável, a redução no preço da commodity impactou negativamente o desempenho das ações. 

Top Ações: breakdown último rebalanceamento 

Cenário Macroeconômico Brasil

O cenário macroeconômico brasileiro continua marcado por uma política monetária contracionista, com taxas de juros reais altas. Nesse contexto, avaliamos que a estratégia de manter o atual ritmo de cortes da Selic em 50 pontos-base continua sendo a mais apropriada. Ainda assim, a atuação do Banco Central pode ser limitada pelas expectativas desancoradas de inflação até 2027, pelo risco fiscal e pelas incertezas relacionadas a economia global. 

No campo inflacionário, o dado mais recente (IPCA-15 de novembro) revelou uma variação de 0,33% m/m, superando as expectativas, porém com uma composição mais benigna nos núcleos e dos serviços subjacentes. Essa dinâmica aponta para uma confirmação da desaceleração da inflação, principalmente nos componentes mais diretamente influenciados pela política monetária. 

Vale ressaltar que o índice de preços ao produtor IPA-M, componente principal do IGP-M, registrou inflação por três meses consecutivos, impulsionado pela alta de produtos in natura e por condições climáticas adversas, o que já deve impactar os preços de alguns alimentos. Nossas projeções apontam a inflação e a taxa Selic encerrando 2023 em 4,5% e 11,75% a.a., respectivamente. 

Olhando para o crescimento econômico, a alta do PIB de 0,1% t/t veio acima da mediana de mercado (-0,2% t/t). O bom desempenho da atividade econômica no período refletiu as surpresas positivas com o setor de serviços pelo lado da oferta, ao passo que pela ótica da demanda a surpresa ficou pelo avanço mais significativo da abertura de consumo das famílias e das exportações. Apesar disso, o PIB do período confirmou a desaceleração da economia brasileira que era esperada para o segundo semestre.  

O destaque desse resultado do PIB do terceiro trimestre foi a continuidade da queda da Formação Bruta de Capital Fixo (-2,5% t/t e -6,8% a/a), da taxa de investimento, que saiu de 17,2% no segundo trimestre para 16,6% do PIB, e da taxa de poupança, que saiu de 16,9% para 15,7% do PIB no mesmo período.  

Com isso, revisamos a nossa estimativa para o crescimento em 2023 de 2,7% para 2,8%. Para 2024 optamos por deixar a nossa projeção de crescimento do PIB inalterada em 1,3%, levemente abaixo da mediana do mercado de 1,5%, por conta da continuidade do movimento de queda tanto da FBCF e da taxa de investimento. 

No cenário fiscal, as preocupações se concentram na credibilidade do Novo Arcabouço. A agenda legislativa desse final de ano acabou ficando muito apertada para se conseguir aprovar todos os projetos de aumento de receita idealizados pelo Ministério da Fazenda. As medidas que eventualmente vierem a ser aprovadas agora em dezembro serão parcialmente desidratadas. 

Apesar do superávit primário registrado em outubro, as despesas crescem expressivamente, sobretudo em programas sociais e saúde, resultando em um déficit acumulado considerável.  

As projeções de déficit primário para 2023 foram revistas para cima, passando de uma estimativa de R$ 141,4 bilhões para uma expectativa de R$ 177,4 bilhões. Essa revisão representa uma preocupante deterioração das contas públicas, gerando apreensão quanto à trajetória das despesas e à sustentabilidade fiscal no país. 

Além disso, as eleições municipais podem influenciar as decisões fiscais, com expectativas de mudança na meta para 2024, passando de déficit zero para um intervalo entre 0,75% e 1,00% do PIB. Final do primeiro trimestre do ano que vem será um período chave para se decidir a respeito de uma mudança da meta de déficit primário zero, assim como do volume de recursos a serem contingenciados.

Cenário Macroeconômico Internacional  

EUA 

Os números de outubro indicaram uma dinâmica de inflação mais branda nos EUA, com redução nos preços das commodities energéticas e melhorias nas cadeias globais de oferta. Tanto a inflação do núcleo de bens quanto de serviços mostrou desaceleração, sugerindo impactos da política monetária. 

Em relação ao emprego, houve um esfriamento do mercado de trabalho, refletido no alinhamento entre demanda e oferta de trabalhadores e um aumento na taxa de desemprego para 3,9%. Quanto à atividade econômica, o PIB do último trimestre está mais alinhado com a tendência de longo prazo (2,1% t/t anualizado segundo o “GDPNow” do FED de Atlanta). 

Essa melhoria na inflação, combinada com um mercado de trabalho desaquecido e um PIB em linha com as tendências de longo prazo, atende às condições definidas por Jerome Powell, do FED, para evitar mais altas de juros. No entanto, a revisão positiva da poupança das famílias torna mais desafiador alcançar essas condições. 

A percepção de que o ciclo de altas de juros terminou contribuiu para um relaxamento nas condições financeiras. O mercado já precifica reduções na taxa de juros para 2024, embora esse cenário otimista possa depender de surpresas positivas contínuas nos dados de inflação. É importante notar que a melhoria das condições financeiras pode contrariar o objetivo do FED de combater a inflação, possivelmente exigindo uma nova alta de juros. 

Outro ponto crucial, porém, negligenciado, são as expectativas de inflação, que continuam aumentando, de acordo com a Universidade de Michigan. Embora as expectativas de inflação ainda sejam percebidas como “ancoradas”, a ata de novembro do FOMC reconheceu a necessidade de uma política monetária restritiva para atingir a meta de 2,0% de inflação. 

China 

Em novembro, a economia chinesa apresentou sinais de lenta recuperação. Embora indicadores como produção industrial e vendas no varejo tenham superado expectativas, essa expansão se baseia em uma comparação com períodos anteriores afetados por lockdowns. Os investimentos em ativos fixos continuam desacelerando, especialmente em setores como real estate e infraestrutura, sinalizando uma possível contração futura. O setor imobiliário permanece em contração, impactado pela crise de liquidez das incorporadoras, minando a confiança dos compradores. 

Há a expectativa de um plano de financiamento de moradias populares e revitalização urbana para apoiar o setor imobiliário. Entretanto, uma visão conservadora persiste devido à perspectiva de uma confiança limitada dos consumidores e empresários, alta taxa de desemprego entre jovens e demanda externa fraca. Apesar da revisão na projeção de crescimento para 2023 (de 4,8% para 5,0%), esta não reflete uma melhora estrutural, mas sim um efeito base depreciado em comparação com 2022. 

Fluxo: a legião estrangeira está de volta… e forte  

Com o cenário externo melhorando, o investidor estrangeiro retomou sua presença de forma mais robusta no mercado acionário brasileiro, buscando uma maior exposição global a ativos de risco.  

Apesar da economia brasileira ainda não mostrar sinais claros de recuperação e da fragilidade fiscal, o Brasil se destaca por estar em uma posição relativamente melhor do que outros países emergentes, como a Rússia, que perdeu atratividade devido a conflitos com a Ucrânia, e a China, que enfrenta questões geopolíticas e desaceleração econômica, entre outros concorrentes globais.  

Apesar do volume médio diário da bolsa (ADTV) nos últimos meses situar-se em patamares significativamente inferiores aos últimos dois anos (R$ 20 bilhões a R$ 25 bilhões, comparados a R$ 30 bilhões a R$ 35 bilhões), o aumento do fluxo estrangeiro foi o bastante para impulsionar a bolsa a níveis recordes do ano, com o índice Ibovespa atingindo 128 mil pontos em 01/dez/2023, ficando apenas abaixo do pico de 130 mil pontos registrado em junho de 2021. 

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Volume da Bolsa Deve Melhorar com Queda de Juros 

Ao longo do ano de 2023, as assets locais (investidores institucionais) enfrentaram expressivos resgates, acumulando um saldo líquido de venda de -R$ 52b na B3. Em contrapartida, os investidores estrangeiros foram os grandes compradores líquidos, acumulando ao longo do ano aproximadamente +R$ 27,4b, sendo que somente em novembro esse montante foi de R$ 21b. 

Neste estágio inicial do retorno do fluxo estrangeiro, acreditamos que ativos de alta qualidade podem se beneficiar mais do que ativos menos óbvios. Algumas das nossas escolhas de ações levam em consideração essa preferência, como Itaú, Renner e Vale

TOP Ações: mudança de ativos 

Saída de 3 ativos: 

  • Retirando Klabin, devido aumento de gastos com Capex e a um valuation menos atrativo; 
  • Excluindo Viveo, pela dinâmica menos favorável no curto prazo e incertezas quanto à geração de caixa; 
  • Removendo Trisul, por considerar que existem opções taticamente mais interessantes para compor a carteira Top Ações. 

Entrada de 5 ações: 

  • Acrescentando Sabesp, fundamentados na perspectiva de privatização da companhia; 
  • Incluindo JBS, acreditando no potencial destravamento de valor com o processo de dupla listagem; 
  • Acrescentando Azul, para aproveitar ventos mais favoráveis no setor aéreo; 
  • Incluindo Renner, visando aproveitar a dinâmica favorável do setor no final do ano e fluxo de investidores estrangeiro para nomes de primeira linha; 
  • Acrescentando Iguatemi, aproveitando o ciclo de fechamento da curva de juros. 

Ajuste de pesos: 

  • Reduzindo Porto Seguro, por um movimento tático no setor financeiro (maior alocação em bancos); 
  • Reduzindo BB Seguridade, devido a uma diminuição tática (-1 pp) de seguros, mas com peso maior que Porto devido ao desempenho da ação abaixo de seus fundamentos; 
  • Aumentando Itaú, visando aproveitar o sólido desempenho do banco e o crescente interesse de investidores estrangeiros em nomes de primeira linha; 
  • Reduzindo Banco do Brasil, buscando equilíbrio na exposição aos bancos; 
  • Reduzindo Inter, buscando equilíbrio na exposição aos bancos; 
  • Aumentando Vale, considerando à dinâmica positiva do mercado de minério de ferro e maior fluxo de investidores estrangeiros em ativos de maior risco; 
  • Reduzindo Mercado Livre, para acomodar a inclusão de Renner na carteira. 

Carteira Recomendada Top Ações: rebalanceamento de ativos  

⬇️Saída de ativos

Klabin (KLBN11) 

Negociando com um múltiplo EV/EBITDA projetado para 2024 de 7,2x (em comparação com uma média histórica de 7,0x), observamos um valuation com uma diferença menor em relação à média histórica. 

A recente alteração que impacta o potencial de valorização das ações a curto prazo está vinculada às mudanças no CAPEX anunciadas durante o Investor Day. Ao incorporarmos esses novos valores no Fluxo de Caixa Livre (FCFF) estimado para 2023, o indicador passou a atingir R$1,9 bilhão (aumento de +79% em comparação com a estimativa anterior da Genial). Para 2024e, o valor FCFF ajustado é de R$1,5 bilhão (-41% em comparação com a estimativa anterior da Genial). O valor nominal revela um déficit leve de -R$245 milhões ao agregarmos o fluxo de caixa desses dois anos completos. 

Obviamente, uma parte significativa do fluxo de caixa de 2023 já foi absorvida, e o que permanece é a surpresa desfavorável de que o fluxo de caixa de 2024 agora é mais baixo do que nós e o consenso havíamos projetado. Isso se deve ao fato de que o CAPEX para 2024 foi divulgado como parte de um movimento de estabilização em relação a 2023, quando esperávamos uma redução considerável nos investimentos após a fase inicial do Puma II. 

Mantemos, por ora, nossa preferência pela tese de maior exposição da Klabin ao mercado de papel, em detrimento do comportamento cíclico da Suzano, mais suscetível às incertezas relacionadas ao preço da celulose. No entanto, notamos que ambos os ativos estão perdendo gatilhos de curto prazo para justificar sua permanência em nossa carteira. Diante disso, optamos por retirar a Klabin, uma vez que suas ações efetivamente superaram o desempenho da Suzano até o momento presente 

Viveo (VVEO3)

Nesta atualização, optamos por retirar a Viveo da nossa carteira devido às dinâmicas macroeconômicas que têm impactado o setor, juntamente com desenvolvimentos microeconômicos de curto prazo que provavelmente afetarão o desempenho da empresa em 2024. O papel se destacou como o maior detrator da carteira, registrando uma queda superior a 20% nos últimos meses.

Identificamos que parte desse movimento foi influenciada por um fluxo negativo de capital estrangeiro, que havia ingressado no papel após a oferta subsequente (follow-on) realizada em agosto.

No entanto, no resultado do terceiro trimestre de 2023, a Viveo apresentou um fluxo de caixa operacional aquém das expectativas, devido à pressão nos prazos dos hospitais, o que nos deixou cautelosos em relação à geração de caixa da companhia. Assim, adotamos uma nova estratégia de análise do papel, explorando o free cash flow yield, que equilibra o fluxo de caixa da firma em relação ao seu valor de mercado, revelando pouco espaço para valorização a curto prazo.

Outro fator negativo para a tese em 2024 foi a decisão do STF de cobrar o DIFAL referente a 2022 a partir de abril de 2022, determinando que o imposto não seria postergado para 2023 e deveria ser pago retroativamente, com multa. Estimamos que o montante a ser pago no curto prazo pela companhia seja em torno de R$ 450 milhões, o que impactará negativamente o resultado no próximo ano e influencia a análise do free cash flow yield. Dada a perspectiva pouco positiva esperada para o papel no curto prazo, decidimos cortar nossas perdas e nos desfazer da ação nesta atualização da carteira, abrindo espaço para a inclusão de outros ativos. Embora mantenhamos a convicção na construção do ecossistema de saúde da empresa, acreditamos que, diante das atuais condições de curto prazo, existem opções mais favoráveis para serem incluídas na carteira Top Ações em dezembro.

Trisul (TRIS3) 

Optamos por excluir a Trisul da carteira para abrir espaço a outros ativos com uma correlação mais baixa em relação aos já presentes. No caso específico, Trisul e Moura Dubeux apresentam uma correlação extremamente elevada, uma vez que estão inseridas no mesmo setor e atendem a clientes de estratos de renda semelhantes, diferenciando-se quase exclusivamente geograficamente. Ainda mantemos a convicção de que, dentro do segmento de construção de alta renda, Trisul e Moura Dubeux representam as melhores relações de risco/retorno entre as construtoras. 

⬆️ Entrada de ativos

Azul (AZUL4) 

Decidimos adicionar uma pequena posição de AZUL4 à nossa carteira recomendada, buscando aproveitar ventos mais favoráveis para o setor. A alta temporada de dezembro e janeiro não apenas promete volumes expressivos de decolagens, mas também destaca a abordagem cautelosa das companhias aéreas em relação à oferta de assentos e precificação, visando uma maior rentabilidade e geração de caixa. 

Apesar do aumento nos custos de combustível previsto para o 4T23, antecipamos que o incremento no yield (tarifas por quilômetro voado) absorverá significativa parte desse acréscimo.  

Além disso, a perspectiva é de que os preços das passagens permaneçam elevados, influenciados pela oferta limitada resultante de atrasos na entrega de novas aeronaves e pela resiliência da demanda. As empresas aéreas também podem se beneficiar da saída de players como 123Milhas e Hurb, cujas estratégias de preços mais agressivas acabaram não sendo sustentáveis, forçando os consumidores a aceitarem preços mais altos para garantir suas viagens. 

Contanto que os custos permaneçam controlados, isto é, um dólar comportado e a perspectiva de cortes nos preços do QAV (Querosene de Aviação), e que as companhias operem com boa capacidade, prevemos resultados robustos e margens excelentes no setor no início de 2024. 

Finalmente, observamos que as ações estão sendo negociadas a 4,2x EV/EBITDA para 2024, em comparação com uma média de 6x. Ressaltamos que nossa projeção de EBITDA para 2024 é de R$ 5,9 bilhões, abaixo dos R$ 6,2 bilhões indicados no guidance da empresa. 

Sabesp (SBSP3) 

Optamos por incluir a Sabesp em nossa carteira, fundamentados na nossa confiança no processo de privatização da empresa. Acreditamos que essa iniciativa tem o potencial de desbloquear valor significativo para a companhia, permitindo que a Sabesp negocie em patamares mais elevados. A expectativa é de que o múltiplo atual de 1,0x EV/RAB possa evoluir para até 2,0x EV/RAB à medida que a empresa implemente medidas para reduzir custos dispensáveis, intensifique os investimentos em infraestrutura e, assim, gere maior valor para seus acionistas. 

Lojas Renner (LREN3) 

O último ano tem sido desafiador para o varejo de vestuário, marcado por uma demanda enfraquecida em um cenário macroeconômico penoso para o consumo, além de fatores climáticos que também atrapalharam a performance das vendas de itens de inverno.  

Simultaneamente, o segmento de “Vestuário e Calçados” enfrenta um cenário altamente disruptivo, com a crescente concorrência de plataformas cross-borders que conquistam parte da demanda nacional com preços extremamente competitivos. 

Apesar do cenário desafiador para o setor de vestuário como um todo, vemos a Lojas Renner bem-posicionada frente a seus pares. À medida que as condições de consumo se recuperem, acreditamos que a Renner, como líder na categoria, deve se destacar e surfar melhor o ambiente competitivo

Visando aproveitar os ganhos de uma melhorar perspectiva para as festas de final de ano, melhorias operacionais da Realize e um valuation ainda barato – negociando à um múltiplo EV/EBITDA 2024E DE 7,3x em comparação com sua média histórica de 11,4x – optamos por incluir a Lojas Renner (LREN3) em nossa carteira recomendada

JBS (JBSS3) 

Com o objetivo de ganhar exposição ao setor do agronegócio, decidimos incluir a JBS em nossa carteira recomendada. A empresa destaca-se como a maior empresa brasileira do agronegócio listada na bolsa de valores e como a maior empresa de proteínas do mundo.  

Embora a companhia tenha apresentado um desempenho aquém das expectativas no último trimestre, projetamos melhorias sequenciais nas operações nos próximos exercícios, excluindo a JBS Beef North America. Estas melhorias serão impulsionadas por diversos fatores, incluindo: 

(i) normalização da oferta e demanda global de frango;  

(ii) manutenção da tendência de queda nos preços dos grãos;  

(iii) normalização da oferta de suínos nos EUA;  

(iv) resiliência na demanda por carne bovina nos EUA; e (v) um ciclo pecuário favorável no Brasil e na Austrália. 

Adicionalmente, acreditamos que o processo de dupla listagem de suas ações será um fator interessante para destravar valor nos médio e longo prazos.  

Na nossa perspectiva, a aprovação desse processo pode servir como um catalisador de valorização dos papéis no curto prazo. A empresa está sendo negociada a 5,2x EV/EBITDA 24E, abaixo de sua média histórica, e enxergamos um upside atraente, fundamentado por uma melhora estimada para 2024 e pelo baixo valuation atual. Considerando o nosso preço-alvo de R$ 30,00, o potencial de valorização da JBS é de aproximadamente 27%. 

Iguatemi (IGTI11) 

 Optamos por adicionar a Iguatemi durante esta revisão da carteira, atentos a 3 fatores:  

(i) exposição ao bom desempenho da alta-renda durante esse ciclo econômico;  

(ii) fechamento da curva de juros beneficiando papeis de duration longo; 

(iii) ao desconto notável de múltiplos de valuation em comparação com seus pares listados. 

‍🔧 Manutenção de ativos 

Porto (PSSA3) e BB Seguridade (BBSE3) 

Estamos reduzindo nossa posição de Porto (PSSA3) e realocando parte em BB Seguridade (BBSE3). O movimento é mais tático, considerando que temos uma visão positiva dos fundamentos de ambas as empresas. Dado que o desempenho das ações da Porto superou o da BB Seguridade, optamos por reduzir nossa exposição à Porto. Entendemos que a BB Seguridade deva continuar reportando números sólidos e as possíveis quedas de juros não devem ser tão significativas ao ponto de impactar negativamente a geração de resultado da empresa. Além disso, projetamos um dividend yield atrativo de cerca de 10%. Observamos que a ação ainda não apresentou valorização no ano, registrando uma variação de -7,9% desde o início, em contraste com a Porto, que teve um desempenho positivo de +27,6% no mesmo período. Dessa forma, identificamos uma oportunidade em que a cotação possa refletir o crescimento dos lucros. No 3T23, mudamos a nossa top pick (ação preferida) do setor de seguros para a BB Seguridade. 

Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB3) e Inter (INBR32) 

Realocamos parte das posições de Banco do Brasil (BBAS3) e Inter (INBR32) para Itaú (ITUB3), justificado por mais um movimento de reequlíbrio entre os bancos. Embora reconheçamos o desempenho sólido do Banco do Brasil e do Inter ao longo do ano, notamos que a performance da ação do Itaú ficou aquém, apesar de seus resultados consistentes e de sua menor exposição aos segmentos mais afetados como o varejo nesse ciclo de crédito como alguns de seus pares privados (Bradesco e Santander).  

Diante desse cenário, decidimos ampliar nossa posição no Itaú, pois acreditamos que suas ações continuam sendo negociadas com um valuation interessante. Além disso, acreditamos que o fluxo de investidores estrangeiros tende a beneficiar papeis de primeira linha como a do Itaú. As ações preferenciais (ITUB4) estão sendo cotadas a 8,0x P/L para 2024, enquanto as ações ordinárias (ITUB3) estão a 6,9x P/L para o mesmo período, mesmo proporcionando uma rentabilidade (ROE) atrativa acima de 20%. 

Vale (VALE3) 

Após apresentar um resultado em recuperação no 3T23, aliviando algumas das incertezas que preocupavam os investidores, a Vale também anunciou um dividendo + JCP de R$2,33 por ação, totalizando aproximadamente US$2 bilhões, o que equivale a um yield de 3,6% em apenas um trimestre. Vale ressaltar que a data ex-dividendo foi estabelecida em 1 de dezembro. Durante o intervalo entre a divulgação do resultado do 3T23 e essa data, as ações registraram um expressivo ganho de cerca de 20% em menos de dois meses.  

Em termos de fundamentos, nossa projeção de FCF Yield para 2023 é de 11%. Isso suportaria um dividendo de aproximadamente US$1,9 bilhão referente ao 4T23, muito próximo dos R$2,33 por ação recentemente anunciados. Além disso, dividendos extraordinários podem estar no horizonte dos acionistas no próximo ano, podendo elevar o dividendo yield para impressionantes 14% em 2024

Com o preço do minério de ferro mantendo-se em torno de US$130 por tonelada e com a confirmação do suporte do governo chinês de ¥1 trilhão (~US$140 bilhões) para investimentos em moradias sociais, o preço do minério de ferro permanece 30% acima da média histórica dos últimos 10 anos. Considerando as condições da commodity e a política de dividendos, estamos confiantes na posição da Vale em nossa carteira. 

Mercado Livre (MELI34) 

 Estamos ajustando nossa participação no Mercado Livre de 10% para 8%, por razões táticas de alocação no setor. A redução na nossa posição tem o objetivo de abrir espaço para a inclusão da Lojas Renner na carteira. Continuamos otimistas quanto ao desempenho da empresa, especialmente diante das perspectivas de uma robusta performance na Black Friday e do crescimento da participação de mercado no Brasil. 

Eletrobras (ELET3) 

Estamos reduzindo marginalmente nossa participação em Eletrobras devido a recente alta que a ação sofreu no último mês e para abrir espaço no setor para a inclusão de Sabesp. Não obstante, visualizamos um potencial significativo de valorização para o papel, uma vez que está sendo negociado a apenas 0,8x do Valor Patrimonial, em comparação com as principais empresas privadas do setor que estão cotadas a 2x do Valor Patrimonial. Além disso, nos últimos trimestres, observamos a empresa entregando resultados consistentes, implementando cortes de custos e aprimorando sua eficiência operacional, um processo que se estenderá ao próximo ano, aumentando ainda mais a atratividade da companhia. 

PRIO (PRIO3) 

Estamos realizando uma redução marginal em nossa participação na Prio devido à ligeira escassez de eventos de curto prazo que poderiam sustentar os preços das ações em patamares mais relevantes, especialmente considerando a recente queda nos preços do petróleo.  

Apesar desse ajuste, mantemos nossa visão de que a empresa permanece como a principal escolha no setor de petróleo, apresentando-se em níveis muito atrativos, com um múltiplo de 2,4x EV/EBITDA para 2024 e perspectivas promissoras para o próximo ano, impulsionadas pela entrada de Wahoo e a continuidade do redesenvolvimento de outros campos. 

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