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Publicado em 17 de Junho às 17:53:00

Setor de Bens Industriais: Após a tempestade, a bonança!

Escolha Genial

Randon (RAPT4) é nossa Escolha Genial entre as três empresas do setor de bens industriais. A fabricante de implementos rodoviários (reboques e semirreboques), vagões, autopeças e sistemas automotivos recebeu recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 18.50. A empresa deve seguir entregando ótimos resultados graças a sua exposição indireta à agroindústria e ao setor de bens de consumo, que tendem a seguir crescendo no Brasil. As boas aquisições começaram a trazer maior estabilidade para a empresa. Os investimentos em tecnologia trouxeram ganhos de produtividade e nos próximos anos podem gerar novas fontes de receita importantes, algo que enxergamos com entusiasmo.

Tupy (TUPY3), empresa que fabrica componentes estruturais em ferro fundido de elevada complexidade geométrica e metalúrgica, também recebeu recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 28.00. Temos ótimas perspectivas para a empresa do setor de bens industriais, tanto no curto quanto no longo prazo. Entraremos em mais detalhes, na análise da empresa. 

Já a WEG (WEGE3), fabricante de equipamentos eletroeletrônicos industriais, motores comerciais, tintas e vernizes e componentes para geração transmissão e distribuição de energia, recebeu a recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 32.50

Se preferir, assista o vídeo deste relatório.

Visão geral do setor de bens industriais

O setor de bens industriais, também conhecido como bens de capital, é responsável pela produção de máquinas e equipamentos que são utilizados na produção de bens e serviços. O setor atende diversas áreas da economia, servindo de base para empresas de todos os portes, produz diferentes categorias de máquinas e equipamentos:

Variáveis macroeconômicas como crescimento do PIB, taxa de juros e variação cambial estão relacionadas diretamente com o crescimento das empresas do setor de bens industriais, portanto a necessidade de um ambiente favorável de investimentos o torna cíclico. Essas empresas requerem uso intensivo de capital durante suas operações, seja para compra de matéria-prima, equipamentos ou para manter seus parques industriais modernos e eficientes. Como a matéria-prima representa boa parte dos custos dos produtos, em períodos de baixa atividade econômica, o repasse de preços pode ser dificultado, prejudicando o desempenho das empresas. 

Perspectivas futuras para o setor de bens industriais

Em 2020, a pandemia atrapalhou a retomada de crescimento da indústria, mas ao que tudo indica o já pior ficou para trás. Desde a pior fase da pandemia a indústria cresceu por nove meses seguidos. No Brasil, os juros baixos e o bom desempenho das commodities impulsionaram essa rápida retomada. No exterior, os estímulos liberados pelos governos em forma de auxílio, fomentaram o consumo e ajudaram na recuperação da atividade industrial. Hoje já conseguimos observar um novo processo de recuperação e um certo otimismo do empresariado global.

Como forma de proteção frente a volatilidade da economia nacional, Randon, Tupy e WEG buscaram e ainda buscam diversificação geográfica através de expansões no exterior. Hoje as três empresas possuem partes de suas receitas fora do Brasil, com exposição a moedas fortes como o euro e o dólar. Essa estratégia garante maior estabilidade aos negócios e acaba reduzindo significativamente os riscos locais.

Já que as empresas são muito diferentes, tanto em tamanho quanto em operação, utilizamos seus próprios múltiplos históricos como base de comparação de preço e eficiência:

Os ventos sopram numa direção favorável

Exposição a setores em ciclos favoráveis: a alta das commodities tem relação direta com crescimento da demanda mundial por bens de capital. No mundo todo, esse aumento, reflete em maiores investimentos por parte das principais empresas ligadas a mineração, óleo e gás, papel e celulose, agroindústria e construção civil. Essas empresas tendem a seguir substituindo equipamentos para ganho de produtividade. Tudo indica que esses setores continuarão com bons desempenhos nos próximos anos. Como resultado, veremos um aumento na produção e na demanda por máquinas, caminhões, equipamentos e peças de reposição. 

Aumento dos investimentos em infraestrutura: obras de infraestrutura são motores importantes de geração de emprego, especialmente durante períodos de contração econômica. Juntamente com os pacotes de estímulo, a médio e longo prazo, serão fundamentais no processo de recuperação. O resultado deve ser um aumento na produção e no consumo de bens industriais, já que o setor que serve de base para as empresas de infraestrutura.

Foco em energia limpa: segundo dados da BNEF, em 2020, o mundo investiu mais de 300 bilhões de dólares em energias renováveis. Seguindo nessa direção, o governo de Joe Biden se comprometeu em, até 2035, reduzir a zero as emissões de CO2 provenientes da produção de energia nos EUA. No Brasil, entre 2021 e 2029, entrarão em operação expansões de capacidade voltadas para energia renováveis. A tendência aponta para um crescimento exponencial da geração de energia solar fotovoltaica, eólica e hidráulica. 

Níveis de automação subindo: a busca por automação significa uma indústria mais competitiva e com margens cada vez melhores. Em contrapartida, os gastos com energia elétrica acabam se tornando cada vez mais relevantes nos custos de produção da indústria. Existe uma forte tendência de busca por máquinas com maior eficiência energética.

Análise Inicial Randon [RAPT4]

Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 18.50

Pronta dentro e fora da estrada!

Um ótimo potencial de retorno

A empresa tem diversificado cada vez mais suas receitas. As aquisições no ramo de autopeças, estão contribuindo e no processo de internacionalização e expansão de capacidade. Recentemente, a subsidiária Frasle (FRAS3) comprou a Nakata, visando aumentar a oferta de produtos da empresa e trazer ganhos de escala importantes. Esse movimento é fundamental para que a empresa seja cada vez menos impactada por ciclos de baixa do setor. 

Outro ponto importante é a alta exposição da empresa ao agronegócio, setor que tem crescido de forma contínua nos últimos anos. Somado a isso, esperamos que o mercado de pesados entre novamente num ciclo muito positivo nos próximos anos e que a demanda por implementos rodoviários e autopeças acompanhe essa expansão. Nós também estamos confiantes com os investimentos da Randon em inovação e vemos boas oportunidades de crescimento relacionadas a linha de serviços e ao desenvolvimento de novos produtos. 

Sobre a companhia

A Randon, empresa do setor de bens industriais, é uma gigante no seguimento de transporte de carga no país. Com diversas companhias no grupo, produz e exporta implementos rodoviários (reboques e semirreboques), vagões, autopeças e ainda conta com serviços financeiros (administração de consórcios e suporte às vendas) que complementam suas outras linhas de negócio.  

A empresa é líder no mercado doméstico de semirreboques com cerca de 35% de participação em um mercado que possui mais de 150 fabricantes. Seus produtos estão presentes em mais de 100 países sendo uma referência global em soluções para o transporte. Pioneira em tecnologia no transporte rodoviário de cargas no Brasil, consegue entregar produtos mais resistentes e mais leves, que geram eficiência superior aos concorrentes. Essas iniciativas de inovação garantem aos produtos Randon maior valor agregado e margens mais altas. 

Pontos positivos e oportunidades

Mercado de veículos pesados expandindo: acreditamos que popularização do e-commerce, a força da agroindústria e a retomada dos investimentos em infraestrutura seguirão contribuindo para o crescimento da demanda de veículos pesados. Além disso, a Euro 6¹, nova norma de controle da emissão de poluentes para motores a diesel, pode agir como um forte catalisador nesse processo, contribuindo também para um aumento na demanda por implementos rodoviários e autopeças. Até o momento, a Euro 6 está prevista para entrar em vigor em 2023.

Agroindústria ainda mais forte: a combinação de juros baixos e câmbio alto impulsiona as exportações do agronegócio. As projeções para as próximas safras são ainda melhores, os altos volumes de exportação de grãos devem seguir impulsionando a demanda de veículos pesados. Para ficar ainda melhor, com o combustível mais caro, a busca por implementos que ofereçam um menor consumo de combustível tende a crescer. Esperamos um aumento gradual no market-share no segmento de implementos. 

Autopeças de reposição: o aumento da quantidade de quilômetros rodados e da idade média das frotas, serão fundamentais para o crescimento do segmento de peças de reposição (aftermarket). O maior posicionamento da Randon nesse mercado pode contrabalançar possíveis quedas nas receitas, tanto de implementos quanto do mercado de peças destinadas às montadoras. Em momentos em que os índices de renovação de frotas estão baixos, o mercado de veículos usados aquece e ajuda a puxar para cima as vendas de peças de reposição. 

Ganho de produtividade: recentemente a Randon vem investindo forte para aumentar sua capacidade de produção, modernizando boa parte de sua linha de montagem de reboques por meio de automação. Esperamos que a empresa continue ganhando eficiência à medida que o nível de automação cresça. 

Foco em inovação: recentes mudanças estruturais da Randon estão permitindo uma melhor alocação de capital, aumentando os níveis de automação e os investimentos em tecnologia. Destaque para o projeto do eixo de tração elétrica e-Sys que pode se tornar uma fonte de receita relevante para a empresa no longo prazo. 

¹Assim como ocorreu nos anos que antecederam a Euro 3, nos 2 próximos anos, as empresas devem antecipar as renovações de frotas, evitando os reajustes de preço nos veículos “pós-norma”. Os anos que precederam Euro 3 foram marcados por recordes de produção de caminhões no país.

Desafios e riscos

Diversificação geográfica: um dos grandes desafios do grupo Randon é conseguir aumentar sua penetração no mercado externo, para estar cada vez mais estar exposto a clientes em diferentes mercados e a moedas fortes.  

Elevação brusca nas taxas de juros: altas taxas de juros prejudicam processos de renovação das frotas. Linhas de financiamento mais caras prejudicam as vendas de caminhões e afetam tanto o segmento de autopeças para veículos novos, quanto o segmento de implementos rodoviários. 

Poucas barreiras de entrada: no mercado de implementos rodoviários, devido à baixa complexidade do produto, as barreiras de entrada não são tão grandes. O grande número de fabricantes no segmento e os novos entrantes podem ganhar participação de mercado da empresa, o que pode afetar as margens e até mesmo pressionar os preços de venda de seus produtos. Isso exige que a empresa esteja sempre melhorando seus produtos. 

Nossas projeções para Randon

Análise Inicial Tupy [TUPY3]

Recomendação: COMPRAR
Preço alvo: R$ 28.00

O melhor aço tem que passar pelo fogo mais quente!

A Tupy é mais uma das nossas apostas para o setor 

Gostamos da Tupy por ser uma empresa do setor de bens industriais que possui alta capacidade de produção e com margens maiores que seus concorrentes. A empresa ainda conta com custos de insumos protegidos por cláusulas de repasse, tudo isso em um mercado que possui barreiras significativas de entrada.

Acreditamos que o risco associado à popularização dos veículos elétricos pode estar sendo superestimado pelo mercado e, por isso, a empresa está sendo negociada a múltiplos mais atrativos que outras empresas do setor. O maior alvo dos veículos elétricos são os carros convencionais para passageiros, porém a Tupy concentra a maior parte de suas receitas no segmento de veículos pesados (comerciais), máquinas agrícolas e máquinas para a construção civil. Esses veículos não são facilmente substituídos por veículos elétricos, pois o uso de baterias é muito mais complexo que em veículos leves. 

A aquisição do negócio de fundição da Teksid, uma das principais concorrentes, será estrategicamente importante para aumentar as regiões com instalações no mundo, o que pode ajudar a fortalecer a posição da Tupy principalmente na Europa. Caso aprovação ocorra, enxergamos um potencial adicional de valorização de até R$ 3.50.

Sobre a companhia

A Tupy, empresa do setor de bens industriais, é a maior fabricante de blocos e cabeçotes de motor de ferro do mundo, dominando o nicho de mercado na América Latina e nos Estados Unidos. Ela também produz outras peças automotivas e pequenas peças fundidas para aplicações hidráulicas.

Com materiais de alta tecnologia, ostenta um processo integrado por meio de sua unidade de fundição própria. A empresa exporta para mais de 20 países e conta com uma base de clientes com mais de 50 montadoras e fabricantes de motores. A Tupy foi fundada no Brasil, onde mantém sua sede até hoje. 

Pontos positivos e oportunidades

Pacote de infraestrutura americano: a empresa está em uma posição privilegiada, já que boa parte dos blocos e cabeçotes de ferro são canalizados para veículos e máquinas off-road. Como a Tupy está indiretamente exposta aos setores de mineração, construção, agricultura e infraestrutura, deve se beneficiar dos pacotes de estímulos nos EUA. 

Margens melhorando: com a retomada das vendas por parte das montadoras e com o progressivo aumento da complexidade dos blocos de motor, a Tupy pode ser favorecida por possuir tecnologias, processos e ferramentas de usinagem que as montadoras não possuem. Uma maior taxa de terceirização nesses processos representa maiores volumes de vendas para a empresa. Somado a isso, a aquisição da Teksid pode trazer sinergias importantes nas fábricas do Brasil e do México. A combinação dos processos de usinagem, não só aumenta a capacidade de produção, como também reduz os custos. O ganho de escala pode contribuir para que a margem EBITDA fique cada vez melhor. 

Boas tendências: o aumento do preço de commodities tem relação direta com atividade industrial e com o crescimento da demanda de bens industriais no mundo. Esse aumento já vem ocorrendo e aponta para uma aceleração da produção industrial mundo afora. Esses fatores podem impulsionar as receitas da empresa. 

Barreiras de entrada para concorrentes: os custos iniciais de implantação de uma indústria são gigantes e muitas vezes economicamente inviáveis, além disso, a alta competitividade no setor de bens industriais dificulta muito a entrada de novos competidores. 

Potencial pouco explorado na Ásia: embora tenha crescido, a presença no mercado asiático ainda é pequena em comparação com outras regiões. Muitas fábricas na Ásia ainda têm fundições próprias, essas fábricas tendem a terceirizar seus serviços de fundição gradualmente, como já aconteceu em outros mercados.  

Desafios e riscos

Veículos elétricos a preços competitivos: vemos um risco maior no futuro, à medida que a tecnologia se torne mais sofisticada, a demanda por blocos e cabeçotes de motor de ferro pode cair drasticamente. Em contrapartida, novas tecnologias de baixa emissão de carbono devem surgir. Motores de veículos híbridos (elétricos + combustão interna) e motores a combustão a hidrogênio ainda exigem blocos e cabeçotes. 

Poder de barganha de clientes e fornecedores: montadoras globais (principais clientes da Tupy) tendem a negociar preço, principalmente quando os insumos ficam mais caros. Mesmo que protegida por cláusulas contratuais, os repasses de custo tendem a ser negociados e aplicados com 3 meses de atraso, que pode reduzir o volume de vendas e afetar de forma pontual as margens da empresa. 

BNDES/Previ: esses dois entes governamentais são atualmente os maiores acionistas da Tupy. Esperamos que no futuro ambos vendam suas ações, já que no longo prazo não há razão para permanecerem como acionistas. Essa saída pode gerar uma volatilidade temporária nas ações da Tupy. Embora seja um grande desafio, acreditamos que isso pode ter um impacto positivo à medida que abre espaço para entrada de um novo parceiro estratégico, ou permite que a Tupy se torne uma corporation.

Nossas projeções para Tupy

Análise inicial WEG [WEGE3]

Recomendação: MANTER
Preço alvo: R$ 32.50

Nem sempre a bebida mais cara é a que mata a sede mais de pressa

Uma belíssima empresa. O preço, nem tanto

A empresa hoje é negociada a múltiplos nada atraentes, que presumem um crescimento muito forte nos próximos anos. Mesmo com um histórico de ótimos desempenhos em todos os mercados de atuação, vemos muitas incertezas relacionadas à progressão desse crescimento. No momento, acreditamos que o potencial da empresa está precificado e outras empresas do setor de bens industriais têm maior potencial de retorno e menor risco associado. 

Na nossa visão, existem 5 pilares que poderiam sustentar esse crescimento esperado pelo mercado. O primeiro, seria o aumento da demanda por produtos ligados a energias renováveis. Em segundo lugar, os crescentes investimentos em veículos elétricos, que fazem crescer a demanda por componentes e infraestrutura de recarga. O terceiro, a maior busca por equipamentos e soluções para armazenamento de energia. Em quarto, oportunidades voltadas para a indústria 4.0, com produtos e soluções digitais. O quinto, um dos grandes desafios da empresa, o ganho de participação de mercado no exterior. 

Sobre a companhia

A WEG é uma das gigantes da indústria do Brasil, fabricante de equipamentos eletroeletrônicos industriais, motores para uso doméstico, tintas, vernizes e componentes para geração de transmissão e distribuição de energia.

Com presença global, tem a maior parte das receitas provenientes do mercado externo, o que lhe garante alta exposição ao dólar. A empresa adota um modelo de produção verticalizado, que torna a empresa mais autossuficiente. A WEG ficou muito popular após suas ações valorizarem mais de 100% em 2020. A companhia que, nos últimos anos, entregou crescimento muito forte, margens ótimas e forte gerações de caixa, vem investindo em pesquisa e desenvolvimento e inovando para expandir cada vez mais sua presença em novos mercados.

Pontos positivos e oportunidades

Transição energética global: esse processo causará uma transformação na maneira de produzir e consumir energia. Do lado da geração, esperamos um crescimento robusto dos investimentos em energia renováveis, em particular em energia solar e eólica. Do lado do consumo, temos a popularização dos veículos elétricos. Esses aspectos trazem perspectivas de crescimento exponencial para o mercado global de infraestrutura, carregamento e armazenamento de energia. Esses fatores podem multiplicar as receitas da companhia, que possui parcerias² para desenvolvimento de produtos voltados para mobilidade elétrica.

Exposição aos setores certos, na hora certa: a empresa fornece diversos tipos de motores e outros equipamentos voltados para os setores como mineração, óleo e gás, papel e celulose e agroindústria. Um novo boom nas commodities geraria um maior volume de investimento em equipamentos, o que resultaria num aumento do volume de venda de produtos de ciclo longo³.  

Retomada dos investimentos no Brasil: dentro desse processo, enxergamos uma tendência natural de modernização da indústria, progressivamente buscando por máquinas e eletroeletrônicos industriais com maior eficiência energética. Outro ponto positivo, são os novos investimentos em infraestrutura resultantes dos marcos regulatórios, que podem aumentar a demanda por produtos WEG, em especial nos setores de extração de petróleo, saneamento e energia. Novos leilões de linhas de transmissão de energia, costumam contribuir com o aumento das vendas de produtos de ciclo longo (exemplo: transformadores de grande porte e subestações).   

Ganho gradual de market-sharea WEG vem conseguindo aumentar cada vez mais a sua penetração em diferentes mercados, tanto por meio de aquisições, quanto por meio de parcerias estratégicas para construção de novas fábricas (exemplo: sua nova planta na Índia e expansão na China). Embora seja uma gigante nacional, nos mercados que atua, a empresa tem receita líquida muito inferior aos principais players globais, o que significa que ainda há espaço para crescimento, tanto em volume quanto, em participação de mercado.  

² Volkswagen (sistema de powertrain para caminhões elétricos); EDP & Renaut (fornecimento das estações de recarga para veículos elétricos); Randon (componentes eletrônicos para caminhões híbridos); Embraer (aeronaves com propulsão elétrica)

³ Produtos de ciclo longo demandam condições específicas de projeto e fabricação. Como consequência, possuem margens melhores e demoram mais para serem entregues ao cliente final.  Já os de ciclo curto, são produtos que já estão no portfólio da empresa, fabricados em escala e de maneira rápida, mas que normalmente possuem margens menores

Desafios e riscos

Brigando entre gigantes: um dos grandes desafios da WEG é a batalha por market-share, já que empresa está competindo com os grandes players mundiais em quase todos seus mercados de atuação. No segmento de motores elétricos industriais, a alta concorrência pode resultar em perda de participação de mercado ou redução de margens. Para atender às expectativas do mercado em renováveis, a empresa precisa crescer e além disso se tronar um player relevante no mercado mundial. 

Expectativas altas do mercado em relação ao crescimento: muitos dos negócios que podem gerar o crescimento esperado pelo mercado ainda são incipientes e pouco relevantes nos resultados das empresas. As novas linhas de negócios, como armazenamento de energia e soluções voltadas para a indústria 4.0, precisam crescer de maneira robusta para a WEG surpreender. Validar seus projetos no Brasil não será suficiente, a empresa terá de fazer aquisições e parcerias estratégicas para se inserir no mercado externo. Esses fatores trazem muitas incertezas para as projeções. 

Recuperação industrial lenta no mundo: o desempenho do segmento de máquinas e motores é fortemente influenciado pelo nível de investimentos realizados, caso não ocorram, a retomada das principais economias do mundo pode ser prejudicada, o que levaria a um impacto negativo nas nossas projeções. Por mais diversificadas que estejam as receitas, esse cenário pode impedir o crescimento esperado que hoje está refletido no preço das ações.  

Nossas projeções para WEG

Riscos de se investir no setor

Assim como qualquer outro, o setor de bens industriais carrega consigo alguns riscos. O setor de bens industriais está exposto a ciclos econômicos, portanto a velocidade de crescimento das empresas não é tão alta quanto em outros setores. Elencamos alguns riscos pontuais que podem impactar diretamente as empresas citadas:

Crescimento da atividade econômica abaixo das expectativas: por mais diversificadas que estejam suas receitas o crescimento das empresas está atrelado a uma boa performance dos seus mercados de atuação. Uma retomada mais fraca que a esperada na América do Norte e na Europa, impactaria negativamente os resultados da WEG e da Tupy. No caso da Randon, os negócios e os resultados seriam prejudicados por um fraco desempenho da economia nacional, principalmente de setores como agronegócio e construção civil.  

Inflação: aumentos nos preços ou redução da oferta dos insumos (aço, energia elétrica ou gás natural) podem afetar negativamente os custos de produção e as margens operacionais das empresas. Em momentos de demanda fraca, as empresas podem ter maior dificuldade de repassar os preços. Diferentemente da Tupy, WEG e Randon não estão protegidas contra o aumento de preços por cláusulas contratuais. Os repasses de custos para os clientes a preços não competitivos podem reduzir volume de vendas e as margens das empresas.  

Valorização do Real: no último ano, a desvalorização do Real impulsionou as receitas das empresas com maior exposição ao mercado externo. Num cenário oposto, os impactos nos resultados operacionais tanto da Tupy quanto da WEG seriam negativos. A Tupy tem cerca de 80% receitas no mercado externo enquanto a WEG tem por volta de 60%. 

Um pouco mais sobre o setor

O setor de bens industriais, também conhecido como bens de capital. No PIB está representado dentro categoria: formação bruta de capital fixo (FBCF). Essa categoria é dividia em três segmentos: construção, máquinas e equipamentos, e outros. Onde máquinas e equipamentos representa o setor de bens industriais.

O setor de Bens Industriais no Brasil

No Brasil temos a seguinte temos a seguinte segmentação dentro do PIB:

Nos últimos anos, toda a indústria brasileira vem sofrendo bastante, principalmente pela queda nos níveis de investimentos, que atingiram patamares muito baixos. O setor de bens industriais não só recuou, mas também perdeu participação no PIB. 

Alguns fatores contribuíram para essa queda investimentos. Os juros historicamente altos, os custos elevados dos insumos, a baixa infraestrutura de logística e a alta e complexa carga tributária brasileira prejudicaram e ainda prejudicam competitividade da indústria nacional. 

Os juros altos, muitas vezes, inviabilizam projetos de investimentos das empresas. Nossa carga tributária está entra as maiores cargas do mundo. As complexas legislações e o alto nível de burocracia e elevam os custos de regulamentação, o que implica numa menor competitividade em relação a outros países. Em sua maioria, os tributos não são recuperáveis e acabam onerando insumos e serviços ao longo de toda a cadeia produtiva. Os insumos, em sua maioria dolarizados, elevam boa parte do Custo Brasil. Os baixos investimentos em infraestrutura e a dependência do modal de transporte rodoviário tornam altos os custos de logística no país. 

A retomada da indústria no Brasil

Numa perspectiva otimista, se a atividade econômica alcançar o mesmo ritmo de 2013, a indústria nacional pode dobrar o seu tamanho atual e saltar de 6% de participação no PIB, para valores próximos de 8%. Alguns fatores muito importantes que tendem a guiar essa retomada de crescimento da indústria: 

Juros: com a taxa básica de juros em patamares baixos é provável que ocorra uma retomada gradual dos investimentos e, portanto, espera-se crescimento da produção industrial no Brasil. 

Reformas tributárias: caso sejam aprovadas, trarão alguns benefícios importantes para o setor, podendo tornar a indústria nacional mais competitiva no médio e longo prazo. A expectativa é que algumas dessas reformas, mesmo que de forma parcial, reduzam a alta carga tributária brasileira, diminuam os entraves burocráticos e aliviem a complexidade fiscal, o que pode ajudar a destravar os investimentos no setor.  

Marcos Regulatórios: no Brasil, teremos marcos regulatórios sendo votados ou executados (saneamento, gás natural, navegação de cabotagem, transporte ferroviário e no setor elétrico). A tentativa de se reduzir os déficits sanitários, habitacionais e de infraestrutura gera um elevado potencial de crescimento da indústria voltada para construção civil e infraestrutura. 

Ganhos de eficiência: existe um potencial que começa a ser explorado na busca por aumento de produtividade. A capacidade ociosa, ainda elevada em função das últimas crises, dá a indústria a capacidade de responder a aumentos na demanda decorrentes do reaquecimento da economia. 

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