Pontos de destaque:
(i) Esperamos um resultado sólido, com pequeno crescimento de receita e margens sequencialmente maiores; (ii) Brasil e CAC (América Central e Caribe) devem ser novamente os destaques positivos; (iii) Argentina, pertencente ao LAS (América Latina do Sul), e Canadá, os negativos; (iv) Commodities (trigo e milho) em tendência de queda é um vento favorável; (v) Enxergamos potencial de crescimento limitado na companhia; (vi) Não vemos melhoras em LAS e no Canadá no curto prazo; (vii) Reiteramos recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 15,00.
A Ambev (ABEV3) irá reportar o seu resultado do 4T23 no dia 29/02, e, neste relatório, vamos apresentar as nossas expectativas para os números da companhia e compará-las às expectativas de mercado.
Esperamos um resultado sólido, com pequeno crescimento de receita líquida impulsionada por uma melhora na receita líquida por hectolitro (ROL/hl), e uma ligeira expansão de margens. Os principais destaques positivos devem vir, novamente, do Brasil e do segmento CAC (América Central e Caribe), enquanto os negativos do LAS (América Latina do Sul), em virtude do difícil cenário macroeconômico na Argentina, e do Canadá.
Em relação as principais commodities que compõem o COGS da Ambev (trigo e milho), estamos com um viés baixista. Desse modo, vemos espaço para novas expansões de margens ao longo dos próximos exercícios.
No entanto, enxergamos pouco potencial de crescimento na companhia e não vemos melhorias no curto e médio prazo para os segmentos LAS (América Latina do Sul) e Canadá. Além disso, o upside em relação ao preço atual é baixo. Assim, mantemos a cautela com os papéis da companhia, e reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 15,00.
Prévia 4T23
No 4T23, projetamos uma receita total de R$ 23b, um avanço de 1,3% a/a. Estimamos ainda um EBITDA de R$ 7,6b, crescimento de 6,8% a/a, equivalente a uma expansão de 1,7 p.p. a/a na margem EBITDA, a qual deve atingir 33%. Por fim, para o lucro líquido, projetamos R$ 4,5b, recuo de 12,8% a/a.
Ambev: Variação Anual e Trimestral
Em relação ao consenso. Nossa receita projetada se encontra 0,8% acima do consenso, e nossa margem EBITDA 0,5 p.p. menor que o consenso.
Perspectivas para os segmentos
Cerveja Brasil. Neste segmento, devemos contar com (i) uma receita líquida por hectolitro (ROL/hl) pautada por drivers similares ao 3T23, ou seja, pelo carry-over dos aumentos de preços realizado ao longo de 2023 e por iniciativas de gestão de receita; (ii) um pequeno recuo na base anual dos volumes, devido a um tough comp (no 4T22, houve a Copa do Mundo, evento não-recorrente); (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) desacelerando sequencialmente e (iv) um SG&A com drivers similares aos do 3T23, com a companhia investindo em suas marcas (sales & marketing), e capturando maiores eficiências em administração e distribuição.
Um dos principais destaques do segmento deve ser a linha premium (Corona, Original, Spaten, entre outros), que deve ter apresentado um crescimento acima da indústria. No médio-longo prazo, a Ambev visa crescer top-line em linha com o IPCA, acrescido de ganhos de mix que devem ocorrer via “premiunização” da linha de bebidas.
NAB Brasil. Na operação de bebidas não alcoólicas no Brasil, estimamos (i) uma receita líquida por hectolitro (ROL/hl) sequencialmente mais fraca, devido a um mix mais desfavorável (maior presença de multipack no mix, devido a ocasiões de consumo do final de ano); (ii) boa dinâmica de volumes; (iii) um custo por hectolitro (COGS/hl) apresentando uma melhora sequencial, devido ao câmbio e à redução no preço do açúcar; (iv) um SG&A com uma pequena melhora sequencial.
Nota-se ainda que a categoria de health and wellness, pautada por produtos como isotônicos, energéticos e refrigerantes diet, como Pepsi Black, Guaraná Zero, entre outros, deve ser um dos principais destaques operacionais positivos do segmento.
América Latina do Sul (LAS). Já no segmento LAS devemos ver (i) a operação da Argentina (~60% do EBITDA), prejudicando fortemente o resultado consolidado do segmento devido ao cenário macroeconômico volátil no país, que tem impactado negativamente a renda disponível da população (e contribuído para volumes menores), e aos efeitos contábeis da hiperinflação no país (conversão do resultado do ano deverá ser convertido pelo dólar de fechamento de 2023, bastante desvalorizado pós-eleições) e (ii) as operações LAS ex-Argentina (Bolívia, Paraguai, Uruguai e Chile) apresentando um desempenho sólido, mas insuficiente para compensar o mal desempenho da Argentina.
América Central e Caribe (CAC). Para a divisão CAC, projetamos um trimestre bastante positivo, com números favoráveis liderados por um bom desempenho operacional na República Dominicana. Assim, devemos ver (i) um crescimento da receita na base anual, impulsionado por um avanço sequencial nos volumes; (ii) um custo por hectolitro (COGS/hl) e SG&A desacelerando e recuando na base anual e (iii) margens interessantes.
Canadá. No Canadá, esperamos continuar vendo uma indústria fraca no 4T23. Ainda que o segmento de Beyond Beer deva apresentar um bom desempenho, este não deverá ser o suficiente para compensar a queda no volume de vendas de cerveja. Assim, projetamos (i) uma pequena queda de top-line impulsionada por uma queda nos volumes; (ii) uma piora no custo por hectolitro (COGS/hl) na base anual e (iii) uma pequena melhora no SG&A que deve ajudar a manter um EBITDA saudável, ainda que a margem EBITDA apresenta uma ligeira compressão na base anual.
Consolidado. Por fim, no consolidado, devemos ver um resultado sólido, com (i) ligeiro crescimento de top-line na base anual, novamente impulsionado por uma crescente receita líquida por hectolitro (ROL/hl) e (ii) uma pequena expansão de margens.
Vale ainda dizer que o resultado financeiro consolidado deve seguir demonstrando melhoras sequenciais, em virtude de melhores números na linha de derivativos, um vez que a companhia vem reduzindo seu hedge na Argentina.
Nossa visão e recomendação
Esperamos que o 4T23 seja mais um trimestre em que a companhia siga apresentando uma expansão gradual de margens, tendência que esperamos que se mantenha ao longo de 2024 com as commodities que compões o COGS da Ambev (trigo e milho) em queda.
Devemos ainda observar, neste ano, uma continuação de momentum positivo no Brasil e República Dominicana. Porém, vemos ainda grandes dificuldades na Argentina, país que representa ~60% do EBITDA do LAS, devido a forte volatilidade macroeconômica do país, e não enxergamos melhoras na indústria de cerveja no Canadá.
Além disso, vemos pouco potencial de crescimento na companhia, com um ambiente competitivo cada vez mais acirrado, e enxergamos um baixo upside em relação ao preço atual de tela. Portanto, reiteramos nossa recomendação de MANTER com Target Price 12M de R$ 15,00.