Conclusão: A Auren realizou seu Investo Day no dia de ontem, focando em seu evento para falar sobre o setor elétrico brasileiro, sua evolução nos últimos anos, no cenário climático do último ano, na evolução da agenda regulátoria e a importância da abertura do mercado livre de energia. Com um clima muito mais favorável em relação ao preços de energia para as geradoras, a empresa tem boas perspectivas para o ano, investindo muito em sua comercializadora de energia como forma de otimizar se portfólio. Como ponto de atenção citamos a alocação de capital que a empesa terá de fazer nesse ano, seja comprando ativos (como por exemplo osativos da AES Brasil), seja participando dos leilões de transmissão, ou atraves de dividendos. Apesar de gostarmos das informações divulgadas pela empresa, acreditamos que os fatores que poderão beneficiar a Auren também beneficiarão a Eletrobras, nossa top-pick do setor, trazendo um upside melhor ao acionista em nossa visão. Mantemos nossa recomendação de Manter para as ações da Auren.
Cenário de energia
No começo do evento, o CEO da empresa comentou sobre a evolução da capacidade instalada do SIN, evidenciando o forte aumento que as fontes renováveis intermitentes tiveram na sua participação entre os anos de 2016 e 2024. As fontes eólicas e solares passaram de 16% de participação para 41%. Uma característica dessas fontes é o fato de serem inflexiveis, ou seja, só produzem energia quando os elementos da natureza estejam atuando (no caso o sol e os ventos) e, devido a esse aumento de participação, aumenta o desafio do operador do sistema em atender a rede durante todo o dia, conciliando a mudança do perfil de consumo de energia ao longo das 24h com a mudança do perfil de geração de energia para atender à esse consumo.
Para o futuro, é certo que essas fontes intermitentes irão crescer muito mais do que o parque hidroelétrico, uma vez que o Brasil já esgotou quase toda a sua capacidade de geração através de hidroelétricas e, com isso, essa gestão de energia só tende a aumentar e com ela a volatilidade de preços intraday. Esse fato é positivo para as hidrelétricas, uma vez que possuem a flexibilidade de gerarem energia em qualquer hórario, é possível que no futuro haja um prêmio nos preços para recompensar essa disponibilidade, além do fato de as usinias poderem gerar mais energia em momentos de preços mais elevados e com isso, obterem preços melhores.
Outra mudança comentada diz respeito a mudança do cenário climático com relação ao último Auren Day, realizado em 2023. No ano passado, tinhamos um cenário com reservatórios em níveis bem acima a média e sem perspectivas para voltar aos níveis usuais e, aliado a isso, uma preocupação com um aumento de oferta – cerca de 80 GW em projetos de energia renováveis ja estavam outorgados pela ANEEL para entrar em operação até 2028. Esse excesso de oferta, aliado a uma expansão fraca da demanda, derrubou os preços dos contratos de energia a níveis bem abaixo do custo marginal de expansão do sistema, diminuindo a atratividade desses novos projetos e pressionando as geradoras mais descontratadas.
Esse ano, o cenário já mudou radicalmente, apesar de previsto um verão com chuvas abaixo da média, ninguem poderia prever que fosse tão abaixo. Aliado a isso, vimos uma redução drastica do número e projetos outorgados na ANEEL, atualmente em 40 GW. Com isso, os preços de energia de longo prazo voltaram a patamares mais próximos ao custo marginal de expansão, o que reduz a pressão sobre as geradoras de energia.
Agenda Regulatória
Desde 2023, a agenda regulatória do setor pouco avançou. Para o ano de 2024, a Auren citou a necessidade de avanços com relação a abertura do mercado livre de energia, os leilões de reserva de capacidade, a melhor valorização dos serviços prestados pelas hidrelétricas no que diz respeito a flexibilidade e segurança que essas usinas trazem ao sistema nacional e a redução do custo de energia para o consumidor final através do encerramento de diversos contratos de energia com usinas termétricas que atualmente não fazem mais sentido. Com relação ao leilão, a Auren pretende usufruir do seu potencial de expansão da UHE Porto Primavera, podendo adicionar 4 novas turbinas a usina, adicionando 440MW de potência aos atuais 1540 MW.