Se olharmos para o resultado ajustado de Azul, tivemos um trimestre em linha com nossas expectativas e as do mercado. Porém, ao computar os efeitos “não recorrentes”, vemos um resultado abaixo das estimativas. Nossa avaliação é de que a empresa entrou um operacional forte com aumento nas tarifas. Apesar do prejuízo puxado pelo resultado financeiro, sabíamos que os efeitos da redução dos preços de combustíveis ainda não apareceriam neste trimestre, entendemos que o movimentos de amortização da dívida e redução da alavancagem serão instrumentos importantes para um 2023 mais tranquilo.
Na nossa visão, o destaque negativo do resultado foi o aumento do Yield abaixo das expectativas, que finalizou o trimestre em 48,1 centavos (+4% t/t e +37% em relação ao 3T19) abaixo dos 48,9 projetado por nós. Apesar da redução de aproximadamente 10% no preço do QAV durante o trimestre, a defasagem fez com que esses efeitos ainda não fossem sentidos nos resultados do período divulgado.
Contudo, apesar de um combustível mais caro, a companhia apresentou melhora em seu CASK (-1% t/t). Isso aliado a um CASK Ex-Fuel decrescente (-7% t/t) nos mostra uma melhora tanto operacional quanto de oferta de assentos, o que, dado a elevação no Yield e a melhora na taxa de ocupação nos indica que a demanda por viagens permanece aquecida.
Outro ponto que nos chama a atenção nos resultados da Azul é a contínua redução de sua alavancagem. Desde 2021, a Companhia conseguiu reduzir sua relação Dívida líquida/ EBITDA em 5,5x.
A despesa financeira elevada por conta da manutenção dos juros em patamares elevados, além de um dólar médio 6,5% maior na comparação trimestral continua sendo o principal detrator do resultado, levando a Companhia a reportar um prejuízo líquido de R$ 1,65 bilhões.
O que esperar daqui pra frente?
Acreditamos que o Yield deverá subir nos próximos meses, dado a demanda aquecida e o período sazonalmente mais forte, com tarifas maiores e maiores taxas de ocupação. Esperamos que 2023 seja um ano mais promissor em termos de receita e eficiência, visto que a Companhia vem melhorando sua eficiência de combustível com as adições dos novos Embraer E2. Além disso, sua demanda corporativa já se encontra acima dos níveis pré-pandemia e aumentará substancialmente com a entrada dos novos slots em Congonhas.
Com isso, a Azul estima um EBITDA anual de aproximadamente R$ 5 bilhões para o ano seguinte, o que representaria um acréscimo de mais de R$ 1 bilhão se considerarmos os últimos 12 meses de resultado da empresa.
Análise Quantitativa
O 3T22 totalizou um valor de R$ 4,38 bilhões de receita líquida (+61% a/a e +11,5% t/t), frustrando as nossas expectativas em 2,2% e ficando em linha com as do mercado. O EBITDA somou R$ 925 milhões (+90,5% a/a e 50,5% t/t), ficando 3,8% acima das nossas estimativas e em linha com o consenso do mercado. A margem EBITDA finalizou o trimestre em 21,1%, ficando 1,2pp acima das nossas expectativas.
Os resultados operacionais foram ajustados por itens não recorrentes, totalizando uma despesa líquida de R$52,6 milhões, relacionada a um ganho na reversão parcial do impairment de 6 aeronaves Embraer E-195 E1 no valor de R$346,1 milhões, que sairão da frota de passageiros como parte da aceleração do plano de transformação de frota, parcialmente compensada por outros itens relacionados a aeronaves no valor de R$398,7 milhões.