Após o forte desempenho no 4T23, esperamos que o resultado do 1T24 do BMG sofra uma normalização devido à sazonalidade desfavorável e a uma base de comparação desafiadora entregue no trimestre passado. Estimamos que o banco registre um lucro líquido de R$ 95 milhões no primeiro trimestre de 2024, representando uma queda de -23% t/t, mas um aumento significativo de 313% a/a. Quanto à rentabilidade (ROE), projetamos que fique em 9,6%, uma diminuição de 3 pp t/t, mas um aumento de 7 pp a/a. No entanto, estamos revisando nossas projeções para 2024 para cima.
No geral, estimamos um trimestre semelhante ao 4T23 para o BMG. Esperamos, no entanto, uma normalização nas provisões para perdas de crédito (PDD), após as cessões de carteira consignado que ajudaram o trimestre anterior. O aumento de provisões juntamente com um menor benefício fiscal deve impactar o lucro líquido neste período. Comparado ao 1T23, o banco apresenta uma carteira de crédito mais limpa e um patamar de despesas mais favorável, o que deve contribuir para um crescimento de lucro e um melhor índice de eficiência (-8,6 pp a/a).
Para 2024, estamos aumentando nossas projeções de lucro líquido de R$ 427 milhões para R$ 481 milhões, resultando em uma expansão de 135% a/a e uma rentabilidade de 11,9% (+6,7 pp a/a). Esperamos que o ano seja beneficiado por um crescimento da receita de juros acima do aumento da carteira, além de provisões e despesas operacionais controladas.
Do ponto de vista qualitativo, observamos que o novo CEO, Felix Cardamone, tem implementado melhorias nos processos, reduzido custos e reposicionado o banco para aumentar a rentabilidade de seu principal negócio, os produtos consignáveis. Ele tem atraído executivos de outras instituições, como o Santander, para reforçar áreas-chave, desde o time de crédito até a gestão de seguros. A contratação mais recente de destaque foi Marcelo Picanço, ex-CEO da vertical de seguros da Porto, fortalecendo ainda mais a equipe do BMG. Acreditamos que há um amplo espaço para melhorar a rentabilidade do BMG, especialmente quando comparado a outros bancos com carteiras similares, como Agi e Mercantil, que alcançaram ROEs de 33,8% e 29,8% em 2023, respectivamente, evidenciando uma grande diferença de rentabilidade.
Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR e ajustamos nosso preço-alvo de R$ 3,90 para R$ 4,10 devido à nossa percepção de um menor risco de execução. As ações continuam a ser negociadas a múltiplos atrativos, com um P/L esperado de 4,0x para 2024, 3,2x para 2025 e um P/VP esperado de 0,5x para 2024. Além disso, estimamos um dividend yield de 12% para 2024.
Banco BMG (BMGB4) | 1T24: Impactado t/t pelas provisões
Carteira de Crédito: Foco em consignados e CNC
Acreditamos que a carteira de crédito atingirá R$ 24,2 bilhões no 1T24, um aumento de 1,5% t/t e uma queda de 3,3% a/a. O crescimento trimestral deve ser impulsionado pelos produtos de crédito consignáveis, FGTS e crédito pessoal. A queda anual, no entanto, é resultado das cessões de carteira de consignado INSS realizada pelo banco nos últimos trimestres.
Para 2024, esperamos que o banco continue expandindo as carteiras de crédito consignáveis (cartão consignado, cartão benefício, consignado), FGTS e crédito pessoal, mas de forma bem mais suave, que deve levar a um crescimento de 10,4% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 26,3 bilhões.
Receita de juros (NII): Crescendo acima da carteira
Para o 1T24, estimamos que a receita de juros (NII) apresente um leve crescimento de 3% t/t e uma expansão de 11% a/a, atingindo R$ 1,2 bilhão.
Para 2024, esperamos que o NII cresça 12% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 4,5 bilhões. Esse crescimento deve ficar ligeiramente acima da expansão da carteira de crédito, em parte devido ao processo de cessão de carteira que acaba gerando receitas de cessão.
Inadimplência e Provisão: Em níveis mais normalizados
Para o 1T24, esperamos que a provisão para perdas de crédito (PDD) fique em R$ 408 milhões, um aumento de 22,6% t/t e uma redução de -11,1% a/a. Isso representa uma normalização em relação ao 4T23, que foi beneficiado pelo efeito de cessão de carteira. No entanto, observamos uma melhora significativa na visão anual.
Para 2024, esperamos que a PDD permaneça praticamente estável em relação a 2023, totalizando R$ 1,66 bilhão (+0,6% a/a), beneficiada pelas novas políticas e processos de crédito e cobrança.
Em relação à inadimplência acima de 90 dias, estimamos que o 1T24 fique em 4,5%, um aumento de 1pp t/t e uma redução de 0,8pp a/a. Esse aumento em relação ao 4T23 é resultado da cessão de carteira ocorrida que beneficiou o trimestre anterior. Para 2024, projetamos uma taxa de inadimplência de 4,2%, um aumento de 0,7 pp em relação a 2023, devido a mudança no mix e pelas cessões de carteira realizadas em 2023. No entanto, nossas expectativas de uma inadimplência de 4,2% para 2024 representa uma melhoria de -0,7pp em relação a 2022 e de -1,9pp em relação ao 3T23.
Despesas: Em linha com a inflação
Para o trimestre, estimamos que as despesas operacionais se mantenham em linha com o 4T23, totalizando R$ 490 milhões, um aumento de 0,8% t/t e uma queda de 5,0% a/a. Essa melhoria na comparação anual se deve ao trabalho de otimização das despesas realizado nos últimos trimestres.
Para 2024, estimamos que as despesas operacionais cresçam em linha com a inflação, chegando a R$ 2,1 bilhões, um aumento de 3,6% a/a. Com isso, o índice de eficiência deve atingir 53,9%, uma melhora de -6,2pp a/a.
Lucro antes de Imposto: Melhor a/a
Para o trimestre, esperamos que o lucro antes de imposto fique em R$ 100m (-6,1% t/t e reversão do valor negativo de -R$49m no 1T23). Esperamos que a comparação anual seja beneficiada por uma melhor geração de receita, menores níveis de provisão e menores níveis de despesas operacionais. Já a queda trimestral deve-se em parte pelo maior nível de provisão.
Para 2024, estimamos que o lucro antes de imposto apresente uma melhora significativa, com um total de R$ 455m (vs R$ 21m em 2023), beneficiado pela expansão das receitas ao passo que as despesas operacionais e provisões devem ficar relativamente estáveis.
Imposto: Contribuindo para o lucro
Para o trimestre, estimamos que o BMG apresente um menor benefício fiscal devido ao menor patamar de JCP, mas ainda contribuindo para o lucro líquido em R$ 5m.
Para 2024, estimamos que o imposto continue contribuindo para o lucro líquido em R$ 71m, uma redução considerável em relação a 2023 que somou R$ 256m, devido ao maior lucro tributável projetado para 2024.