O BMG apresentou um lucro líquido de R$ 72m no 3T23, revertendo o prejuízo de R$14m no 2T23 e crescendo 35,8% a/a. A rentabilidade (ROE) ficou em 7,4%, ainda em patamares fracos frente aos seus pares como Agi e Mercantil, mas com uma melhora significativa de quase 2pp a/a. Importante também, o lucro antes de imposto (EBT) também melhorou, alcançando R$ 61m, maior EBT desde meados de 2021 e substancial turnaround do prejuízo de -R$ 97m há apenas um trimestre atrás (2T23), refletindo melhoras em diversas linhas: substancial redução de despesas operacionais, melhora no funding (captação), provisões e recuperacao de credito e despesas com comissão.
O trimestre marca a gestão do recém-empossado CEO Felix Cardamone, assumindo o cargo em abril de 2023. Desde então, ele demonstrou habilidade ao gerar resultados a curto prazo, iniciando uma reestruturação nas áreas de análise de crédito, cobrança, fraude e onboarding. Essas iniciativas visam reduzir a inadimplência, aprimorar a precificação e fortalecer o controle das despesas.
Para 2024, esperamos que a companhia apresente uma rentabilidade bem melhor, podendo chegar a próximo de 10% (vs. 3,4% em 2023E), impulsionada pelas novas medidas adotadas pela nova gestão, conforme comentamos em nosso relatório de conversa com o CEO (clique aqui).
Por enquanto, reiteramos nossa recomendação de MANTER com preço-alvo de R$ 2,50, na espera de sinais mais concretos dos resultados da reestruturação. O BMG negocia a múltiplos atrativos de 0,35x P/VP 2023E e 3,28x P/L 2024E. Após o prejuízo no 2T23, acreditamos que resultados mais positivos no segundo semestre possam ser gatilhos para uma valorização de curto prazo, podendo ser um bom indicativo que processo de melhoria da nova gestão estaria fazendo efeito.
BMG (BMGB4) | 3T23: Revertendo o prejuízo
Carteira de Crédito: Baixo crescimento
A carteira de crédito total atingiu R$ 24,1b no 3T23, com uma diminuição de -2,0% t/t, mas um aumento de 5,3% a/a. A redução no trimestre foi influenciada principalmente pela cessão sem retenção substancial de riscos e benefícios de R$ 667 milhões de empréstimo consignado. Além disso, o banco está diminuindo as originações em cartões mar-aberto (R$ 301m), empresas (R$ 602m) e consignado nos Estados Unidos (R$ 2,5b) que devem seguir pressionando o crescimento da carteira total.
Receita de juros (NII): Impactado pela redução de taxa máxima do consignado
No 3T23, a receita de juros (NII) foi de R$ 1,1b, aumento de 3,7% t/t e de 18,0% a/a. As receitas de crédito atingiram R$ 1,8b (-0,3% t/t), a linha foi impactada pelas reduções das taxas de juros do cartão consignado, mas os crescimentos das carteiras do cartão consignado e antecipação do FGTS seguraram parte da queda. Além disso, estratégias como cessões sem retenção substancial de riscos e benefícios da carteira de empréstimo consignado contribuíram para as receitas.
Ademais, em out/2023, o CNPS aprovou novas reduções nas taxas máximas para o cartão de crédito consignado e empréstimo consignado, com vigência a partir de 23 de out/23. Assim, esperamos que tenha algum impacto negativo para o 4T23.
O custo de captação teve queda de 5,5% t/t, beneficiado pela redução da curva de juros e consequentemente ajudando na composição de uma melhor margem financeira.
Inadimplência e Provisão: Queda na PDD
As provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 414m (-7,0% t/t), reflexo das novas políticas e ações de crédito e de cobrança.
A taxa de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) alcançou 5,6%, com acréscimo de 0,1 pp t/t e 1,3 pp a/a. O movimento de inadimplência foi diversificado: empréstimos consignados no Brasil e nos EUA apresentaram aumentos de 1,4 pp t/t e 1,0 pp t/t, respectivamente, enquanto as linhas de varejo pessoa física (crédito na conta, cartão de crédito aberto e antecipação FGTS) melhoraram em -2 pp t/t. A deterioração da qualidade de crédito e a redução na carteira trimestral contribuíram para a piora na inadimplência. No trimestre, o índice de cobertura atingiu 92,9%, refletindo aumento de 4,0 pp t/t e 1,1 pp a/a.
Além da deterioração da qualidade de crédito, a piora na inadimplência ocorreu, em parte, por conta da retração da carteira na comparação trimestral e desaceleração na visão anual, reduzindo a base de cálculo.
Despesas: Destaque do tri
As despesas ficaram em R$ 528m, apresentando uma redução de 9,6% t/t e relativamente estável a/a (+0,4%). O destaque positivo para o trimestre ficou com a linha de “outras despesas” que caíram 15,8% t/t. Já as despesas administrativas diminuíram 7,8% t/t, principalmente nas áreas de marketing e serviços técnicos especializados.
As despesas de pessoal caíram 6,0% t/t e 2,5% a/a, enquanto o número de colaboradores aumentou 1,1% no trimestre, mas com redução de 2,4% a/a devido ao redimensionamento das equipes.
Por fim, o banco tem focado na eficiência, revisando processos, redimensionando equipes e direcionando negócios para maior rentabilidade. Isso já se reflete nos resultados, com um índice de eficiência de 55,8% no 3T23, uma melhora de 10,5 pp t/t e de 10,7 pp a/a.
Capital: Primeira melhora após alguns trimestres de consumo
O banco emitiu R$ 204,9m em letras financeiras subordinadas para compor o cálculo da Basiléia. Dessa forma, o índice de Basiléia apresentou uma expansão de +1pp t/t e +1,4pp a/a, ficando em 13,5%. O capital principal atingiu 9,4%, melhora de +0,1pp t/t (-1,0pp a/a) e o capital nível 1 alcançou 9,9%, refletindo um aumento de 0,1pp t/t (queda de 1,0pp a/a).