O Inter deu o pontapé para um importante passo de sua trajetória de crescimento. Em 07/out o banco anunciou a contratação de instituições financeiras para assessorá-lo na listagem no exterior e a aprovação do conselho para os estudos da reorganização societária, que dita os passos para listar as ações na NASDAQ. A ideia complementa as iniciativas de internacionalizar o market place e comprar a Usend, que devem possibilitar ao banco replicar o ecossistema que criou no Brasil nos EUA. Por outro lado, as sinergias vão além da operação, pois a múltiplos mais altos, fintechs listadas no exterior têm acesso a mais capital e a valuations mais atrativos. Na nossa visão, a listagem no exterior é a cereja do bolo, haja vista a perspectiva positiva de crescimento do número de clientes e principalmente carteira de crédito no Brasil, reforçada pelo fato de o Inter já possuir 8% de share em volume de Pix e menos de 0,3% de share em carteira de crédito. O cenário de curto prazo traz uma maré positiva e nos faz reiterar a recomendação de COMPRAR para BIDI11.
Um grande passo para o Inter!
Para você que é acionista de Inter não se preocupe, pois a proposta não te obrigará a vender suas ações. A reorganização societária propõe a incorporação de todas as ações de emissão do Inter por sua controlada, a Inter Holding Financeira, com a inclusão dos acionistas do Inter. Caso aprovada em assembleia, a incorporação pressupõe a entrega aos acionistas de BDR’s lastreados em ações classe A ou do montante em real correspondente a sua participação (“cash out”).
Nesse momento é importante ressaltarmos o que na nossa visão é um dos aspectos que traz mais potencial à operação. Nos EUA, diferentemente do Brasil, é possível ter o controle da empresa sem necessariamente ter a maioria do capital votante (ações ordinárias) através de ações com diferente poder de voto. Os tipos de ação serão as classe A, que serão o lastro dos BRS’s, conferindo ao detentor 1 voto por ação e as classe B, resguardadas aos acionistas controladores do Inter, conferindo 10 votos por ação. A estrutura possibilita aos controladores realizarem mais ofertas de ações sem perder o controle do banco, e por consequência, levantar mais capital para financiar o crescimento.
O Inter não é a primeira e não será a última empresa a se utilizar da estrutura de capital permitida nos EUA para aumentar os recursos captados. Dentre o rol de companhias que fez o mesmo está a XP, controlada por um bloco que possui 22% do capital total, mas 53,4% do capital votante. Stone e Pagseguro também foram listadas lá fora. No caso do Inter, o grupo controlador deverá ter, no mínimo, 31,4% das ações e 82% do capital votante, podendo reduzir sua participação até aproximadamente 9,1% e ainda manter o controle. O controlado poderá ter uma participação maior do capital a depender do volume do “cash out“. Neste sentido, a operação fortalece nossa tese, tendo em vista considerarmos uma forte necessidade de capital para sustentar o crescimento de carteira de crédito do Inter, que acreditamos ser capaz de avançar próxima a 100% a/a nos próximos anos.
Apesar da nossa expectativa positiva, a conclusão da reorganização societária está condicionada à:
- Aprovação em Assembleia;
- Declaração de efetividade pela SEC;
- Aprovação das ações classe A para listagem junto a NASDAQ;
- Aprovação da listagem dos BDR’s na CVM e B3;
- Verificação de que as solicitações de cash out não excederão determinado montante.
Maior Controle Pelo Mesmo Preço
O acionista controlador vai receber uma quantidade de ações proporcionais a sua participação atual, mas com 10x mais poder de voto, ação classe B. O resto dos acionistas receberão outro tipo de ação com 1x poder de voto, ação classe A. Ações PN e ON receberão proporcionalmente uma ação classe A, respectivamente, e a Unit (com uma ON e duas PNs) receberá 3 ações classe A. Por isso, a reorganização pode ser encarada como um problema de governança, já que apesar de manter os direitos econômicos dos minoritários, diminui seus poderes de decisão. Neste sentido, um dos pontos de atenção poderia ser a disputa de controle com o segundo maior acionista Softbank, que possui 14,49%. Entretanto, foi firmado um acordo com o Softbank, que aceitará através de seus veículos de investimento, receber BDRs ou ações classe A.
Se você quiser saber mais sobre o Banco Inter, ter acesso as nossas projeções e a nossa avaliação da aquisição da Usend acesse nossos relatórios na página da empresa aqui.