Para o 3T de 2024, projetamos que a BB Seguridade apresente um lucro de R$ 2,08 bilhões, representando um crescimento de apenas 1,1% a/a, mas uma expansão de 11,2% t/t. Acreditamos que o trimestre será positivamente impactado pela melhora na sinistralidade da vertical de seguros, conforme já indicado nos dados operacionais de julho de 2024 (link para o relatório), com destaque para o segmento agro. No entanto, o resultado financeiro da unidade de previdência deve ser menos expressivo, influenciado pela abertura da curva de juros ao longo do trimestre e pelo impacto negativo da marcação a mercado dos títulos. Esses fatores devem contribuir para uma expansão anual de lucro mais moderada.
Estimamos que os prêmios emitidos pela unidade de seguros crescerão expressivos 37,6% t/t, mas não o suficiente para evitar uma leve contração de – 5,0% a/a, totalizando R$ 5,16 bilhões. Esperamos que o crescimento mais acentuado dos prêmios ocorra no 4T de 2024, impulsionado pela recuperação da demanda por seguros agro, que deve desapontar nesse 3T24. No momento, os preços baixos das commodities têm levado os agricultores a armazenar suas safras e adiar o plantio, o que deve postergar a retomada da demanda por prêmios até o 4T.
Adicionalmente, projetamos que a corretora será beneficiada pela recuperação nas vendas de produtos de previdência e capitalização, impulsionando o lucro da vertical, com um crescimento de 5,2% t/t e 5,7% a/a.
2025: Selic deve impulsionar resultado financeiro, mas sinistralidade pode pressionar margens
As enchentes no Rio Grande do Sul tiveram um impacto negativo este ano, reduzindo parte do crescimento de lucro previsto, que agora estimamos ficar em 4,3% em 2024 (R$ 8,04b). Para 2025, projetamos um crescimento de lucro de 10,8%, com menor volatilidade (R$ 8,9b). A elevação da taxa de juros (SELIC) deve favorecer o desempenho do resultado financeiro, especialmente nas unidades de Capitalização e Seguros, que possuem posições pós-fixadas.
Em relação aos prêmios de seguros, esperamos uma melhora no crescimento em 2025, impulsionada pelo seguro prestamista e por um possível aumento na demanda por seguros agrícolas, em razão da intensificação do fenômeno La Niña. Além disso, a expansão de produtos mais rentáveis, como o Vida Produtor Rural e o Penhor Rural, deve contribuir positivamente. No entanto, do lado negativo, prevemos que a sinistralidade permaneça em níveis elevados, o que pode pressionar os resultados da companhia.
A unidade de Previdência também deve continuar a se beneficiar da redução gradual das reservas dos planos tradicionais, ainda que esse processo seja mais lento do que o esperado.
Catalizador de Valor: Contrato com BB sendo antecipado, mas não sabemos quando vai acontecer
Durante os conference calls do 2T24, as gestões da BB Seguridade (BB Seg) e do Banco do Brasil (BB) mencionaram que estão avaliando a possibilidade de antecipar e reestruturar o contrato entre as duas entidades e suas joint ventures (JVs) em cada vertical, que atualmente vigora até 2033. As empresas também destacaram que a relação entre BB Seguridade e BB é de longo prazo, reconhecendo que o contrato vigente pode gerar certo desconforto entre investidores, especialmente porque alguns não consideram a perpetuidade da empresa em seus valuations. Embora não tenha sido fornecida uma data específica, as gestões de ambas as empresas sugeriram que a renovação poderia ocorrer nos próximos dois anos, antes das próximas eleições presidenciais, que poderia acarretar na mudança dos atuais times de gestão.
Ainda não há detalhes sobre o formato dos novos contratos, mas especula-se que poderia seguir um modelo semelhante ao da Caixa Seguridade e Caixa Econômica Federal. Nesse cenário, BB Seguridade poderia manter o direito exclusivo de distribuição de produtos de seguros, enquanto os contratos de renovação das JVs com parceiros privados seriam conduzidos pela BB Seg, com a integralidade dos valores bilionários desses contratos repassada ao Banco do Brasil.
Na nossa visão, essa reestruturação teria o potencial de destravar um valor significativo para as ações da BB Seguridade, que atualmente negociam com um desconto relevante de aproximadamente 23% em relação ao múltiplo P/L 25e da Caixa Seguridade.
Valuation: Reiteramos a recomendação de comprar
Apesar do crescimento moderado, vemos a BB Seguridade como um ativo defensivo, oferecendo um dividend yield atrativo e consistente, além de múltiplos interessantes de 8,5x P/L 2024e e 7,7x P/L 2025e. Além disso, acreditamos que a renegociação dos contratos pode atuar como um importante catalisador de valor para as ações. Estimamos um dividend yield de 11,4% para 2025. Com isso, estamos reiterando nossa recomendação de COMPRAR, atualizando nosso preço-alvo de R$ 44,00 (2024) para R$ 46,00 (2025).
Recompra: R$ 1,79b, mais alinhamento e lucro por ação
A BB Seguridade já executou cerca de 86,5% do seu programa de recompra de ações, que está vigente até fevereiro de 2025, recomprando um total de 55.591.700 de ações a um preço médio de R$ 32,20 (aproximadamente R$ 1,79 bilhões). Com o cancelamento das ações recompradas, a participação do Banco do Brasil na companhia deve aumentar de 66% para 68%, o que traria um melhor alinhamento de interesses entre os acionistas. No entanto, a empresa decidiu interromper temporariamente o programa devido à valorização do papel. O processo para a aprovação do cancelamento das ações já foi encaminhado ao Banco Central. Vale destacar que, para iniciar um novo programa de recompra, será necessário cancelar as ações adquiridas no programa atual.
BB Seguridade | Prévia 3T24: Expansão de +10,7% t/t e +0,7% a/a
BB Seguridade | 2024e e 2025e
Brasil Seg (unidade de seguros): Sinistralidade melhor compensa menores prêmios
Para a unidade de Seguros, projetamos um lucro líquido de R$ 1,1 bilhões no 3T24, representando um crescimento de +10,3% t/t e +5,0% a/a. A expansão do lucro deve ser impulsionada por uma melhora na sinistralidade, a qual estimamos uma redução de -2,5 pp t/t e –3,0 pp a/a, atingindo 34,1%. Esse desempenho pode estar relacionado ao término do reconhecimento dos sinistros causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, sinalizando o início de possíveis reversões técnicas.
Além disso, projetamos que os prêmios emitidos apresentem uma queda de -5% a/a, apesar de um crescimento de +37,6% t/t. O fraco desemprenho na comparação anual reflete uma demanda fraca no segmento de seguro rural, influenciada por preços menos competitivos das commodities que leva os agricultores a estocarem as safras e atrasarem o plantio das novas safras. Apesar dos incentivos do Plano Safra 24/25, o efeito mais expressivo dessa medida deve se concretizar a partir de outubro, se a demanda por credito agrícola realmente se concretizar.
Brasil Seg | Melhor sinistralidade é driver para o lucro no trimestre
Brasil Seg | 2024e e 2025e
Brasil Prev (unidades de Previdência): Resultado financeiro mais fraco que do ano passado
Para a unidade de previdência, projetamos um lucro líquido de R$ 453 milhões no 3T24, o que representa um crescimento de 30,5% t/t. No entanto, quando comparado ao ano anterior, esperamos uma queda de 14,2% a/a, reflexo do forte resultado financeiro registrado no 3T23.
No trimestre, projetamos que as taxas de gestão se mantenham praticamente estáveis t/t, permitindo que a receita se mantenha em patamares elevados no trimestre, totalizando R$ 981 milhões (+4,5% t/t e +9,8% a/a). Além disso, prevemos que o resultado financeiro siga mais fraco, ficando em R$ 144milhões (+31,8% t/t e –51,6% a/a), devido à abertura da curva de juros e efeito negativo da marcação à mercado dos títulos. A forte expansão t/t está relacionada com a base comparativa mais fraca do 2T24, que foi negativamente impactada pela inflação no IGP-M (indexador do passivo dos planos de previdência tradicionais).
Brasil Prev | Receita com Taxas de Gestão Impulsionam Lucro Trimestral
Brasil Prev | 2024e e 2025e
Brasil Cap (unidade de capitalização): Melhor desempenho t/t e a/a
Para a unidade de capitalização, projetamos um lucro de R$ 75 milhões para o trimestre, (+5,1% t/t e +2,8% a/a).
Estimamos que o trimestre seja impulsionado pelo crescimento de +19,8% t/t e +8,4% a/a na arrecadação, que deve atingir R$ 1,78 bilhão, contribuindo para uma expansão de +30,7% t/t e +10,0% a/a na Receita Líquida com Títulos, totalizando R$ 196 milhões.
Além disso, acreditamos que o resultado financeiro da vertical será favorecido pela elevação da taxa de juros e pela postergação dos cortes na SELIC, uma vez que a vertical está predominantemente posicionada em títulos pós-fixados. Projetamos que o resultado financeiro alcance R$ 127 milhões, representando um aumento de +9,0% t/t e +1,9% a/a.
Brasil Cap | Lucro Deve ser Beneficiado Pelo Resultado Financeiro
Brasil Cap | 2024e e 2025e
BB Corretora
Para a corretora, estimamos um lucro de R$ 836 milhões no trimestre, (+5,2% t/t e 5,7% a/a). Acreditamos que esse crescimento anual será impulsionado principalmente pelo aumento das receitas de corretagem decorrentes do aumento nas vendas da unidade de previdência e capitalização, que não são diferidos.