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    Publicado em 06 de Maio às 12:58:02

    BB Seguridade (BBSE3) | Resultado 1T24: Operações fortes, desafios temporais financeiros

    A BB Seguridade apresentou um lucro líquido de R$ 1,84m no 1T24, queda de -10,3% t/t e leve crescimento de +4,7% a/a, ficando praticamente em linha com nossas estimativas (R$ 1,88b) e com o consenso de mercado (R$ 1,9b). O resultado do trimestre foi prejudicado principalmente pela unidade de Previdência (-39,2% t/t e e -30,2% a/a), puxado pelo fraco resultado financeiro que foi impactado pelo descasamento temporal entre IPCA e IGPM e efeito negativo da marcação a mercado nos investimentos devido da curva de juros. Do lado positivo, o resultado ficou acima do intervalo de estimativa do guidance, com destaque para os prêmios emitidos que expandiram +15,3% a/a e Reservas de previdência (+15,2%). Outro ponto positivo, foi a captação liquida de contribuições de previdência que saltou de R$ 1,9b no 1T23 para R$ 5,6b no 1T24 com melhor controle de resgates combinado com maior captação bruta. A gestão acredita que o 1T24 veio acima do esperado, com expectativas agora de ficar mais na faixa superior do guidance para o ano de 2024.

    Apesar do resultado mais morno do 1T24 em termos de lucro, o desempenho operacional veio com boas tendencias. Esperamos que os próximos trimestres apresentem uma performance melhor, especialmente devido à retomada do resultado financeiro da Prev, prevista para o segundo trimestre, com a normalização da diferença entre IPCA e IGPM, conforme indicado pela gestão. Para o ano como um todo, estamos projetando um lucro de R$ 8,17 bilhões, o que representa um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Embora esse crescimento seja mais modesto em comparação com os 28% registrados em 2023, mas após o resultado do 1T24, acreditamos que exista uma maior probabilidade da BB Seg de surpreender positivamente ao decorrer do ano.  A possibilidade de um resultado mais favorável dependerá, em nossa análise, de dois fatores principais: (1) o controle da sinistralidade, com especial atenção para o seguro agrícola, que apresentou uma deterioração significativa de um trimestre para o outro; (2) a perspectiva de o IGPM se descolar novamente do IPCA, o que terá impacto no resultado financeiro da empresa. Além disso, a gestão não espera grandes impactos decorrentes do desastre natural ocorrido no Rio Grande do Sul.

    Ainda enxergamos as ações da BB Seguridade sendo negociadas a níveis de valuation atrativos, com um P/L de 8,0x para 2024 e com um dividend yield de 10,9%. Além disso, a empresa está executando seu programa de recompra (buyback) de ações, indicando sua percepção de que o preço atual está abaixo do valor justo. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo R$ 44.

    Guidance

    No 1T24, todos os resultados estipulados pelo guidance foram superados, com destaque para os prêmios emitidos da Brasilseg que cresceram +15,3% (vs intervalo de 8% a 13%) e Reservas de previdência que expandiram +15,2% a/a (vs intervalo de 8% a 12%). Por fim, o resultado operacional não-decorrente de juros (ex-holding) evoluiu +10,9% a/a, ficando ligeiramente acima do intervalo do guidance de 5% a 10%.

    Durante o call de resultados, a gestão afirmou que, com o desempenho do 1T24, há uma probabilidade maior de a empresa fechar o ano na faixa alta do guidance. No entanto, o resultado operacional dependerá, em parte, da sinistralidade, que veio abaixo das expectativas da companhia no 1T24. Os prêmios emitidos da seguradora deverão depender do desempenho do segmento agrícola, influenciado em parte pelo plano Safra. Por fim, a dinâmica da unidade de previdência deve depender do patamar de taxa de juros para o ano, impactando os níveis de reserva.

    Guidance 2024: Todos os resultados superados no 1T24

    Brasil Seg (unidade de seguros)

    A unidade de Seguros registrou um lucro líquido de R$1,02, com uma queda de -8,3% t/t, mas um aumento de +11,7% a/a. Esse crescimento na comparação anual foi impulsionado pelo aumento dos prêmios ganhos (+5,2% a/a e estável t/t), especialmente nos seguros Rural (+5,9% a/a) e Prestamista (+4,35% a/a). Além disso, o índice de sinistralidade diminuiu a/a (-2,8pp).

    Do lado negativo, o resultado financeiro caiu consideravelmente (-25,8% t/t e -9,3% a/a) e houve aumento do índice de despesas administrativas (+0,5pp a/a), impactado por aumento em provisões, gastos com marketing e demais serviços de terceiros.

    • Sinistralidade

    O índice de sinistralidade considerando resseguros foi de 36% (+2,5pp t/t -4,1pp a/a). Já, excluindo resseguros, o índice foi de 30,4% (+4,4pp t/t e -9,5pp a/a). Na comparação trimestral, o segmento rural responsável pela piora do índice de sinistralidade (+5,7pp t/t), principalmente no agrícola com a piora de +23,1pp t/t. Já na comparação anual (visão gerencial), os segmentos que contribuíram para a queda do índice foram o Rural (-6,4pp a/a), Agrícola (-29,2pp a/a), Vida (-2,1pp a/a), Residencial (-11,8pp a/a) e Habitacional (-11pp a/a).

    Durante a videoconferência de resultados, a gestão reiterou que o desastre no Rio Grande do Sul não deve ter impactos materiais nos resultados da companhia. Quanto ao seguro rural/agrícola, o impacto seria limitado, dado que a maior parte da safra de soja já havia sido colhida. Os avisos de sinistros estão mais concentrados nas carteiras residencial e empresarial, que têm pouca relevância no consolidado da empresa.

    Brasil Prev (unidade de previdência)

    A unidade de previdência apresentou um lucro líquido de R$ 305m (-39,3% t/t e -30,3% a/a). Esse declínio foi influenciado pela piora no resultado financeiro, que ficou negativo em R$5m (em comparação com o valor positivo de R$ 247m no 1T23 e R$ 302m no 4T23). O fraco desempenho do resultado financeiro deve-se ao descasamento temporal entre IPCA e IGPM, além do efeito negativo da marcação a mercado ocasionado pela abertura da estrutura a termo de taxa de juros.

    Do lado positivo, o resultado operacional não decorrente de juros ficou relativamente estável t/t (-0,8%) e expandiu +7,4% a/a, beneficiado em parte pelo incremento das receitas com taxa de gestão (+3,0% t/t e +6,2% a/a), impulsionadas pela expansão de 14,5% a/a nas reservas de previdência, que totalizaram R$ 406b no 1T24. Além disso, a captação líquida expandiu +189,5% a/a, totalizando R$ 5,6b.

    Durante a conferência de resultados, a empresa comunicou que o fluxo de captação tem sido influenciado por questões mais macro, incluindo mudanças nas regras que limitaram fundos exclusivos e diminuíram a competição de emissão de letras isentas. Além disso, a dinâmica da taxa Selic também pode afetar as captações.

    Brasil Cap (unidade de capitalização)

    A unidade de capitalização apresentou um lucro líquido de R$ 71m, crescimento de +2,1% t/t e +12,8% a/a. O desempenho foi beneficiando em especial pelo resultado financeiro que atingiu R$ 126m (+12,5% t/t e +32,9% a/a), puxado pela expansão do saldo médio de ativos rentáveis e aumento da margem financeira devido a redução do custo do passivo.

    A arrecadação com títulos de capitalização contraiu -3,9% t/t, mas apresentou aumento de +16,4% a/a. A alta anual é explicada pelo maior ticket médio dos títulos. Já a receita líquida com títulos contraiu -4,8% t/t e expandiu +7,4% a/a, não acompanhando o ritmo da arrecadação devido à maior participação de títulos de pagamento único com prazo mais curto (12 e 24 meses).

    BB Corretora

    A corretora apresentou um lucro líquido de R$ 793m, expansão de +1,3% t/t e +12,1% a/a, impulsionado pelas receitas de corretagem que cresceram +3,1% t/t e +11,5% a/a, atingindo R$ 1,35b. O desempenho trimestral foi impactado negativamente pela forte retração de -26% t/t no resultado financeiro, que atingiu R$ 92m. Na análise anual, o resultado financeiro contribuiu positivamente com um aumento de +9,9% em relação ao ano anterior, impulsionado pela redução da taxa média da Selic, que aliviou as despesas financeiras de atualização monetária de dividendos a pagar. Além disso, houve um aumento de cerca de R$ 1,1 bilhão no saldo médio de caixa e instrumentos financeiros, beneficiando a receita financeira.

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