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    Publicado em 29 de Outubro às 19:47:55

    Casas Bahia (BHIA3) | Prévia 3T24: Trick or treat?

    O Grupo Casas Bahia irá reportar as cifras referentes ao 3º trimestre em 13/nov, após o encerramento do pregão. A nossa expectativa é que ainda seja um conjunto fraco, mas com uma importante recuperação nas vendas de lojas físicas, a qual, após três trimestres de desaceleração, finalmente deve retomar a um Same Store Sales positivo (Est. Genial de +5,5% a/a) – acima da inflação geral acumulada dos últimos 12 meses (4,4%).

    Apesar da importante (e necessária) recuperação de vendas em lojas físicas, acreditamos que o crescimento do volume de vendas desse canal vem necessariamente acompanhado de uma maior concessão de crédito pela companhia – algo que não acontece em Magazine Luiza, onde as lojas físicas crescem em duplo dígito mesmo sem o aumento da carteira de crédito.

    Como o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) ainda não está operacional, o risco em conceder crédito é integralmente do Grupo Casas Bahia, o qual ainda se financia via CDCI à uma taxa média pré-fixada de 17,7% ao ano – um spread de quase 7 p.p. em relação à atual taxa Selic.

    Não existe almoço grátis! O aumento da carteira de crédito traz consequências no P&L já nesse 3º trimestre: (i) o aumento de PDD, que impede de a companhia apresentar maiores ganhos operacionais no período; e (ii) pressão na margem líquida, uma vez que o aumento do CDCI traz o dispêndio de maiores despesas financeiras no resultado líquido do grupo.

    ⚠ Esse não é um alerta vermelho, mas sim um sinal amarelo, o qual nos comprometemos a monitorar e tecer opiniões à medida que vermos evolução sobre o assunto.

    Apesar de vermos um Over-90 controlado entre 8,5% ~ 9,0%, a companhia está assumindo riscos em crescer a carteira de crédito em um cenário de elevação da taxa Selic.

    Esse risco pode ser bem recompensado, no cenário onde a inadimplência siga controlada e a provisão realizada seja suficiente para lidar com a qualidade da carteira de crédito, ou pode ser um “tiro no próprio pé”, no cenário onde o cenário macroeconômico piore e a inadimplência de pessoas físicas volte a subir, custando maiores provisões e impactando negativamente a rentabilidade da companhia no médio prazo.

    Nesse cenário estressado, a companhia estaria sacrificando a rentabilidade de médio prazo em detrimento de melhorar o faturamento do curto prazo.

    Mantemos a recomendação de VENDER e preço-alvo 12m de R$ 4,00downside de 2% em relação ao último valor negociado.

    Faturamento ainda deve cair single-digit

    Tendências melhores para o canal físico. Acreditamos que este seja um trimestre de retomada de crescimento para loja física, mesmo com uma base comparativa forte, dado que o saldão de estoques movimentou bastante o canal ao longo do 3º trimestre de 2023.

    A retomada de crescimento deve vir de duas categorias core para Casas Bahia: móveis e eletrodomésticos. Abaixo compilamos alguns dados do IBGE sobre a performance de vendas e inflação dessas categorias ao longo dos últimos meses.

    Aumento da carteira de crédito é uma das alavancas para sustentar o crescimento do canal físico. Esperamos que a carteira de crédito cresça R$ 200 milhões na visão sequencial, atingindo R$ 5,8 bilhões no período (+8,4% a/a; +3,6% t/t).

    Canal digital deve continuar sofrendo. Apesar de vermos indícios de uma melhora sequencial no on-line para o B2C, acreditamos que o B2B ainda deve pesar bastante no GMV 1P da Casas Bahia.

    💭 O canal B2B era onde o grupo vendia os seus produtos através de plataformas parceiras, bancos e empresas de fidelidade. Apesar de as vendas B2B terem se consolidado como uma avenida de crescimento muito importante para o on-line nos últimos 2 anos, movimentando cerca de R$ 4,7 bilhões por ano (Est. Genial), nem todas as operações de vendas eram economicamente vantajosas − pensando em termos de lucro operacional para o grupo Casas Bahia. Com o plano de reestruturação, esse foi um canal descontinuado.

    De maneira agregada, GMV on-line ainda cai, dado a representatividade do 1P nesse canal (cerca de 59% do total). Projetamos um volume bruto do digital em R$ 3,6 bilhões (-28,3% a/a). Contudo, na visão geral (on-line + lojas físicas), o recuo é menor, com a compensação em lojas físicas. Esperamos um recuo de single-digit no Volume Bruto de Mercadorias, atingindo um GMV Líquido Total de R$ 9,6 bilhões (-2,7% a/a).

    Margem bruta e EBITDA encontram um cenário fácil de ser batido

    Com o fim do saldão de estoques e dada a fraca base comparativa do período, esperamos ver uma forte recuperação em margem bruta do grupo. Projetamos um lucro bruto de R$ 1,9 bilhões (+30,6% a/a) e uma margem bruta de 30,9% (+790bps a/a).

    Ao aumentar a carteira de crédito, esperamos também um aumento da Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), o que deve impedir ganhos ainda mais expressivos em relação à margem EBITDA no período. Projetamos um EBITDA aj. de R$ 459 milhões e uma margem de 7,2% (+820bps a/a; +20bps t/t).

    O vilão de empresas alavancadas

    Com a recuperação extrajudicial, a companhia possui carência de juros de dívidas pelos próximos dois anos. Contudo, apesar de não possuir efeito caixa durante o período, o ‘acruamento’ de juros continua a ser feito na linha de despesas financeiras.

    Dito isso, esperamos um resultado financeiro negativo em R$ 699 milhões, abocanhando cerca de 10,9% da receita líquida do grupo (+60bps a/a).

    Considerando uma compensação próxima de 30% do EBT negativo na linha de Imposto de Renda, esperamos um prejuízo líquido de R$ 372 milhões, o que significa uma melhora de 55,6% em relação ao apresentado no 3º trimestre de 2023.

    Preparativos para Black Friday

    Esperamos ver um aumento relevante de estoques (+7,4% t/t), com a companhia se preparando para a Black Friday e eventos do final do ano. Cerca de 90% desse aumento de estoques devem ser focados em categorias de giro rápido, core da companhia − itens de linha branca (eletrodomésticos) e linha marrom (móveis).

    Dado a sazonalidade do negócio e-commerce, não nos surpreenderia em vermos uma piora na alavancagem financeira nesse trimestre – normalizando ao final do 4º trimestre.

    Tabela 1: Expectativa Genial para o Grupo Casas Bahia (IFRS 16; R$ milhões).

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