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    Publicado em 25 de Outubro às 11:18:08

    Bancos | Prévia de Resultados 3T21: Melhora tri-a-tri continua

    No geral, estamos otimistas com os resultados trimestrais dos bancos para o 3T21. Nos grandes bancos, estamos prevendo um contínuo crescimento dos lucros tanto tri/tri quanto obviamente ano/ano impulsionados ainda por menores despesas com inadimplência e controle de custos. Apesar da alta da Selic, que de certa forma deveria impulsionar os lucros dos bancos no longo prazo, no curto prazo a subida mais rápida que o esperado pressiona a despesas financeiras, que foram parcialmente mitigadas pelos fatores acima assim como uma melhora no mix de produtos com o crescimento de linhas de maior juros como o rotativo e o cheque especial.

    Assim, esperamos a continuidade da melhora dos lucros dos bancos, especialmente dos bancos privados que se utilizam de instrumentos financeiros para se proteger (hedge) da pressão da Selic em suas despesas de funding. Outro fator positivo é a continuidade da inadimplência a níveis abaixo do pré-pandemia, bem abaixo das previsões mais otimistas ha um ano atrás, o que deve manter as provisões baixas por mais tempo. Jogando as expectativas novamente à frente, os bancos esperam um pico de inadimplência no início de 22.

    Outro tema importante para o contexto trimestral foi o reajuste salarial de 10,9% para os funcionários do setor feito a partir de setembro, que vai afetar parcialmente a despesa de pessoal no 3T21 e na totalidade o 4T21. Vale ressaltar também a possibilidade de a reforma tributária taxar os dividendos e extinguir o JCP, o que pode levar a pagamentos extraordinários por instituições com alto nível de capital, como Bradesco e Banco do Brasil. Por fim, a tributação maior, aprovada por medida provisória para 50% no 2S21, não deve ter efeito no lucro das companhias devido a reprecificação de créditos tributários que gera benefício fiscal.

    Estamos otimistas com os resultados dos grandes bancos privados, Bradesco, Itaú e Santander. Para Bradesco esperamos uma melhora marginal na linha de seguros, que apesar de ainda estar impactada pela pandemia deve lentamente se recuperar ao longo do 2S21. Para Itaú, a surpresa deve ficar com a continuidade do crescimento t/t das receitas de tarifas mesmo com a saída da XP e da receita com juros. Ambos devem ter crescimento tri/tri de lucro e continuar com bons níveis de cobertura. Para Santander, também devemos ter um bom resultado, com crescimento da receita de juros, carteira e tarifas (mesmo com a Getnet apartada), mas ainda com o nível de cobertura menor (ponto de atenção, principalmente se a inadimplência voltar a subir). Já os resultados de Banco do Brasil, apesar de mais pressionados pela despesa financeira, devem vir acima do esperado pelo mercado, que esperava um resultado pressionado pela alta da Selic nas despesas de funding.

    Bradesco (BBDC4)

    Estimamos um lucro de R$ 6,46b para o Bradesco no 3T21, crescimento de 2.2% t/t, 28% a/a e ROE de 17,4%. A carteira de crédito expandiu no 3T21 e deve alcançar o meio do guidance, em torno de 11% no ano e avançar 1% t/t de acordo com as nossas projeções. Estimamos que a receita de juros também aumente devido a melhora no mix, puxada por linhas rotativas e crescimento de volume de crédito. Sendo o player que mais eliminou ineficiências, por tê-las a níveis mais altos historicamente, a queda do número de funcionários em 10% a/a e de agências do Bradesco em 25% a/a vem surtindo efeito com uma expectativa de redução dos custos de ~1% a/a, mesmo com o dissídio. No core business (crédito) para o ano que vem, devemos observar uma aceleração das receitas de juros uma vez que o aumento da Selic possibilite uma reprecificação nos novos empréstimos.

    Na unidade de seguros, esperamos uma sinistralidade menor (mas ainda alta) no 3T21, com vida se recuperando mais rapidamente que saúde por conta dos procedimentos eletivos represados. Mesmo assim, o nível normal de representatividade de 30% no lucro da companhia só deve ser alcançado em 2022 ou 2023. Outro ponto que reforça a instituição como Escolha Genial é o alto nível de capital o que pode levar a dividendos extraordinários antecipando a reforma tributária, que propõe o fim do JCP e a tributação de dividendos, e ainda já existem planos para a recompra de 1% das ações em circulação. Assim, a melhora de mix é o principal impulso para o resultado neste trimestre, com a operação de seguros mais uma vez jogando contra.

    Itaú (ITUB4)

    Para o Itaú, temos um lucro de R$ 6,67b no 3T21, crescimento de 2.0% t/t, 33% a/a e ROE de 19,3%. A expectativa para o crescimento da carteira de crédito para o Itaú no ano está na faixa dos ~10% a/a, liderada pelo imobiliário e fortalecida pelo retorno das linhas rotativas, configurando crescimento da receita de juros a/a. A receita de juros com clientes deve acelerar no tri para fechar o ano no meio do guidance de 2,5%-6,5% de crescimento a/a, enquanto estimamos que o resultado com tesouraria deva seguir forte, nos mesmos níveis dos tris anteriores. Haviam perspectivas de que a cisão da XP afetaria negativamente a receita de tarifas do banco, mas esperamos aumento no trimestre compensada por outras linhas.

    Devemos ver um aumento modesto do custo de crédito no 3T, em linha com o avanço da carteira e aumento de linhas rotativas que requerem mais provisionamento, por sua maior taxa de inadimplência. Mesmo assim, a companhia já tem um nível de cobertura mais alto que o necessário. Finalmente, o Itaú também será afetado pelo reajuste dos salários dos bancários, principalmente porque vem contratando funcionários. Contudo, esperamos um trimestre sólido e melhor que o Bradesco, dado que este não tem uma grande operação de seguros para atrapalhar o resultado.

    Santander (SANB11)

    Para o 3T21, estimamos um lucro de R$ 4,29b para o Santander, crescimento de 2.9% t/t, 10% a/a e ROE de 21,2%. Assim como demais bancões privados, esperamos que a receita de juros do Santander deva crescer em relação ao trimestre passado com a retomada das linhas rotativas. Além disso, a inadimplência deve se manter confortável a níveis menores que antes da pandemia, mantendo provisionamento sob controle, mas maiores t/t e a/a. O resultados de tarifas refletem a cisão da sua adquirente Getnet. Mesmo com a perspectiva de crescimento de lucros, o nível de cobertura da empresa ainda é baixo comparado aos pares e pode ser classificado como um risco maior caso haja um pico de inadimplência maior que o esperado, refletindo um aumento de provisão para crédito de 31% a/a enquanto outros bancos estão caindo, o que reforça nossa preferência por Bradesco e Itaú nesse momento do ciclo de crédito. Apesar do resultado surpreendente para Santander, que deve se manter o líder em rentabilidade (ROE), o Itaú e Bradesco também terão bons números.

    Banco do Brasil (BBAS3)

    Estimamos um lucro de R$ 5.0b para o BB no 3T21, decrescimento de 1.0% t/t, alta de 43% a/a e ROE de 13,6%. Esperamos uma dinâmica diferente dos outros bancões para o BB, que tem menos proteção para a rápida alta dos juros fazendo pouco hedge ativo e com um mix relevante em consignado, cuja taxa é regulada, e crédito agrícola. Por isso, a receita de juros deverá sofrer mais com o aumento da despesa financeiras, crescendo muito pouco a/a. Mesmo assim, a carteira de crédito deverá ter um desempenho positivo impulsionado pela via rural. Tendo tido uma inadimplência historicamente baixa no 2T21, esperamos uma leve piora, podendo ser o ponto de inflexão para uma tendência de alta rumo pico esperado para o ano que vem.

    O consenso no mercado eram projeções de queda de lucro tanto no 3T quanto no 4T devido à pressão de curto prazo por conta da alta da Selic, o que provavelmente não deverá acontecer em função da nossa expectativa de ajuda do resultado de previdência no 3T21 e 4T21, que deve continuar marcando o superavit do plano de previdência. Somente no 1S21, previ teve um resultado de R$ 426m por trimestre. Mesmo sendo possivelmente o pior entre os grandes bancos para o trimestre, vemos que um lucro estável t/t pode destravar valor para as ações da companhia, pois pode vir acima da expectativa do mercado se nossas projeções estiverem corretas. Mas, olhando para um horizonte de um ano, o risco político e o ano de eleição em 2022 reforçam a nossa tese de MANTER para ação.

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