O Grupo Carrefour Brasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 766 milhões no 4º trimestre de 2021. A cifra representa uma queda de 13,5% na comparação ano a ano.
Em nossa avaliação, apesar de números mistos, os resultados vieram em linha com o esperado, com a companhia sofrendo o impacto de uma inflação consistentemente alta. O lucro líquido ajustado reportado pelo Carrefour ficou 0,7% abaixo de nossa projeção, em R$ 771 milhões.
Inspirado em “Edward Mãos de Tesoura”, vem com a gente fazer os principais recortes do resultado para o 4T21 do CRFB3.
Receitas em alta
Consolidado a receita bruta para o 4º trimestre, o Carrefour ganhou 0,4 ponto percentual no market share do varejo alimentar brasileiro. O congelamento de preços nos produtos de marca própria foi estrategicamente acertado. Destaque para a forte alta no volume de vendas de SKUs frescos (+65% a/a).
Em relação a receita líquida, a companhia reportou um crescimento de 5,2% no último trimestre de 2021, atingindo R$ 21,8 bilhões. O número veio 3,4% abaixo do que estimávamos, que era em torno de R$ 22,6 bilhões.
A principal diferença entre os valores esperado e consolidado foi para o segmento Atacadão. Na prévia de resultados publicada no dia 14 de fevereiro, já esperávamos uma desaceleração do crescimento para o atacarejo – inclusive apontamos que a maior parte do crescimento de receitas do Atacadão viria da expansão de lojas deste segmento no período, o que foi confirmado após a divulgação do balanço.
A maior parte das receitas líquidas do Carrefour Brasil vem das operações de atacarejo – modelo de negócios em plena ascensão, onde os clientes economizam ao comprar um volume de produtos maior em detrimento de um menor preço.
Para fins representativos, consolidamos a contribuição de cada um de seus três segmentos – atacarejo, varejo e banco – nas vendas líquidas para o grupo.
Em uma comparação anual, o Atacadão aumentou sua participação nas vendas líquidas do grupo em 0,2 ponto percentual. Mesmo diante de uma base comparativa difícil, o segmento continua sendo beneficiado pela (i) aceleração da expansão de lojas (abertura de 44 unidades em 2021) e pela (ii) forte queda na venda de produtos não-alimentares no modelo de hipermercado.
Não podemos deixar de dar o devido destaque ao Banco Carrefour. O canal “off-us” – faturamento do cartão de crédito fora do ecossistema do grupo – teve uma expressiva alta de 20% ano a ano, mostrando relevância na participação do cotidiano de seu cliente.
Margem EBITDA pressionada
O EBITDA ajustado do 4º trimestre foi impactado por maiores custos na manutenção de seu programa de fidelidade despesas com energia e mão de obra. Na comparação anual, a margem EBITDA ajustada recuou 2,9 pontos percentuais – muito abaixo do que projetávamos.
Uma “surpresinha” escondida revelada
Após a divulgação do balanço, o Carrefour atualizou suas projeções de sinergia operacional da aquisição do Grupo BIG.
Anteriormente estimado em R$ 1,7 bilhão, a companhia revisou um adicional de 15% no EBITDA esperado até 2025. Agora, o Carrefour espera que o Grupo BIG contribua com um montante de R$ 2 bilhões nos próximos 3 anos após o fechamento do acordo.
Os ganhos são justificados pela (i) maiores ganhos de densidade, (ii) sinergia de compras e (iii) maior eficiência no controle de despesas e cadeia de suprimentos.