Os resultados de Cyrela vieram bons acompanhado de um operacional forte com aumento da VSO (puxado pelo projeto Éden, em parceria com a Lavvi), como já indicado na prévia operacional. A queda na margem não foi tão acentuada como temos visto nos pares da companhia, impactada ainda por algum impacto inflacionário dos trimestres anteriores, mas compensado em parte pelo mix de produtos em ampla faixa de renda.
A receita da companhia (R$ 1,371b, -12,1% t/t e +4,1% a/a) veio muito em linha com a nossa expectativa de R$ 1,358b. Com uma margem bruta (33,1%, -2,2p.p. t/t e -1,4p.p. a/a) também próximo da nossa expectativa de 33,4%. Mesmo com esta queda, a expectativa de margem futura não moveu o ponteiro, ficando em 36,0%. As despesas comerciais seguiram estáveis, com aumento de R$ 4m (+2,7% t/t) praticamente apenas relacionada à CashMe. Por outro lado, as despesas administrativas caíram em R$ 26m (-18% t/t) puxadas por despesa menor de indenizações e com contratações não-CLT, mas destacamos que ambas as linhas tinham base comparativa trimestral forte. Por fim, o lucro veio em R$ 208m, com efeitos positivos da venda de ações da Cury (R$ 18m) e dos resultados positivos das JVs (R$ 52m), o que implica em um ROE anualizado de 12%.
Uma excelente notícia agora é a abertura de alguns números da CashMe, que deixa de ser uma caixa preta e pode agora ser parcialmente incorporada na avaliação da Cyrela. Com estas informações, vemos que as despesas comerciais da CashMe totalizaram R$ 81m (+54,1% a/a), enquanto as despesas administrativas foram de R$ 86m (+95% a/a), somando R$ 167m no ano. Em contrapartida, a venda de carteiras de crédito implicaram em um ágio de R$ 411m, justificada pelo spread entre o crédito oferecido (CDI + 0,89% a.m.) e a taxa da carteira securitizada (na ordem de CDI + 2,5% a.a).
A queima de caixa do trimestre foi de R$ 54m, garantindo a manutenção de um endividamento saudável de 7,8% do patrimônio líquido. O resultado de hoje confirma a nossa confiança de que a Cyrela é a empresa mais bem posicionada da nossa cobertura em um momento de dificuldades do setor, seguindo com resultados sólidos e endividamento saudável. Assim, reiteramos nossa recomendação de compra, apesar de um P/BV de 0,90x bem acima dos seus pares, justificado pela manutenção de bons números operacionais e financeiros e do baixo endividamento.