GERDAU

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    Publicado em 01 de Agosto às 07:23:49

    Gerdau (GGBR4) | Resultado 2T24: Às vezes é preciso dar um passo para trás

    A Gerdau divulgou seu resultado do 2T24 no dia 31 de julho, após o fechamento de mercado. Houve uma consolidação de números mais enfraquecidos e em linha com o esperado, com contração de EBITDA de -6,7% t/t e -30,8% a/a. Entendemos que ocorreram desafios significativos, particularmente na ON Brasil, onde a hibernação das plantas afetou negativamente as exportações, levando a um volume de embarques em queda (-8,2% vs. Genial Est.). As exportações despencaram, uma vez que a paralisação da fábrica de Barão de Cocais (MG) interrompeu o mix usual de produtos que são redirecionados para o mercado externo. A demanda do mercado doméstico também foi fraca, agravada pelas enchentes no Rio Grande do Sul (RS).

    Também destacamos que as pressões de custo foram significativas. Na ON América do Norte, o COGS/t subiu +3,9% t/t para R$5.489/t (+0,9% vs. Est. Genial), apesar de uma queda de -7% t/t nos preços spot da sucata ferrosa, refletindo um processo de desestocagem de um volume de sucata mais cara no P&L, devido ao delay. Na ON Brasil, o COGS/t alcançou R$4.849/t (+1,5% vs. Est. Genial), registrando um aumento de +5,2% t/t devido aos (i) altos custos de carvão metalúrgico e (ii) despesas relacionadas a paradas de plantas, incluindo custos de rescisão de mão de obra e custos temporários de estágio de produção.

    Valuation e recomendação. No 2T24, a Gerdau enfrentou desafios significativos, especialmente na ON Brasil, onde as hibernações de plantas tiveram um impacto maior do que o esperado nas exportações. As desativações das plantas dentro do programa de remanejo do footprint resultaram em um volume total de embarques de 1.185Kt (-8,2% vs. Genial Est.), com queda de  8,8% t/t e -11,8% a/a. As vendas ao mercado externo caíram drasticamente, atingindo 150Kt (-38,7% vs. Genial Est.), contração de -41,2% t/t e -46,2% a/a, diante do fato de que as usina  de Barão de Cocais (MG), uma das que foram desativadas,possuía um mix de produtos que usualmente eram exportados. Entretanto, a situação também não se mostrou favorável para redirecionar esse volume para o mercado doméstico, uma vez que sentimos uma  redução da demanda, especialmente devido a eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul (RS).

    No que diz respeito aos custos, a Gerdau enfrentou pressões significativas. Na ON América do Norte, o COGS/t foi impacto pelo processo de desestocagem de um volume de sucata mais cara, mesmo que o preço spot  do insumo tenha testemunhado uma queda de -7% t/t., resultando em R$5.489/t (+0,9% vs. Genial Est.),acelerando  +3,9% t/t. Já na ON Brasil, o COGS/t foi de R$4.849/t (+1,5% vs. Genial Est.), com uma elevação de +5,2% t/t, influenciado pelo alto custo do carvão metalúrgico e pelos efeitos one-off relacionados às hibernações de plantas. Dessa forma, as despesas adicionais, incluindo  (i) processo rescisório da força de trabalho e (ii)  gastos temporários com desligamento das etapas de produção, também contribuíram para o aumento dos custos operacionais.

    A geração de caixa (FCFE) da companhia também foi outro ponto que nos chamou atenção. Embora a companhia tenha revertido a queima de FCF do 1T24, ainda assim a geração ficou abaixo do que esperávamos, atingindo apenas +R$89m (-66% vs. Genial Est.). O CAPEX foi de R$1,4b (+5% vs. Genial Est.), crescendo +65,5% t/t, mas em linha com a nossa expectativa de progresso para englobar o valor do guidance anual de R$6b.

    Apesar dos diversos desafios, nossa análise sugere que a Gerdau possui uma perspectiva de longo prazo positiva, com um plano robusto de redução de custos fixos, que promete gerar +R$1,5b adicionais ao EBTIDA 25E e 26E (já englobados em nossas estimativas desde os relatórios do 1T24). Como a maioria do projeto de realocação de footprint está no Brasil, a tendência é que essas margens anêmicas que vemos (8,7% no 2T24) possarão por um forte processo de expansão para 20-22%.

    A escalada do custo neste trimestre já refletiu o começo das iniciativas. Despesas com (i) demissões da força de trabalho e (ii) custos one-off com o desligamento de usinas antigas elevaram o COGS do 2T24. No entanto, a companhia quer dar um passo para trás, para depois dar dois à frente, aproveitando de reduções de gastos no futuro. Logo, negociando um EV/EBITDA de 4x (vs. média histórica de 5x), reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com um Target-Price 12M de R$23,40, refletindo um upside de +28,15%.

    Principais Destaques:

    (i) ON Brasil: Preço realizado com alta devido a melhora de mix: R$5.183/t (+3,2% vs. Genial Est.), subindo +4,6 t/t; (ii) O processo de hibernação das usinas afetou exportações mais do que esperávamos. Embarques ficaram em 1.185Kt (-8,2% vs. Genial Est.), com queda de -8,8% t/t; (iii) ON América do Norte: Descontos lesam preço realizado: R$6.674/t (+1,5% vs. Genial Est.), com queda de -0,5% t/t; (iv) Embarques foram afetados pela redução do ímpeto de recomposição dos estoques. Ainda assim, a carteira de pedidos se manteve estável, com vendas em 987Kt (+2,2% vs. Genial Est.), alta de +3,1% t/t pela melhora da sazonalidade (v) ON América do Sul: Peru colaborando com a divisão: vendas 249Kt (-1,6% vs. Genial Est.), acelerando +9,7% t/t; (vi) Aços Especiais: Ciclo de crédito ajuda a divisão. As vendas ficaram em 376Kt (+4,0% vs. Genial Est.), alta de +10,9% t/t; (vii) Receita líquida consolidada crescendo +2,5% t/t, ajudada pelo melhor desempenho da América do Sul; (viii) COGS/t na América do Norte sofre efeito da sucata antiga, chegando a R$5.489/t (+0,9% vs. Genial Est.), acelerando +3,9% t/t; (ix) COGS/t no Brasil sofre pressão da matéria prima e de efeitos one-off, chegando a R$5.489/t (+0,9% vs. Genial Est.), subindo +5,2% t/t; (x) EBITDA emretração em quase todas as divisões. O consolidado foi de R$2,6b (-4,9% vs. Genial Est.), queda de -6,7% t/t e -30,8% a/a; (xi) Lucro líquido fraco, chegando a R$945m (-18,2% vs. Genial Est.), caindo -24,1% t/t e -55,9% a/a; (xii) A geração de caixa (FCFE) o ficou abaixo do que esperávamos, atingindo apenas +R$89m (-66% vs. Genial Est.). O CAPEX foi de R$1,4b (+5% vs. Genial Est.), crescendo +65,5% t/t;  (xiii) Dividendos decepcionantes, sendo divulgados em R$0,12/ação (-64% vs. Genial Est.); (xiv) A escalada do custo neste trimestre já refletiu o começo das iniciativas da realocação de footprint. Despesas temporárias com recessão dos contratos de trabalho e custos one-off com o desligamento de usinas antigas elevaram o COGS do 2T24. No entanto, entendemos que, mediante a liberação de ~R$1,5b no EBITDA após o sacrifício de curto prazo no custo, as margens da ON Brasil tendem a ir para patamares de 20-22% em 2025/26, e no 2T24 ficaram em 8,7%. Logo, negociando um EV/EBITDA de 4,x (vs. média histórica de 5x), reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com um Target-Price 12M de R$23,40, refletindo um upside de +28,15%.

    GGBR4 Resultado 2T24: No detalhe!

    ON Brasil: Preço realizado com alta devido a melhora de mix.

    O preço realizado da ON Brasil foi reportado em R$5.183/t (+3,2% vs. Genial Est.), vindo um pouco maior do que esperávamos, atingindo uma alta de +4,6% t/t, apesar de uma queda de -3,7% a/a. A Gerdau já vinha tentando realizar aumentos desde junho (+7-8%). Parte dessa iniciativa já pôde ser observada neste trimestre. Além disso, entendemos que as vendas mais focadas no mercado doméstico, apresentaram maior valor agregado.

    Já havíamos testemunhado um aumento de +3-4% para o vergalhão com os dados fornecidos pela S&P Platts em julho (que irão compor o 3T24), mas apenas como contexto de que o prêmio de paridade em aços longos vs. o importado estava negativo. Esse foi o argumento usado pelas usinas para conseguir realizar os repasses. Por outro lado, o prêmio para aços planos ainda está muito alto, uma vez que não vimos até agora algum resultado efetivo da implementação de cotas para importação de aço, promovidas pelo Ministério Brasileiro do Comércio (MDIC) a partir de junho.

    ON Brasil: Hibernações afetam exportações, mais do que pensávamos.

    Observamos o nível total de embarques sendo divulgado em 1.185Kt (-8,2% vs. Genial Est.), retrocedendo -8,8% t/t e -11,8% a/a. Essa contração ocorreu devido ao processo das hibernações realizadas em algumas plantas diante da realocação de footprint. A usina de Barão de Cocais (MG) foi desativada, e usualmente ela embarcava uma parcela significativa de volume para o mercado externo. Além disso, as enchentes no Rio Grande do Sul (RS) a princípio enfraqueceram a demanda em um nível maior do que esperávamos, o que levou a uma redução dos embarques. Sendo assim, as vendas ao mercado externo (ME) foram registradas em 150Kt (-38,7% vs. Genial Est.), queda de -41,2% t/t e -46,2% a/a, enquanto no mercado doméstico (MD) chegaram a 1.035Kt (-1,0% vs. Genial Est.), com uma leve queda sequencial de -0,9% t/t e -2,8% a/a.

    ON América do Norte: Descontos lesam preço realizado.

    A divisão de negócios registrou preço realizado em R$6.674/t (+1,5% vs. Genial Est.), recuando -0,5% t/t e -4,4% a/a. Conforme comentamos em nosso relatório de prévias, cujo link segue em anexo (Gerdau 2T24 Prévia), a companhia usualmente não é price maker nos EUA, então seguiu movimentos de pares como a Nucor, e anunciou descontos para a carteira de clientes (~US$5/t). Entendemos que, daqui para frente, ficará mais difícil para a companhia manter o alto nível de spread metálico que obteve durante o ano passado.

    Já estávamos adiantando essa tendência de leve redução no nível de spread metálico faz algum tempo. Com a desaceleração da economia nos EUA infligindo no corte da demanda downstream do aço, diante do elevado patamar do FED rate, acreditamos que, mesmo que o custo da sucata volte a subir, os movimentos de preços serão em menor magnitude no curto prazo, levando a correções inferiores e uma compressão suave do spread metálico no 2S24.

    ON América do Norte: Embarques foram guiados pela sazonalidade

    O volume de embarques reportado para a divisão de negócios veio em linha com o que normalmente observamos em termos de sazonalidade. Os 2Ts usualmente apresentam maior apetite para embarques nos EUA e averiguamos um avanço sutil no volume de vendas, chegando a 987Kt (+2,2% vs. Genial Est.), compondo uma alta de +3,1% t/t e +1,2% a/a. Os embarques refletiram a estabilidade da carteira de pedidos dos principais setores consumidores de aço nos EUA (manufatura, construção não-residencial e infraestrutura).

    ON América do Sul: Peru colaborando com a divisão.

    A partir da saída das operações da Colômbia, República Dominicana, Panamá e Costa Rica do balanço da companhia, observamos o Peru ganhar relevância e performar bem no trimestre, de modo que a divisão de negócios reportasse vendas em 249Kt (-1,6% vs. Genial Est.), crescendo +9,7% t/t mas com uma contração de -19,9% a/a. Já em preço realizado, observamos a marcação de R$5.643/t (+7,1% vs. Genial Est.), surpreendendo nossas estimativas e crescendo +7,5 t/t e +9,1% a/a. Desta vez, não tivemos nenhum efeito one-off na divisão. O preço realizado reportado foi fruto de uma compensação observada entre a boa performance do Peru e o desafio enfrentado na Argentina.

    ON América do Sul: Peru colaborando com a divisão.

    A divisão de Aços Especiais demonstrou um aumento no volume de vendas, expandindo +10,9% t/t, mas com uma queda suave -0,9% a/a, alcançando 376Kt (+4,0% vs. Genial Est.), enquanto o preço realizado recuou -1,4% t/t e -6,7% a/a, atingindo R$7.588/t (-1,4% vs. Genial Est.). Consoante ao nosso comentário no relatório de prévia, alguns fatores que explicam essa performance no Brasil foram: (i) Cortes na taxa SELIC durante o 1S24 e (ii) melhor ciclo de crédito. Quanto aos EUA, com a expectativa do consenso atual para o corte na FED rate esteja próximo (mercado está apostando em um corte já em setembro), a demanda tem aquecido. Ambos os pontos teriam acelerado a demanda por veículos no Brasil e EUA.

    Receita líquida crescendo, com a ajuda da América do Sul.

    A receita consolidada atingiu R$16,6b (-0,8% vs. Genial Est.) , subindo +2,5% t/t apesar da queda -9,0% a/a. A divisão que mais contribuiu para esse resultado foi a ON América do Sul, que teve uma forte aceleração sequencial de +18% t/t, mas ainda com queda de -12,7% a/a, chegando a R$1,4b (+5,4% vs. Genial Est.), acima das nossas expectativas, diante da performance do Peru mais do que compensando a desaceleração da Argentina. Já para a ON Brasil, o contexto desafiador permanece,  com a companhia registrando uma receita líquida de R$16,6b (-5,2% vs. Genial Est.), retraindo -4,6% t/t e -15,1% a/a.

    Colocamos como destaque negativo a nossa frustração com os embarques, que vieram muito abaixo do esperado, embora tenham sido parcialmente compensados por preços realizados ligeiramente acima das estimativas. Por outro lado, a ON América do Norte surpreendeu com volumes, e apresentou receita líquida em R$6,6b (+3,7% vs. Genial Est.), acelerando +2,7% t/t apesar da queda de e -3,2% a/a.  Já a ON Aços Especiais R$2,8b (+2,6% vs. Genial Est.) também ajudou a melhorar o top line, crescendo +9,4% t/t com queda de -7,5% a/a.

    ON América do Norte: COGS/t expandido com delay de preço da sucata.

    Embora o preço spot da sucata ferrosa tenha caído -6,8% t/t na costa leste e -7,6% t/t no centro-oeste dos EUA, ainda assim a companhia sofreu pelo delay no processo de desestocagem, tramitando pelo P&L um volume de sucata com preço antigo, e, portanto, mais caro. Essa situação concebeu o principal fator que ocasionou uma aceleração do COGS/t, que atingiu R$5.489/t (+0,9% vs. Genial Est), esticando +3,9% t/t  e +1,4% a/a, em linha com nossa estimativa.

    ON Brasil: COGS/t sob pressão relacionada aos insumos e custos transitórios.

    Conforme mencionamos em nossos últimos relatórios, a Gerdau está focando em um plano de redução de custos, cortando despesas fixas, principalmente em folha de pagamento. Apenas relembrando, a expectativa da companhia era de uma redução de ~R$400m por trimestre a partir do 4T24, resultando em um total de ~R$1,5b em 2025, sobretudo na ON Brasil.

    No entanto, neste trimestre, nos deparamos com um COGS/t na ON Brasil de R$4.849/t (+1,5% vs. Genial Est.), subindo +5,2% t/t e  +1,4% a/a), uma vez que o custo da matéria prima, como carvão metalúrgico, tramitou pelo P&L junto a um efeito one off advindo das hibernações das usinas em Barão de Cocais (MG) e Maracanaú (CE), desativadas em maio. Ambas as usinas somavam ~1k funcionários. Conforme havíamos adiantado em nosso relatório de prévias, os custos transitórios relacionados ao efeito de rescisão dos contratos de trabalho, além de one-offs para desativar as linhas de produção, devem inflar o COGS/t no curto prazo.  

    EBITDA em retração em quase todas as divisões.

    A única divisão que contribuiu para um avanço trimestral no EBITDA foi a ON Aços Especiais, que divulgou R$541m (+5,5% vs. Genial Est.), subindo +23,0% t/t apesar da queda de -10,3% a/a. Entendemos que a melhora do ciclo do crédito no Brasil e retomada do apetite de consumo nos EUA para o setor automotivo foram os grandes precursores dessa alta, além de que a companhia já havia tomado inciativa de corte de custos antes nessa unidade de negócios vs. as demais.  Por outro lado, a divisão que mais colaborou com a variação negativa t/t do EBITDA consolidado foi a ON América do Norte, que registrou R$1,4b (+1,0% vs. Genial Est.), queda de -10,9% t/t  e -21,3% a/a, confirmando uma elevação no COGS/t.

    A ON América do Sul registrou um recuo no EBITDA que não esperávamos, ficando em R$227m (-40,1% vs. Genial Est.), comprimindo -20,7% t/t e -52,8% a/a. A explicação para essa variação foi o crescimento substancial do COGS/t na divisão que atingiu R$4.880/t (14,9% vs. Genial Est.), com alta de +18,2% t/t e +18,2% a/a. Por fim o EBITDA da ON Brasil ficou em R$534m (+3,8% vs. Genial Est.), compondo queda de -10,3% t/t e -46,2% a/a. Assim sendo, o EBITDA consolidado da companhia foi de R$2,6b (-4,9% vs. Genial Est.), caindo -6,7% t/t e -30,8% a/a.

    Lucro líquido recua duplo dígito.

    O resultado financeiro foi de -R$597m (+38,8% vs. Genial Est.), ampliando a negatividade em +25,5% t/t, principalmente devido a : (i) linha de despesas com juros pressionada pela elevação da alavancagem para 0,53x Dívida Líq./EBITDA (vs. 0,4x no 1T24), além do (ii) efeito da variação cambial, dado o sequenciamento na taxa de câmbio USD/BRL em níveis bem maiores durante o 2T24.

    Durante o trimestre, a companhia concluiu a distribuição da 17ª Emissão de Debêntures Simples não conversíveis em ações, que amontoaram R$1,5b. Junto com a questão cambial,  isso causou a elevação da dívida bruta para R$12,5b (+13,6% t/t), o que refletiu na alavancagem maior (que ainda nos parece controlada). Com um trimestre de EBITDA em contração e maior pressão no resultado financeiro, observamos o lucro líquido alcançar R$945m (-18,2% vs. Genial Est.), recuando -24,1% t/t e -55,9% a/a.

    Nossa visão e recomendação

    Relembrando: viés exportador da China deverá permanecer.

    Em todos os nossos relatórios do setor de Metais & Mineração, comentamos sobre o cenário macroeconômico adverso enfrentado pelas siderúrgicas brasileiras. Conforme comentamos em nosso relatório semanal (Direto do Alto-forno: Semana 4, julho 2024), observamos uma queda na produção de vergalhões, que ocorreu, em especial, no leste da China, particularmente na província de Jiangsu, onde algumas usinas interromperam as operações ou mudaram a produção de vergalhões para produtos de aços planos na tentativa de obterem melhores retornos, conforme já havíamos antecipado no relatório da semana passada. Portanto, as usinas produtoras de HRC (referência para aços planos) continuam apresentando níveis satisfatórios de output, movidos pela demanda downstream ligada à exportação de bens duráveis. A taxa de utilização ficou em 83,5% (-1,14p.p. s/s), apresentando uma desaceleração semanal, mas ainda bem acima do patamar de 2023 (+5,12p.p. a/a).

    Esse viés exportador vem atrapalhando as operações das usinas de aço brasileiras. Com a implementação de novas cotas de importação para aço importado no Brasil, viabilizada desde junho pelo Mistério do Comércio (MDIC), devemos esperar dias um pouco melhores para as companhias. Entretanto, ainda não estamos com sentimento de que o quadro ruim será revertido de maneira rápida no 2S24. Além do Brasil, vimos México, Chile e EUA implementarem aumentos em suas tarifas sobre importação de aço, produto que a China acaba escoando parte da sua produção. No entanto, não acreditamos que as usinas na China mudarão a estratégia, uma vez que as exportações continuam sendo a válvula de escape para uma demanda doméstica mais enfraquecida, seja por meio do aço embutido ou pelo embarque de aço bruto, que encontra no Brasil um mercado ainda com um sistema de proteção tarifária complexo e potencialmente ineficaz, através do sistema de quotas complementares.

    Dentre as siderúrgicas nacionais, a que, teoricamente, deveria sofrer menos com esse viés exportador chinês é a Gerdau, menos exposta a aços planos que suas concorrentes, Usiminas e CSN, por exemplo. Mesmo assim, já vimos a companhia implementar iniciativas no cenário microeconômico (que está a seu alcance) para corte de custo.

    Geração de fluxo de caixa muito tênue.

    A companhia reportou um fluxo de caixa (FCFE) de R$89m (-66% vs. Genial Est.), abaixo do que esperávamos, mesmo que tenha revertido o efeito visto no trimestre anterior de queima de FCF. Diante da reversão, no valor nominal, a companhia gerou um FCFE adicional de +R$699m vs. 1T24, auxiliado por uma descompressão parcial da necessidade de capital de giro, que ficou em -R$259m (vs. -R$1b no 1T24). Porém, o acumulado dos 6M ainda está aquém do que esperávamos a essa altura, queimando -R$522m de FCFE. O CAPEX foi de R$1,4b (+5% vs. Genial Est.), crescendo +65,5% t/t, mas em linha com a nossa expectativa de progresso para englobar o valor do guidance anual de R$6b.

    Investidores levantam questionamento sobre alocação de capital.

    Destacamos que ~71% do CAPEX do 2T24 foi alocado na ON Brasil, que está com a margem mais comprimida dentre todas as divisões de negócio. Esse ponto tem levantado muitos questionamentos dos investidores com que temos contato, uma vez que a ON América do Norte está rodando com uma margem EBITDA quase 3x superior vs. as operações brasileiras, e está recebendo muito menos investimento. O governo dos EUA vem sendo mais efetivo em combater a enxurrada de aço importado através da seção 232, na tentativa de blindar a penetração dentro do consumo aparente. Por outro lado, as medidas do sistema de cotas complementares impostas pelo mistério brasileiro do comércio (MDIC) estão sendo consideradas por muitos como complexas e ineficazes.

    Dividendos abaixo do esperado.

    A companhia anunciou o pagamento de R$252m em dividendos, o que resulta em  R$0,12/ação (-64% vs. Genial Est.). A data  de pagamento é 20 de agosto, com base na posição de 09 de agosto.  A  divulgação nos parece muito decepcionante, mesmo com a nossa ponderação, já feita em relatórios passados, que o pagamento de dividendos ficaria pressionado durante todo o ano por um (i) elevado nível de CAPEX e por uma (ii) geração de FCF comprometida, diante das margens baixas na ON Brasil. Estamos com um  Dividend Yield 24E de 5,5%,que seria inclusive mais baixo se as ações não estivessem tão descontadas.  Diante da decepção, é possível que venhamos realizar um corte nessa projeção mais a frente.

    Brasil: Repasses de preço parecem complicados.

    As siderúrgicas especializadas em aços longos, incluindo a Gerdau, estão cogitando a possibilidade de aumentar os preços em agosto, com uma projeção de alta de +6-8%. No entanto, existe uma preocupação sobre a viabilidade dessa medida, especialmente em relação a magnitude do reajuste. A dificuldade em aplicar este aumento decorre da limitada capacidade de absorção do mercado, uma vez que a demanda por construções residenciais ainda é fortemente influenciada por iniciativas voltadas para a população de baixa renda, como as do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

    Às vezes é preciso dar um passo para trás.

    Nosso call é baseado na capacidade do management em executar o plano de redução de custos da companhia através da realocação do footprint de ativos. Acreditamos que o (i) cenário macroeconômico não deva abrir margem para repasses de preço na magnitude integral dos +6-8% e que (ii) as cotas suplementares para as 11 NCMs não gerem efeitos tão relevantes a ponto de impedir a competição vs. o aço chinês. Entretanto, estamos confiantes que a Gerdau consiga consolidar resultados interessantes através das iniciativas de corte de custo, que prometem gerar +R$1,5b adicionais ao EBTIDA 25E e 26E (já englobados em nossas estimativas desde os relatórios do 1T24). Como a maioria do projeto de realocação de footprint está no Brasil, a tendência é que essas margens anêmicas que vemos (8,7% no 2T24) passarão por um forte processo de expansão para 20-22%.

    Entretanto, a tendência de curto prazo é piorar antes de melhorar, conforma já havíamos anunciado em nosso relatório de prévia.  Dessa forma, a escalada do custo neste trimestre já refletiu o começo das iniciativas. Despesas com (i) demissões da força de trabalho e (ii) custos one-off com o desligamento de usinas antigas elevaram o COGS do 2T24. No entanto, acreditamos que a Gerdau está dando um passo para trás, para depois dar dois à frente, aproveitando de reduções de gastos no futuro. Logo, negociando um EV/EBITDA de 4x (vs. média histórica de 5x), reiteramos nossa recomendação de COMPRA, com um Target Price 12M de R$23,40, refletindo um upside de +28,15%.

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