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    Publicado em 26 de Outubro às 20:20:55

    Locadoras | Prévia de Resultados 3T23: VAMO3, RENT3 e MOVI3

    Das empresas do setor de locação, Vamos (VAMO3) será a primeira a divulgar seus resultados, no dia 31/10. Na semana seguinte, mais especificamente no dia 06/11, Movida (MOVI3) reporta os números referentes ao 3T23. A temporada de balanços acaba para as locadoras no dia 13/11, com Localiza (RENT3) divulgando após o fechamento do mercado.

    Assim como apontam os dados da Fenabrave, o trimestre deve ser marcado por altos volumes de compra de veículos leves por parte das locadoras. Do lado da venda, o segmento de seminovos segue pressionado com margens comprimidas por quedas mais acentuadas da Fipe ao longo do trimestre. No segmento de pesados, a dinâmica é oposta, com baixos volumes de compra de caminhões e com um efeito de desvalorização menos intenso. Para os segmentos de aluguel, esperamos a continuidade da boa dinâmica observada nos últimos trimestres, com resultados positivos devido à entrada de novos contratos a preços favoráveis.

    Vamos deve ser o destaque negativo do trimestre, ainda prejudicada por concessionárias, mesmo com locação contrabalanceando. Movida segue com um operacional positivo, mas com resultado pressionado pela alta despesa financeira e depreciação. Com as melhores condições de compra de veículos, temos uma expectativa de retomada de crescimento de frota. Esse aumento de carros em preparação deve gerar uma pequena compressão de margem EBITDA. Localiza deve apresentar o resultado “menos pior”, com a depreciação ainda alta e um operacional robusto após a capitalização, volume estáveis de aluguel, porém, com boas dinâmicas de precificação.

    Seguimos com nossas recomendações de COMPRA para Movida e Vamos, com preço alvo de R$ 21,00 para ambas. Para Localiza, reiteramos nossa recomendação de para MANTER com preço alvo de R$ 60,00.

    Entre leves e pesados, trimestre com dinâmicas distintas

    No trimestre, devemos observar alguns resquícios da MP 1.175, que concedeu descontos para compras de veículos para pessoas físicas, e posteriormente para as locadoras. Por mais que a maior parte de seus efeitos já tenham sido sentidos em junho – sendo então contabilizados no 2T23, ainda veremos efeitos de parte dos descontos se arrastando para o mês de julho. Além disso, carros que foram adquiridos no final de junho tiveram sua ativação em julho, o que também pode contribuir para a liberação de um maior volume de vendas no 3T23.

    No entanto, destacamos que passados junho e julho, os preços dos automóveis voltaram ao seu patamar normal, nos indicando que podemos observar uma continuidade de aumento de preços no curto prazo, além de uma diminuição na margem bruta das empresas do setor, dado que o preço dos veículos usados segue em uma trajetória decrescente constante desde o segundo semestre de 2022.

    Em termos de tamanho de frota, acreditamos que Movida e Localiza apresentem crescimento em relação ao ano e ao trimestre passado. Apesar de o nível das vendas diretas ter se mantido em patamares elevados, se compararmos com o ano de 2022, vemos que a quantidade de automóveis em si foi substancialmente maior tanto na comparação anual quanto trimestral. Com isso, o valor absoluto de compras de veículos pelas locadoras deve ser maior no 3T23.

    Relembramos que o percentual mencionado só não foi maior devido ao programa de incentivos, que inicialmente priorizou somente compras por pessoas físicas. É possível observar claramente esse efeito nos meses de junho e julho, período em que a MP se deu início. Nos meses seguintes, já observamos um aumento do número em questão.

    Já quando olhamos para o mercado de pesados nacional, vemos uma continuidade de uma demanda fraca. Com a implementação do Proconve P8 e a entrada de caminhões Euro 6, consideravelmente mais caros, vimos uma redução drástica no número de vendas durante o ano vigente, só não sendo pior do que o observado durante o período de pandemia.

    Dos caminhões vendidos em 2023, poucos foram efetivamente fabricados esse ano (modelos Euro 6). Historicamente, a relação percentual entre emplacados e fabricados no mesmo ano é muito maior do que temos observado no ano corrente. Outra prova de que o mercado de pesados segue desafiador foi a própria MP 1.175, que foi encerrada com apenas 13% dos recursos destinados para o mercado de caminhões consumidos. Conclusivamente, esperamos um mercado desafiador para concessionárias.

    Vamos (VAMO3): Concessionárias deve continuar sendo detrator

    Esperamos que os resultados ruins em concessionárias sigam prejudicando os números consolidados. O momento difícil para compra de caminhões zero km deve continuar prejudicando o segmento. Com isso, o volume ainda baixo deve levar a uma menor diluição de custos, que por sua vez tende a gerar uma redução nas margens.

    Mesmo após o follow-on, a Vamos deve diminuir o ritmo de crescimento da sua frota, mantendo a alavancagem sob controle, reduzindo o estoque de ativos e melhorando a taxa de utilização. Esse movimento também sinaliza maior cautela na expansão, dadas as condições de compra de caminhões Euro 6.

    Projetamos uma receita líquida de R$ 1,5 bilhões (+7,3% a/a e +0,6% t/t), com um EBITDA de R$ 688 milhões (+24,3% a/a e +3,4% t/t) e um lucro líquido de R$ 116 milhões (-20,5% a/a e +10,4% t/t).

    Locação e Seminovos: salvando o trimestre

    Olhando para o segmento de locação, esperamos resultados sequencialmente positivos, puxados por uma demanda ainda forte, aliada à adição de novos contratos precificados a uma rentabilidade mais elevada. No entanto, dada a maior diligência da Companhia, assim como no 2T23, podemos observar certa poluição devido ao encerramento de contratos que não possuíam rentabilidade adequada. Dado a demanda resiliente, esperamos um crescimento sequencial no Yield reportado pela companhia, próximo aos 2,8%, ligeiramente acima do que foi reportado nos resultados do 2T23.

    Já na divisão de seminovos, esperamos resultados relativamente positivos, assim como observamos nos últimos trimestres. Esperamos receitas ainda elevadas, considerando que a companhia venda os ativos retomados no trimestre passado devido a uma precificação de contratos abaixo da ideal considerada pela companhia.

    Seguimos com projeções otimistas com relação a margem bruta de seminovos, dado o volume de veículos adicional que deve ser vendido em um cenário ainda positivo para caminhões usados, dado a menor demanda por caminhões 0km. Acreditamos que o número em questão ainda deve continuar em um nível elevado, próximo aos 34,6% reportados pela companhia no trimestre passado.

    Grupo Petrópolis: mais prêmio ou mais risco?

    A Vamos anunciou em meados de setembro a proposta de compra dos ativos do Grupo Petrópolis por aproximadamente R$ 576,2 milhões. Observando os números disponíveis na proposta de recuperação judicial, vimos que os caminhões foram comprados a um desconto próximo a 20% em comparação com seu valor de mercado. Reforçamos a boa expectativa em relação ao acordo. Com a aquisição e a locação dos novos ativos, estimamos um ganho de EBITDA próximo a R$ 30 milhões por trimestre, considerando um Yield médio de 2,7% e um preço médio de aproximadamente R$ 211 mil por caminhão locado. Além disso, com a venda dos veículos no mercado secundário, esperamos que a Vamos levante algo próximo a R$ 220 milhões. Lembramos que parte desses caminhões vendidos serão repostos por veículos mais novos que se encontram no estoque da Vamos, o que não só ajuda a elevar o Yield médio dos contratos, mas também deve reduzir substancialmente o estoque de ativos da companhia.

    Concessionárias: o pior momento parece estar chegando ao fim

    Já o segmento de concessionárias deverá ser mais uma vez o destaque negativo do trimestre. Com as taxas de juros ainda em níveis elevados, aliada ao nível de precificação dos novos caminhões Euro 6, seguimos com uma demanda substancialmente fraca no que diz respeito a comercialização de caminhões novos no ano corrente. Se compararmos com o mesmo trimestre do ano passado, as vendas de caminhões novos foram aproximadamente 26% menores. No entanto, destacamos que esperamos uma melhora gradual do segmento, principalmente para 2024, visto que o ciclo de corte de juros já foi iniciado.

    Customização: seguindo o mercado

    Embora menor, o segmento de customização também deve apresentar uma dinâmica ruim de resultados. Como o segmento está atrelado à venda de caminhões, esperamos volumes fracos assim como vimos no 2T23. Na parte de implementos, a Truckvan deve entregar um desempenho abaixo da média do mercado. Como o cenário desafiador, quem não cedeu em preço, acabou perdendo em volume de vendas.

    Movida (MOVI3): Arrumação interna continua!

    A Movida deve apresentar resultados mistos no trimestre. A sazonalidade favorável em comparação com o 2T23 deve auxiliar do lado operacional, principalmente quando falamos de RAC. Como consequência, esperamos taxas de ocupação melhores na comparação trimestral.

    Em termos de tamanho de frota, dado que Movida vinha reportando números pequenos de compra nos últimos trimestres, acreditamos que isso deve se reverter no 3T23. Esperamos que companhia acelere seu ritmo de compra, se preparando para a alta temporada. Além disso, conversando com as montadoras verificamos que apesar de estoques relativamente elevados, eles não estão realizando descontos adicionais de preço, mas sim aumentando os prazos de pagamento, o que também pode auxiliar e impulsionar o processo de compra de Movida. Para o 3T23, esperamos que a companhia compre cerca de 29 mil veículos (vs. 12 mil no 2T23) e venda aproximadamente 21 mil (vs. 19 mil no 2T23).

    Estimamos uma receita líquida de R$ 2,7 bilhões (+6,5% a/a e +8,9% t/t), com um EBITDA de R$ 856 milhões (-7,2% a/a e -3,7% t/t) e um prejuízo líquido de R$ 82 milhões.

    RAC: maior volume de implantação deve atrapalhar expansão das margens

    Devido a uma melhor sazonalidade, esperamos que o segmento de RAC apresente resultados ligeiramente melhores na comparação trimestral, com aumentos marginais de tarifa, o que deve compensar uma frota operacional menor no segmento dado que a companhia mantenha seu ritmo de venda. Sendo assim, devemos ver um incremento na receita líquida do segmento. Projetamos uma diária média de R$ 125 (+1,6% t/t).

    GTF: melhora de margens puxada pelos novos contratos

    No GTF, esperamos uma continuidade de bons resultados, puxados por uma maior adição de frota além de mais adições de contratos que por sua vez devem ter melhor precificação. Com isso, assim como no RAC devemos observar ganhos de receita e margem na comparação com o trimestre anterior. Para o segmento de terceirização de frotas, estimamos uma tarifa média mensal de R$ 2.169 (+2,8% t/t).

    Seminovos: volumes maiores, porém com margens piores

    Por fim, o segmento de seminovos deve ser o grande detrator do resultado. A dinâmica de preços observada nos veículos usados deve contribuir para uma queda nas margens do segmento. Nossa expectativa é de que a margem bruta caia mais de 4pp na comparação com o 2T23, finalizando o trimestre em 9%. Como temos uma expectativa de maiores volumes de compra, também esperamos um volume relativamente maior de vendas no trimestre, o que deve contribuir para uma maior receita.

    Localiza (RENT3): Depreciação ainda deve ser problema?

    Esperamos que Localiza reporte um trimestre relativamente parecido com Movida em termos qualitativos, com aumento de tarifas tanto no RAC quanto no GTF. O diferencial entre os dois resultados deve ser a dinâmica melhor de tarifas no RAC e o maior volume de carros compradas dado a maior disponibilidade de balanço devido a recente capitalização, fora o seu tamanho. Além disso, os fatores como os maiores prazos de pagamento e preparação mencionados anteriormente também se aplicam para a companhia. Esperamos que Localiza compre cerca de 72 mil veículos (vs. 57 mil no 2T23), enquanto o número de veículos vendidos pela locadora, segundo nossas estimativas, deve se aproximar de 58 mil (vs. 53 mil no 2T23).

    Assim como em Movida, esperamos que a sazonalidade ajude a manter os níveis de ocupação elevados tanto no RAC quanto no GTF. Além disso, com o período de descontos governamentais do 2º trimestre, acreditamos que a companhia deve apresentar ligeiro crescimento de volume de diárias, considerando os carros que estavam em preparação e foram entregues somente no 3T23.

    Para Localiza, estimamos uma receita líquida de R$ 7,7 bilhões (+25,1% a/a e +12,1% t/t), com um EBITDA de R$ 2,8 bilhões (+21,2% a/a e +17,6% t/t) e um lucro líquido de R$ 662 milhões (+56,2% a/a).

    RAC: dinâmica de preços segue favorável

    No RAC, conforme mencionamos, esperamos um aumento sequencial das tarifas, além de um maior volume da frota alocada no segmento. Com isso, devemos observar crescimento de receitas em relação ao trimestre anterior. Estimamos uma tarifa média de aproximadamente R$ 124,3 (+4,2% t/t).

    GTF: nada de novo sob o sol

    Já no GTF, assim como em Movida, esperamos um aumento no ticket devido à implementação de novos contratos. Projetamos uma tarifa média diária de R$ 88,2 (+8,1% t/t).

    Seminovos: mix pior na venda mantém cenário desafiador

    Já no que diz respeito ao segmento de seminovos, a dinâmica deve ser bastante semelhante ao que comentamos em Movida. Com a curva de preços dos veículos usados caindo constantemente, devemos observar uma redução nas margens em comparação com o trimestre anterior.

    Além disso, destacamos que a depreciação dos veículos deve continuar em patamares elevados, se normalizando apenas no ano de 2024. Para o 3T23, estimamos uma depreciação média entre RAC e GTF de aproximadamente R$ 6.900 por veículo – vs. R$ 6.141 no 2T23.

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