A Localiza reportou os resultados do 3T21 e encerrou a temporada de resultado das locadoras de veículos. Como já era esperado pelo mercado, o setor inteiro apresentou bons resultados e o da Localiza não veio diferente, puxado principalmente pelos resultados no RAC e Seminovos. Com a oferta de carros novos restrita e a demanda pelo serviço muito forte, a empresa conseguiu elevar suas tarifas, taxa de ocupação e número de diárias. A receita líquida veio em linha com nossa estimativa, mas o Ebitda e lucro líquido vieram 44,6% e 47,3% acima do nosso número, respectivamente. Essa diferença tão grande no Ebitda é explicada por um estudo técnico que alterou a vida útil dos carros no RAC, resultando numa depreciação fiscal maior e reconhecendo os correspondentes créditos de PIS/COFINS. Sem esse efeito, o Ebitda seria R$320 milhões menor e apenas 5,6% acima da nossa estimativa. Seguimos otimistas com a empresa, que deve apresentar bons resultados no 4T21 devido a diminuição dos casos de Covid-19 no país e a forte demanda pelo serviço de locação de veículos enquanto aguarda o julgamento do Cade sobre a fusão com a Unidas.
Com a dificuldade na compra de veículos que afeta todo o setor, a empresa viu sua frota estável em relação ao trimestre anterior. No RAC, o número de diárias cresceu 12% t/t e a tarifa média atingiu R$ 92, um aumento de 11,5% t/t e 37,8% a/a. A taxa de ocupação também melhorou e saiu dos 75,9% no 2T21 para 81,3% nesse trimestre. Esses fatores levaram a receita líquida de locação saltar 25% t/t e 53,3% a/a enquanto a receita líquida total da divisão, considerando o resultado de Seminovos, subiu apenas 1,5% t/t devido ao menor volume de carros vendidos nesse tri. Pelo lado dos custos, o impacto na depreciação que mencionamos acima e o aumento do preço dos carros vendidos favoreceram para uma redução de 30,6% t/t nos custos totais de RAC, levando a um crescimento de 76,8% t/t e de 127% a/a no Ebitda da divisão, com uma margem de 42,8% (vs 24,6% no 2T21 e 17% no 3T20).
No GTF, o pipeline comercial continua robusto e a empresa vê o backlog de veículos superior a 20k carros enquanto aguarda o recebimento de veículos pelas montadoras para poder entregar esses carros aos seus clientes. Com a impossibilidade de aumentar sua frota, o número de diárias e taxa de ocupação ficaram estáveis em relação ao tri anterior e a diária média subiu apenas 2,4% t/t e 8,4% a/a. A idade média da frota de GTF cresceu 4,5% t/t para 20,9 meses, elevando ainda mais o custo de manutenção, já que carros mais antigos demandam de mais manutenção, revisões e troca de peças. Pelo lado das despesas, o aumento se deve ao maior gasto com pessoal, tecnologia e marketing para o Localiza Meeo, o plano de assinatura da empresa. Esses fatores levaram a divisão a apresentar um crescimento de somente 3% no Ebitda t/t com uma margem inferior de 42,7% vs 44,8% no tri anterior.
No consolidado, despesas financeiras e impostos aumentaram 110% t/t e 67,5% t/t respectivamente, justificados pelo aumento da taxa de juros e a um lucro antes dos impostos superior ao tri passado. Mesmo com um cenário adverso, a Localiza viu seu lucro líquido saltar 50% t/t e 106% a/a para R$ 671 milhões, encerrando a temporada de resultado das locadoras de maneira positiva e preparando o setor para um 4T de demanda ainda mais forte junto com uma esperança na normalização da produção de veículos.
