No dia 08 de maio, após o fechamento de mercado Localiza divulgará seus números referentes ao 1T24. Esperamos que a empresa apresente um trimestre neutro, ainda pressionado pelos altos níveis de depreciação e ofuscado pela melhora das outras locadoras sob nossa cobertura. Do lado operacional, esperamos bons volumes em locação e forte venda de veículos seminovos em oposição ao forte volume de compras reportado no 4T23. Apesar da melhora nas condições de venda no mercado de carros usados, o cenário de preço segue desafiador.
Na figura consolidada, esperamos uma receita líquida de R$ 8,3 bilhões (+22,0% a/a e +5,3% t/t), impulsionada por um forte volume de carros vendidos da divisão de seminovos. Projetamos um EBITDA de R$ 2,8 bilhões (+8,5% a/a e -1,2% t/t) de Uma depreciação média anualizada por carro de R$ 6,5 mil e lucro líquido de R$ 709 milhões (+36,0% a/a e +0,5% t/t).
Assim como em anos anteriores, esperamos que Companhia apresente uma redução líquida de frota no RAC no primeiro trimestre. Apesar dessa redução, a estabilidade do número de diárias por conta do aumento da taxa de utilização e aumento da diária média devem contrabalancear, gerando crescimento de receita líquida na divisão.
No GTF esperamos que a sequência de bons resultados se mantenha, com aumento de volumes e tarifa média à medida que os novos contratos entram na base com um novo patamar de preços.
Apesar de observarmos as ações de RENT3 cada vez mais distantes da média histórica de P/E, negociando a 15,7x para 2024, seguimos com recomendação de MANTER, com preço-alvo de R$ 60,00.
Fortes volumes de venda e crescimento de tarifa
Após fortes volumes de compra de veículos e no segundo semestre e 2023, o 1T24 deve ser marcado por um ajuste na frota, eliminando os carros mais velhos em detrimento da ativação dos veículos novos comprados. Essa nossa expectativa é reforçada pelos números de vendas de veículos reportados pela Fenabrave. No trimestre, percebemos um aumento significativo do volume de vendas de carros no varejo, que representaram mais de 60% do total. Em paralelo, vemos uma queda de 26,4% nas vendas totais. Dessa forma, concluímos que as locadoras compraram menos carros no trimestre. Como a Localiza é a principal compradora do país, o trimestre deve ser fraco em termos de compra de veículos.
No segmento de aluguel de carros, o período entre o fim do ano e o carnaval ainda é marcado por uma sazonalidade favorável do ponto de vista de demanda. Caso a demanda permaneça forte, usualmente observamos um cenário favorável a recomposição de preços. Adicionalmente, o começo do ano é marcado por reajustes em contratos no GTF. Quando olhamos os dados reportados pelo IBGE, referentes ao IPCA de aluguel de veículos, no 1T24 observamos uma alta de 13,9% a/a, indicando que possivelmente a demanda se manteve aquecida e tornando o consumidor mais suscetível a repasses de preço e tarifas maiores.
Para seminovos, apesar dos sinais de melhoria no ambiente de negociação e uma retomada nas vendas de carros no varejo brasileiro, o cenário ainda é desafiador em termos de preço. Durante o trimestre vimos o consumidor voltando a comprar carros, evidenciado pela maior concessão de crédito para aquisição de veículos entre janeiro e fevereiro de 2024. Esse cenário cria uma oportunidade para a Localiza aumentar o volume de vendas de seminovos. Ao longo do trimestre, observamos uma FIPE um pouco mais comportada, mostrando estabilidade principalmente em março. Melhores condições de mercado devem impulsionar o volume de venda de seminovos no trimestre. Porém é importante ressalta que a depender do mix, seguimos observando desvalorização mensal acima da média histórica.
Com maiores volumes de vendas e menores volumes de compras, projetamos uma redução líquida da frota de 26 mil carros, mais concentrada no RAC (-8% t/t) enquanto no GTF deve permanecer estável. Em termos de rentabilidade, projetamos uma margem EBITDA em queda dada a maior representatividade dos resultados de seminovos.
Nossos números
Na figura consolidada, projetamos uma receita líquida de R$ 8.325 milhões para o 1T24 (+22,0% a/a e +5,3% t/t), com EBITDA de R$ 2.846 milhões (+8,5% a/a e -1,2% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 34,2% (-4,2pp a/a e -2,2pp t/t). Esperamos que a Localiza apresente lucro líquido sólido no 1T24, chegando a R$ 709 milhões (+36,0% a/a e +0,5% t/t).
RAC: ajustando o tamanho da frota, depreciação ainda forte
Do ponto de vista operacional, esperamos um trimestre positivo no RAC, com crescimento de receita líquida no segmento tanto na comparação anual, como trimestral, mesmo com uma redução marginal na frota. Isso se deve, em grande parte, pela entrada em operação de um volume significativo de carros adquiridos no trimestre anterior e por novos aumentos de tarifa.
Com relação a frota total da divisão, projetamos uma redução de pouco mais de 27 mil veículos (8% do total). Esse movimento de ajuste de frota é natural no primeiro trimestre do ano e contrapõe a compra de carros recorde na segunda metade de 2023. Dito isso, apesar dessa redução na frota total, temos projetado uma frota operacional em 291 mil veículos (+1,6% a/a e -3,0% t/t), uma taxa de ocupação de 91% (+0,0pp a/a e +4,7pp t/t) e um número de diárias no patamar de 20,6 mil (+11,3% a/a e +4,5% t/t).
Do ponto de vista de aumento de tarifa, projetamos uma diária média de R$ 130 (+11,9% a/a e +2,7% t/t), em linha com o IPCA de aluguel de veículos para o 1T24 (+13,9% a/a). Esse cenário é reflexo de um mercado com forte demanda e um consumidor suscetível ao repasse de preços.
Já a rentabilidade deve apresentar uma piora no trimestre, especialmente pelo aumento dos custos de preparação de veículos que agora estão sendo alocados na DRE do RAC. Além disso, projetamos um aumento na depreciação média anualizada por carro, que deve atingir R$ 6,5 mil por carro.
Esperamos que a divisão alcance uma receita líquida de R$ 2.428 milhões (+23,8% a/a e +6,7% t/t) e EBITDA de R$ 1.448 milhões (+11,8% a/a e +1,4% t/t), com margem de 59,6% (-6,5pp a/a e -3,1pp t/t).
GTF: sem surpresas
No segmento de gestão e terceirização de frotas, esperamos mais um trimestre positivo, marcado por aumentos sequenciais nas mensalidades e crescimento nos volumes. Ao contrário do RAC, a divisão tem uma velocidade de giro dos ativos menor e deve crescer em número de frota total. Nossas estimativas apontam para uma frota no final do período de 311 mil veículos (+15,6% a/a e +0,5% t/t).
Com relação a precificação, acreditamos que as renegociações de contratos devem ser benéficas e esperamos que o repasse de preços esteja mais alinhado ao IPCA de locação de veículos. Esperamos uma diária média de R$ 88,5 (+14,3% a/a e +0,8% t/t).
Por fim, projetamos uma receita líquida de R$ 1.854 milhões (+27,1% a/a e -1,5% t/t) e EBITDA de R$ 1.330 milhões (+19,7% a/a e -1,2% t/t), resultando em uma margem EBITDA de 71,8% (-4,4pp a/a e +0,3pp t/t).
Seminovos: volta da demanda deve impulsionar as vendas
Para a unidade de seminovos, projetamos um primeiro trimestre de 2024 com fortes volumes de vendas pela maior concessão de crédito para a aquisição de automóveis, porém, apesar da estabilização de preços dos usados no final de março, esperamos a continuação da sequência de queda de margens dos seminovos.
Esperamos a venda de 62 mil veículos (+11,9% a/a e +9,3% t/t) e um preço médio de venda de R$ 68,5 mil (+17,6% a/a e +9,2% t/t). Esse aumento de preço acontece por um efeito de mix de venda de automóveis, o que não necessariamente melhora as margens do segmento. A continuação da desvalorização de automóveis mais caros, compatível com o estoque para a venda da Localiza, em janeiro e fevereiro deve machucar as margens no segmento. Para a divisão de seminovos, projetamos uma receita líquida de R$ 4.038 milhões (+18,7% a/a e +8,1% t/t) e EBITDA de R$ 68 milhões (-68,7% a/a e -48,1% t/t), com margem de 1,7% (-4,7pp a/a e -1,8pp t/t).