O que aconteceu?
Inédito e ‘Genial’! O Magazine Luiza (MGLU3) e o AliExpress, marketplace internacional do grupo chinês Alibaba (BABA34), firmaram um acordo estratégico de cross-sell em suas respectivas plataformas.
A biologia definiria essa relação como mutualística. É a primeira vez que Magazine Luiza irá vender os seus produtos comercializados no canal 1P em uma outra plataforma. Isso significa que itens de categorias como eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e televisores serão vendidos no AliExpress. Em troca, o AliExpress também comercializará os seus produtos com selo “Choice” no marketplace do Magazine Luiza.
O que exatamente é esse selo Choice do AliExpress?
Basicamente, é uma seleção de produtos premium feito pelo AliExpress, onde a companhia opera com controle total na plataforma − desde o estoque até a venda e entrega.
Oficialmente lançado em mar/23, mas já operado desde meados de 2022, a seção Choice do AliExpress engloba mais de 3,6 mil produtos com este selo de verificação, garantindo a melhor relação entre qualidade de produto por um menor custo de compra para o consumidor.
A nossa visão
Enxergamos que o acordo traz uma relação de ganha-ganha em ambos os lados para o Magazine Luiza – tanto (1) na visão onde o AliExpress comercializa os seus produtos Choice dentro do marketplace do Magalu, quanto (2) na visão onde a companhia é o seller, atuando dentro da plataforma chinesa.
Analisando a visão (1), o dropshipping deve retroalimentar a cadeia de produto e fluxo de venda. Ao disponibilizar SKU’s de ticket mais baixo, o Magazine Luiza deve aumentar a penetração de itens de cauda longa em seu marketplace à medida em que traz maior fluxo de clientes à sua plataforma, convertendo-os em venda e “margem EBITDA na veia”.
Nessa primeira visão, Magalu será remunerada por um percentual do produto vendido, chamado de Take-Rate. Entendemos que neste ponto, o AliExpress arcará com toda a operação logística. Dessa forma, Magazine Luiza não dispenderá de custo logístico, o que traz um unit economic positivo para a varejista nacional, uma vez que toda receita comissionada é convertida em lucro operacional.
Ainda sobre essa visão, acreditamos que o Take-Rate não deva exceder a média praticada pela companhia – em torno de 15%, segundo as nossas estimativas. Como o custo logístico é do AliExpress, a taxa remunerada só deveria alcançar esse patamar no caso de a plataforma chinesa investir em ADS (advertising) para melhorar o posicionamento de seus produtos no super-app do Magalu.
Analisando a visão (2), entendemos que o units economics também deva ser positivo para o Magazine Luiza. Atuando como seller no AliExpress, Magazine Luiza deve deixar a comissão na mesa para a plataforma chinesa e também operar a cadeia logística de entrega, o que pressionaria na margem bruta da companhia.
Contudo, precisamos adicionar a questão de “despesas de marketing” nessa equação. Apesar de enxergarmos uma pressão na margem bruta, a margem EBITDA seria compensada pela não necessidade de investimento em marketing para a venda de produtos. Com isso, nessa visão, o unit economics também é positivo e contribui para maior alavancagem operacional da companhia.
O inimigo do meu inimigo é meu amigo? Entendemos que essa parceria entre Magalu e o cross-border tem potencial de elevar a competitividade do canal de marketplace para as duas companhias no setor, o que pode vir a ser uma futura dor de cabeça para o invicto líder do on-line brasileiro, Mercado Livre (MELI34).
Algumas observações que julgamos importantes
Neste primeiro momento, a companhia se dedicará a estabelecer os processos operacionais da parceria. Já nos suspiros finais do 2º trimestre de 2024, entendemos que só deveremos ver o resultado a partir do 3º trimestre deste ano, com o pico ao longo do 4º trimestre – dado a sazonalidade de vendas com a Black Friday e Natal.
Não existe um tempo estimado de delimitação para o acordo estratégico – assim como também não há multa em caso de rescisão. Isso significa que qualquer uma das partes poderia recuar e desfazer o acordo a qualquer momento, sem nenhum prejuízo envolvido. Para Magazine Luiza, julgamos que o downside seria retomar ao atual estado de crescimento do marketplace (atuais mid-to-high digit de crescimento).
Atualização de preço-alvo
A piora do cenário macroeconômico global tem criado um movimento de sell-off em toda cobertura de varejo, com o mercado precificando uma Selic de longo prazo de cerca de 12,0% (vs. a nossa antiga perspectiva de 9,5%).
Acreditamos que as perspectivas de lucro operacional devem ser mantidas para Magazine Luiza, contudo, com uma assimetria negativa para o lucro líquido, dado o maior impacto de despesas financeiras (vs. nossa estimativa anterior).
Com o maior desconto de fluxo de caixa e após o efeito de agrupamento de ações (10:1), estamos atualizando o nosso preço-alvo 12m para R$ 19,50, o que implica um potencial upside de 80% em relação ao fechamento na última sexta-feira (21/jun). Reiteramos a recomendação de COMPRAR – respeitando a alocação entre risco e retorno dentro de seu portfólio.