O GPA irá reportar seu balanço do 3º trimestre no dia 05/novembro. Acreditamos que o cenário de vendas deve se manter desafiador para o varejo alimentar no geral, impedindo uma maior aceleração do top line.
Por outro lado, a rentabilidade não deve desapontar. Esperamos mais uma entrega positiva de margens, mostrando uma consistência do trabalho realizado ao longo dos últimos trimestres. Acreditamos que a maturação de eficiência de custos e despesas junto à maiores receitas vindas de retail media devem beneficiar tanto a margem bruta (+145bps a/a), quanto a margem operacional (+131bps a/a) nesse trimestre.
Com o primeiro do ciclo do turnaround finalizado – resultando em uma forte desalavancagem financeira, principalmente via venda de ativos não core –, a companhia agora passa a endereçar o segundo ciclo.
👉 A partir de agora, entendemos que o GPA deve continuar capturando ganhos de rentabilidade das iniciativas que vem sendo implementadas – o que, junto com um maior controle sobre o capital de giro e capex, deve levar a um gradual processo de geração de caixa e consequente continuidade da desalavancagem financeira.
Entendemos que alguns riscos devem ser monitorados ao longo de 2025: (i) resolução do alto valor de contingências ainda off-balance (cerca de R$ 11 bilhões), e (ii) overhang relativo à iminente venda de participação do Casino.
Com a abertura da curva de juros brasileira, estamos incluindo perspectivas mais duras para a projeção do bottom line de empresas alavancadas, dado o maior impacto em despesas financeiras na tese. Atualmente, GPA possui uma alavancagem financeira de 4,1x (visão IFRS 16 – inc. arrendamento e exc. recebíveis). Reunimos as principais alterações na Tabela 2, ao final do relatório.
Negociando a 3,0x EV/EBITDA, reiteramos a recomendação de COMPRAR e cortamos o preço-alvo 12M para R$ 4,20 (anteriormente em R$ 4,70) – potencial upside de 34% em relação ao fechamento do último pregão.
Leve melhora sequencial de vendas
Apesar de observarmos tendências levemente mais positivas, acreditamos que o 3º trimestre ainda será desafiador para o varejo alimentar no geral.
Para o GPA, entendemos que o 2T24 foi marcado por uma sazonalidade negativa, frente ao deslocamento do feriado de Páscoa neste ano. Dito isso, esperamos alguma melhora sequencial no ritmo de crescimento – porém, entendemos que deve ser algo gradual, dado que o cenário se mantém desafiador para as vendas no varejo alimentar. No total, projetamos vendas brutas consolidadas de R$ 4,9 bilhões (+3,0% a/a) e um Same Store Sales de 4,4% a/a.
Em relação às bandeiras, esperamos evoluções sequenciais no Same Store Sales tanto do Pão de Açúcar (+3,5% a/a vs. +2,7% a/a no 2T24), quanto do Mercado Extra (+5,0% a/a vs. +3,4% a/a no 2T24). Para Proximidade, devemos observar uma desaceleração (+5,7% a/a vs. +6,9% a/a no 2T24), por ajustes sazonais realizados no último trimestre.
Contínua evolução da rentabilidade
Esperamos uma expansão de +145bps a/a da margem bruta, a medida em que a companhia continua (i) fazendo o rollout do projeto de eficiência promocional, (ii) melhorando negociações comerciais e (iii) crescendo as receitas de retail media. Estimamos um lucro bruto de R$ 1,3b (+8,6% a/a).
Entendemos que as despesas devem seguir controladas, a medida em que a companhia segue com a implementação do projeto de Orçamento Base Zero. Assim, acreditamos que o carrego positivo da margem bruta deve ser traduzido em margem operacional – acreditamos em um avanço de +131bps a/a. Projetamos um EBITDA aj. de R$ 394m (+21,1% a/a), com uma margem de 8,8% (+131bps a/a).
Última linha sequencialmente estável
Não esperamos grandes mudanças no montante do resultado financeiro desse trimestre em relação ao último. Como comentamos em relatórios anteriores, apesar da redução a/a da dívida bruta ser positiva para a redução de despesas financeiras, entendemos que, esse efeito é parcialmente compensado por um aumento de juros referente ao programa de quitação de débitos de ICMS do governo de São Paulo.
Entendemos que o alto montante de despesas financeiras ainda deve consumir os ganhos operacionais. Com tendências similares sequencialmente, acreditamos que a última linha deve se consolidar em um patamar parecido ao do último trimestre. Estimamos um prejuízo de -R$ 282m.
Existem alguns pontos que precisamos destacar em relação à comparação anual. No 3º trimestre de 2023, o GPA (i) reverteu uma provisão no valor de R$ 805m referente ao prejuízo acumulado da Cnova e (ii) reconheceu R$ 221 milhões positivos no resultado financeiro referente a atualizações monetárias do ressarcimento de ICMS-ST. Frente a isso, entendemos que a última linha a ser reportada não é comparável em base anual.
Tabela 1: Estimativa Genial para GPA no 3º trimestre de 2024 (R$ milhões; IFRS 16).

Atualização de estimativas
Tabela 2: Estimativa Genial para GPA nos próximos anos (R$ milhões; IFRS 16).
