Conclusão
Como ressaltamos em nosso documento sobre o recém anunciado Planejamento Estratégico 24-28E da Petrobras (para maiores informações, clique aqui – “Petrobras (PETR4) | Planejamento Estratégico 24-28: O gato está vivo (por enquanto…)!”), as informações divulgadas no evento não foram positivas no sentido mais amplo da palavras. Entretanto, os termos apresentados foram razoáveis se pensarmos que alguns riscos foram mitigados (investimentos em negócios sem viabilidade econômica, ausência de pagamento de dividendos etc.), mas nem de longe foram eliminados. Na conversa contra a imprensa, a alta diretoria respondeu a perguntas da imprensa dando abertura a alguns informações que, em nossa leitura, devem seguir sendo pontos de atenção para tese da empresa. Esperamos que nos tópicos abaixo, venham a trazer alguns insights interessantes sobre o que foi dito ao longo da apresentação.
Vale lembrar que a empresa marcou uma webconference com o mercado nessa segunda feira, onde novos detalhes devem ser apresentados ao mercado.
Os Fatos & Nossas Opiniões
Na manhã do dia de hoje, a diretoria da empresa fez uma reunião com membros da impressa. Nos tópicos abaixo, vamos escrever o que julgamos as principais informações com a nossa opinião em seguida.
Endividamento: A empresa enfatizou o controle do endividamento até o limite dos US$65 bilhões onde, mesmo com o pesado fluxo de investimentos adiante | Nossa Opinião: essa afirmação é positiva por que deve garantir o fluxo de dividendos esperados no planejamento estratégico. Em nossa leitura, mesmo com o incremento de investimentos anunciados, imaginamos que o endividamento deve ficar razoavelmente sob controle desde que os preços do brent não caiam para níveis abaixo do que aquele demonstrado em seu planejamento estratégico.
Aquisições: A empresa enfatizou estar do lado comprador de ativos. Os segmentos de eventuais alvos de aquisições estão relacionados ao processo de descarbonização e ativos estratégicos no segmento de óleo e gás. Os principais ativos mencionados foram I) petroquímicas (com o nome da Braskem sendo citado inúmeras vezes), II) ativos de energia solar, eólicas etc. e III) refinarias (citando o nome da Replam, nominalmente). Inclusive, o Capex “inativo” de US$11 bilhões diz respeito exatamente a eventuais aquisições nesse segmentos. | Nossa Opinião: aqui reside o grande ponto que acaba por tirar o brilho do planejamento estratégico. Tal possibilidade é negativa tendo em vista incertezas relacionadas ao tamanho da aquisição, características do ativo e possível avenida de geração de valor dentro do portfólio da empresa. Como já mencionamos em documentos pregressos, aquisição de refinaria seria o pior tipo de ativo, em nossa leitura.
Conteúdo Local: Apesar da defesa da indústria nacional e da geração de empregos dentro do Brasil, não houve nenhuma defesa expressa desse tipo de política por parte da diretoria | Nossa Opinião: Positivo. Conteúdo nacional acabava por encarecer o plano de investimentos da empresa e gerava ineficiências na entrega dos projetos.
Eólicas Offshore: A empresa ressaltou os benefícios de se investir nesse negócio tendo em vista as características do Brasil no que diz respeito a ventos e possível queda no custo de implantação. | Nossa opinião: ainda que os preços de longo prazo da energia tenham apresentado uma pequena melhora, ainda somos céticos quanto a possibilidade de viabilidade econômica desse tipo de negócio, principalmente se o mesmo for greenfield. Com o Capex/MWh sendo até 5x maior que uma eólica regular, a eficiência e diferencial competitivo em termos de fator de capacidade teria que ser muito grande para justificar em termos razoáveis a entrada nesse negócio.