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    Publicado em 07 de Fevereiro às 19:10:02

    Petrobras (PETR4) | Qual impacto de uma possível tarifação do Pres. Donald Trump nas exportações da Petrobras?

    Disclaimer: inicialmente, é importante ter em mente que esse relatório é temático e não necessariamente se trata de uma análise relativa a um evento material. Sendo assim, a leitura de todas as informações aqui contidas deve ser lidas de maneira parcimoniosa.

    Conclusão

    Impacto quase zero. Apesar de uma eventual taxação no petróleo e derivados do Brasil ser um evento negativo, observamos o impacto como muito limitado para o caso Brasileiro. Petrobras vende apenas 2,5% da sua produção de petróleo e derivados para os Estados Unidos. Sendo assim, estimamos uma exposição da receita total da empresa em aproximadamente US$ 2,5-3,5 bilhões, representando um impacto entre US$250-350 milhões/ano para Petrobras caso a empresa venha a absorver totalmente essa tributação se a mesma for aplicada nos mesmos termos que foi aplicado no Canadá. Ou seja: considerando o nosso EBITDA 25E de R$240 bilhões, a exposição da Petrobras é de menos de 1% do nosso EBITDA. Além disso, caso o petróleo brasileiro perca competitividade, é sempre possível redirecionar a produção a outros mercados.

    Os fatos

    O recém-empossado Presidente dos Estados Unidos da America, Donald Trump anunciou uma série de tarifas comerciais para o México, Canadá e China. De acordo com a nota publicada no site oficial da Casa Branca, o motivo para imposição de tal tarifação está relacionada esforço insuficiente de tais países na questão da imigração e drogas ilegais.

    Para o caso do Canadá, a taxação seria de 25% em produtos em geral e 10% sobre importação de Petróleo, Gás Natural e Eletricidade.

    É importante mencionar que essa medida pode ser observada como a estratégia do “bode na sala”, onde se coloca um problema onde não existia (no caso, a tarifação) e acaba por se tentar trazer uma solução para se remover o “bode na sala”. Ou seja: que os países que estão sendo alvos de tarifas tentem reagir em relação aos motivos que originaram a criação das tarifas.

    Como exemplo, citamos os recuos recentes nas tarifações anunciadas tanto com o México. No caso do Mexicano, a Presidente acabou por enviar 10,000 soldados do exército mexicano para a fronteira do país com os EUA para incrementar o patrulhamento referente a questão do tráfico de drogas e imigração.

    Todo esse contexto é importante tendo em vista que eventuais sanções a serem aplicadas no Brasil não possuem, aparentemente, caráter contínuo e imutável.

    Todo esse contexto trás um fator de risco ao próprio Brasil tendo em vista os comentários recentes tanto do Presidente Donald Trump quando do Presidente Lula. Dito isso, acreditamos que dentro do nosso universo de cobertura (Petróleo & Gás, Energia Elétrica e Saneamento), o setor petrolífero seria um alvo natural de sanções tendo em vista os acontecimentos recentes em relação ao Canadá.

    Nas palavras do ex-presidente George W. Bush, os Estados Unidos são “viciados em petróleo”. Achamos que taxar um produto tão fundamental como o Petróleo para economia dos EUA como um grande contrassenso do ponto de vista da eficiência econômica.

    Quem serão os grandes afetados no Brasil?

    Qual a exposição. Vale lembrar que excluindo a Prio, os demais cases de capital aberto da indústria de petróleo no Brasil não possuem a mesma escala que tais empresas e acabam por vender sua produção para própria Petrobras. Sendo assim, vamos focar no impacto da Petrobras.

    Como bem sabemos, a empresa tem três segmentos de negócio: I) Exploração & Produção (representa mais de 80-85% do resultado operacional), II) Refino, Transporte e Derivados (c. 10-15% do resultado operacional) e III) Energia (c. 1% do resultado operacional). Sendo assim, eventuais tarifações teriam potencial de acertar os negócios que representam quase 99% do lucro operacional da empresa. Resta saber qual exposição que a empresa tem em relação ao mercado dos EUA.

    Exposição Limitada ao mercado dos Estados Unidos. De acordo com os dados de produção divulgados anualmente pela Petrobras, c. 798k bpde ou 27,4% de toda a sua produção (considerando petróleo e derivados) é destinada ao mercado externo. Dentro desses 27,4%, apenas 9% da produção é destinada ao mercado norte americano. Ou seja, da produção total de 2,9 milhões de barris equivalentes produzidos entre petróleo e derivados, é como se apenas o equivalente a 71,8k bpde estivesse dedicado ao mercado dos EUA. Tal volume representa apenas 2,6% da produção total da Petrobras. Dito isso, uma eventual taxação em linha com o que foi feito com Canadá, traria impactos praticamente inexpressivos para os fundamentos da empresa, principalmente se considerarmos que eles não devem ser perpétuos. Para fins de comparação c. 70% do Petróleo Canadense é comprado pelos Estados Unidos.

    Qual o impacto da taxação na Petrobras?

    Qual o potencial de vendas “exposta” a uma eventual taxação? As vendas para o mercado externo da Petrobras nos últimos 12 meses foi de aproximadamente US$26 bilhões. Ajustando esse volume pela exposição de vendas físicas da empresa para os EUA entre 2023/2024, as vendas da empresa para os Estados Unidos são de c. US$2,5-3,5 bilhões/ano. Extrapolando a tarifa imposta ao Canadá, o valor total a ser arrecadado é de US$240-350 milhões – absolutamente irrisório versus o nosso EBITDA 25E de R$240 bilhões. Ou seja, o impacto dessa tributação na Petrobras ficaria entre 0,6-0,8% no EBITDA da empresa.

    Entretanto, é importante entender as eventuais implicações dessa tributação não significa dizer que a Petrobras simplesmente absorveria essa taxação unilateralmente. Acreditamos que no curtíssimo prazo, a competitividade do Petróleo Brasileiro seria impactada. Entretanto, não achamos que não seja nada que não possa ser resolvido com o redirecionamento da produção para outros mercado tendo em vista a perda de competitividade do produto tributado ainda que com alguma ineficiência de custos relacionados a frete.

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