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    Publicado em 28 de Fevereiro às 18:56:51

    Petrobrás (PETR4) | Reoneração dos impostos nos combustíveis: Quem vai Pagar a Conta?

    Conclusão. Com a remoção dos impostos federais, a Abicom estima um impacto de R$0,79/litro e R$0,24/litro da gasolina e etanol respectivamente – se considerarmos os volumes consumidos pelo Brasil ao longo de um ano e o eventual uso da Petrobrás para absorver tais valores e não repassar ao consumidor final, o impacto esperado seria de R$34 bilhões. Ou seja, cerca de 14% da nossa estimativa para o EBITDA estimado da Petrobrás para o ano de 2023. Evidentemente, achamos a notícia negativa, o que justica a nossa recomendação neutra para as ações da Petrobrás. Atualmente, PETR4 negocia a apenas 2,5x EV/EBITDA 23E exatamente por causa de riscos diretos aos seus negócios com questões como essa. A idéia do subsídio de combustíveis é antiga e já cobrou um alto preço em termos de deterioração em termos fundamentais da Petrobrás no passado e, aparentemente, tal fantasma não deve permanecer assombrando a empresa por um bom tempo.

    O Fato. O Ministério da Fazenda anunciou a reoneração dos impostos federais sob o preço dos combustíveis (PIS/Cofins e Cide) – vale mencionar que tais impostos foram removidos em 2022. Em 2023, com o objetivo de reduzir o déficit público, foi escolhido o caminho da prudência. De acordo com a Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis), o impacto da redução de tais impostos na gasolina e etanol será de R$0,79/litro e R$0,24/litro, respectivamente. O anúncio oficial estima o impacto em R$0,47/litros e R$0,02/litros para gasolina e etanol, respectivamente. Por fins de conservadorismo, vamos usar as estimativas da Abicom. Sendo assim, o preço da Gasolina A na Refinaria de Paulínea (SP) no dia 28/02 era de R$3,34/litro (para maiores informações, clique aqui). Desta forma, o custo da reoneração seria de 23,6% do preço da refinaria.

    Decisões difíceis. Decisões impopulares são, via de regra, tomadas no primeiro ano de qualquer governo democraticamente eleito. Entretanto, acreditamos que tal decisão pode “cobrar seu preço” em termos de popularidade à medida que o tempo for avançando e o ambiente de melhora no ponto de vista econômico seja frustrado para população. A medida que ainda não foi anunciada ou decidido como tal incremento de preços na bomba de combustíveis vai ser compensada, acreditamos que existe uma grande chance do fardo da modicidade de preços ser absorvida pela Petrobrás – como em um passado não muito distante.

    A Petrobrás. De acordo com as nossas estimativas, caso a Petrobrás decida absorver por completo o impacto da reoneração nos preços, o custo total para a empresa seria de R$34 bilhões. Tal valor representa 14% do nosso EBITDA 23E estimado para a empresa de R$234 bilhões (Premissas: Produção 23E de 2.6 mbpd, Brent US$85 e câmbio US$1 = R$5.24). Caso decidam apenas por subsidiar a gasolina, o impacto no EBITDA seria de 12%. Para estimarmos o impacto potencial na empresa, consideramos o consumo de Gasolina C e Etanol no Brasil ao longo de 2022 em todo Brasil multiplicado respectivos incrementos em termos de R$/Litro esperados em ambos os produtos com a retirada de tal isenção.

    O “colchão” da Petrobrás. De acordo com declarações recentes do Ministro da Fazenda, a Petrobrás teria um “colchão” para absorver a reoneração dos preços sem desrespeitar a Política de Paridade de Preços Internacionais (PPI). Em nossa leitura, tal afirmação seria correta caso os preços praticados pela empresa estivesse com prêmio em relação aos preços internacionais. Atualmente, vemos os preços praticados pela empresa com prêmio de apenas 11% – valor insuficiente para que a empresa absorva tais preços sem que não exista nenhum impacto em seu fluxo de caixa tendo em vista a majoração esperada.

    Subsídio de Preços: e lá vamos nós outra vez… O uso do caixa da Petrobrás com o objetivo de retenção de preço dos combustíveis é uma história antiga e, infelizmente, sabemos bem o potencial destrutivo dessa escolha. O custo em resultado e geração/caixa para empresa é bem relevante, principalmente se tal subsídio permanecer por anos e anos a fio como em um passado recente. Para além do impacto direto na empresa, citamos os efeitos deletérios na competitividade de outras industrias (etanol vs gasolina, por exemplo), redução dos proventos, deterioção dos fundamentos e capacidade de investimento da empresa ao longo do tempo. Uma pena.

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