A Porto registrou um lucro líquido recorrente robusto de R$ 651 milhões no primeiro trimestre de 2024, superando nossas expectativas em 8,5% e o consenso do mercado em 15,6%. Esse desempenho representa um crescimento significativo de 95,6% em relação ao mesmo período do ano anterior (1T23), que foi impactado por chuvas e maiores impostos. A rentabilidade (ROE) alcançou um nível atrativo de 21,1%.
O trimestre foi impulsionado principalmente pela melhora no índice de sinistralidade, que alcançou 55,2%, uma redução de 1,2pp em relação ao trimestre anterior (t/t) e de 4,3pp em relação ao ano anterior (a/a), resultando em um índice combinado de 89,6%, uma diminuição de 2,9pp t/t e de 4,9pp a/a. Além disso, os prêmios emitidos continuam crescendo a taxas de dois dígitos anualmente, beneficiando a geração de receita (prêmios ganhos).
No entanto, houve uma queda trimestral no lucro devido ao menor resultado financeiro (-22,7% t/t), embora o resultado operacional tenha apresentado uma evolução significativa de +14,8% t/t.
Como novidade neste trimestre, a Porto introduziu uma nova vertical, Porto Serviços, e divulgou pela primeira vez um guidance. A nova vertical que conta com um portfólio de serviços de assistências residenciais, empresariais e automotivas. Agora serão 4 verticais principais (seguro, saúde, bank, serviço) e demais (que passa a incluir as operações deficitárias do carro por assinatura).
O resultado do 1T24 reforça a perspectiva de que o ano continuará sendo de resultados fortes, mesmo com o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul. Apesar da desaceleração no segmento automotivo, os outros segmentos estão em forte expansão. Portanto, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR, com um preço-alvo de R$ 35,00. As ações apresentam múltiplos atrativos, negociando a 7,4x P/L em 2024e, 6,6x P/L em 2025e e 1,4x P/VP em 2024e.
Porto (PSSA3) | 1T24: Sinistralidade melhor t/t e a/a
Guidance: Inclui o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul
Pela primeira vez, a Porto apresentou um guidance. Os valores divulgados pela companhia já incluem as estimativas do impacto do desastre ocorrido no Rio Grande do Sul.
Segundo o CEO, as frotas da Porto expostas a cidades inundadas representam apenas entre 0,5% e 1%. Este ano, o impacto das chuvas deve ser atipicamente concentrado no segundo trimestre, ao invés do usual primeiro trimestre. No entanto, a baixa concentração da frota segurada da Porto no RS deve minimizar a severidade dos danos.
Prêmios (Consolidado): Saúde puxa o crescimento
Os prêmios emitidos alcançaram R$ 6,84b, com uma redução de -2,1% t/t, mas um robusto crescimento de +14,6% a/a. Esse aumento anual foi impulsionado principalmente pelo crescimento nos segmentos Saúde e Dental, que expandiram +51,8% a/a, e Propriedade, com um aumento de +36% a/a, refletindo a expansão das bases de clientes nos dois segmentos. Já a redução trimestral foi influenciada pelo segmento Auto, que recuou -7% t/t, apesar da expansão da frota de veículos cobertos em +2% t/t. A queda trimestral não é motivo de grande preocupação, pois já antecipávamos um declínio t/t nos prêmios totais devido a efeitos de sazonalidade.
Sinistralidade (Consolidado): Ajuda com menos chuvas
O índice de sinistralidade da Porto ficou em 55,2% no trimestre, apresentando uma redução de -1,2pp t/t e -4,3pp a/a. A melhora deve-se a mudança nos modelos de subscrição e à menor ocorrência de enchentes em regiões com grande concentração de veículos segurados pela Porto.
Para essa análise, usamos os números os números contábeis, compatíveis com o da SUSEP, não fazendo ajustes entre as linhas do DRE como o gerencial da companhia.
Vertical Porto Seguro (auto, patrimonial e vida): Bom desempenho
A vertical de seguros apresentou um lucro de R$ 399,0m (-16,1% t/t e +15,8% a/a), atingindo um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROAE) de robustos 26,9%, melhora de 1,7pp a/a, mas com queda de -6,5pp t/t.
O resultado do 1T24 foi impactado positivamente na comparação anual pelo aumento das receitas totais (+6,6% a/a) e despesas relativamente controladas, levando o índice combinado a 88,9% (melhora de -2,2pp a/a). Do lado negativo, o resultado financeiro contraiu -11,8% a/a, ficando em R$ 173,5m. Na comparação trimestral, a queda do lucro se deu pela contração das receitas totais em -5,6% t/t e pela leve piora nos sinistros, levando a um aumento do índice combinado (+1,1pp t/t). Além disso, o resultado financeiro piorou em -20,9% t/t.
Principais pontos da Vertical Seguros
- Auto: (i) Prêmios emitidos caíram -7% t/t, mas apresentaram um leve crescimento de +5,4% a/a. A melhora na comparação anual se deve principalmente pela expansão dos prêmios da Azul com aumento de 11% a/a; (ii) Sinistralidade em patamares atrativos, chegando a um índice de sinistralidade de 56,2% (3,1pp t/t e –5,3pp a/a).
- Patrimonial: (i) prêmios emitidos retraíram -5,3% t/t e +11,3% a/a. A melhora na comparação anual foi guiada pelo seguro Empresarial (11,8%), beneficiado pela precificação dos seguros e aumento da atividade econômica no Brasil; (ii) índice de sinistralidade apresentou uma melhora de –5,5pp t/t e piora de 4,6pp a/a, chegando a 36%. A melhora a/a é explicada pela diminuição dos sinistros relacionados a incêndios.
- Vida: (i) Prêmios emitidos do segmento permaneceram estáveis t/t, mas apresentaram expansão de +12% a/a, beneficiados por ações comerciais e parcerias na venda das apólices; (ii) Sinistralidade ficou em 34,4% (+0,7pp t/t e +3pp a/a), permanecendo em níveis controlados.
Vertical Porto Saúde (saúde + odonto): Crescimento robusto com baixa sinistralidade
Com meros 1,4% de market share em seguro saúde, a vertical de Saúde continua crescendo de forma acelerada. A receita da vertical cresceu robustos +7,2% t/t e +48,9% a/a no 1T24, chegando a R$ 1,45b, puxado principalmente pelos prêmios emitidos do Seguro Saúde (+7,5% t/t e +52,7%a/a). A vertical atingiu um total de 562k vidas em saúde (vs 543k no 4T23 e 427k no 1T23).
O lucro líquido ficou em R$ 105m, uma melhora significativa em relação aos R$ 66,5m no 4T23 e R$ 42,5m no 1T23. A rentabilidade (ROE) ficou em patamares atrativos em 33,2%, aumento significativo de +9,7pp t/t e +17,7pp a/a.
O índice de sinistralidade de Saúde + Odonto melhorou em -4,5pp t/t e -5,6pp a/a, chegando a 71,4% beneficiada por novas vendas bem precificadas e combate a fraudes.
Vertical Porto Bank: Melhora no custo de crédito
A vertical apresentou um lucro líquido de R$ 148,8m (-4,9% t/t e +129,6% a/a), atingindo uma rentabilidade (ROAE) expressiva de 26,7%.
A carteira de Crédito registrou ficou em R$ 17,6b (+0,3% t/t e +6,4% a/a), impulsionado pela carteira de cartão de crédito que chegou a R$ 15b (+11,1% a/a)
O índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 6,5% (-0,1pp t/t e -1,0pp a/a). A empresa continua adotando uma abordagem cautelosa nas políticas de concessão, priorizando o crédito para clientes de baixo risco. As novas safras vêm demonstrando bom desempenho, refletindo a eficácia das políticas implementadas nos últimos meses. A perdas de crédito cairam de R$ 463m no 1T23 para R$ 445m no 1T24. Por fim, o índice de cobertura ficou em 128%, apresentando uma melhora de 5pp t/t e 8pp a/a.
Vertical Porto Serviço: Nova vertical tem lucro
A nova vertical implementada neste trimestre apresentou uma receita de R$ 612m, com um EBITDA de R$ 112,5m (margem ebitda de 18,4%) e lucro líquido de R$ 45m. A rentabilidade (ROE) ficou em patamares atrativos, chegando a 21%.
A vertical inclui um amplo portfólio como assistências (residencial, auto, geral e outros) e serviços (gás, conveniência e outros). A receita é composta por 78,6% via parceria Porto Seguro; 21,0% via parcerias estratégicas; e 0,4% B2C.
Outros negócios: Empresas que não estão distribuindo produtos
Com a adoção da vertical Porto Serviços, a companhia direcionou os outros negócios para a linha de “demais negócios e outros”. Esta linha, que inclui negócios como o carro por assinatura, continuou apresentando prejuízo, com um valor negativo (ex-IFRS17) de -R$ 39,8m. O trimestre apresentou uma leve piora em relação ao prejuízo de -R$ 37,4m no 4T23, mas com substancial melhora em relação ao montante negativo de -R$ 104,8m no 1T23.
Resultado Financeiro: Abaixo do CDI
No 1T24, o resultado financeiro ficou em R$ 316,2m (ex-Previdência), representando uma rentabilidade de 92,8% do CDI e uma queda de -14,1% t/t e expansão de +13,1% a/a. No consolidado, a linha ficou em R$ 258m (-22,7% t/t e +51,3% a/a). A linha foi negativamente impactada pelo desempenho em renda variável e multimercados. Por outro lado, houve impacto positivo em crédito privado e nos títulos marcados na curva (NTN-B).
Imposto: Melhor distribuídos
A alíquota de imposto ficou em 36% no trimestre, beneficiada pelo pagamento de R$ 192m de JCP no período. A empresa está balanceando a distribuição de JCP e uso de benefício fiscal ao longo dos trimestres ao invés de concentrá-los no 2T e 4T.