Principais pontos:
Consideramos o resultado em linhas com as nossas expectativas. O grande destaque positivo do resultado foi o segmento de autopeças ligadas à Fras-le, com volumes crescendo 6,7% t/t e 6,1% a/a, com a receita sendo impulsionada pelo câmbio favorável 11% t/t e 30,6% a/a e margem bruta crescendo 1,9 p.p. t/t e 0,3 p.p. a/a. Houve melhora de 1,0 p.p. t/t na margem EBITDA no segmento. Os produtos da vertical possuem maior margem para repasse, e, além disso, a falta de veículos novos, fazem com que a idade média da frota circulante suba sem parar, o que gera uma forte demanda por peças de reposição. A demanda no mercado externo segue aquecida, o que resultou em um bom volume de exportações.
Do lado negativo, o enfraquecimento dos mercados de implementos e caminhões refletiu em menor poder de repasse de preços. Os volumes de vendas de semirreboques da Randon no Brasil caíram -18,6% a/a e houve queda de -2,7 p.p. na margem bruta, refletindo a normalização do mercado. Já comparação trimestral observamos alta de 6,5% nas graças a recuperação da liderança de mercado de implementos. Essa briga por share, também contribuiu para queda nas margens.
Conforme havíamos mencionado em nossos relatórios de prévia, no semestre passado, a Randon optou por elevar seus preços em detrimento de sua participação de mercado, algo que a companhia mencionou que não seria mais feito. Com isso, houve redução no repasse de custos, o que resultou em um aumento substancial no seu market share, levando a retomada da liderança no mercado de implementos. Com isso, as margens da companhia ficaram mais comprimidas em relação ao trimestre passado, algo que, na nossa visão, já era esperado.
A companhia ainda citou que a redução de estoques afetou o resultado operacional. Esse movimento está relacionado à autorização por parte do Contran para a utilização de semirreboques de 4 eixos que fez com que os fabricantes de implementos se livrassem dos estoques de semirreboques de 3 eixos. A transição completa das fábricas para readequação das linhas de produção também prejudica as margens.
Análise quantitativa:
A receita líquida reportada foi de R$ 2,8 bi, crescendo 31% com relação ao mesmo período no ano passado e 12% com relação ao trimestre anterior, ficando em linha com nossas estimativas e 9% acima das expectativas de mercado. O EBITDA somou R$ 362 milhões, sendo 12% maior que o 2T21 e 10% menor que o 1T22, sendo 2% maior que nossas estimativas e 5% abaixo do consenso de mercado. A margem EBITDA consolidada de 13,1% caiu 3,1 p.p. em relação ao trimestre passado. Por fim, o lucro líquido reportado somou R$ 105 milhões, -14% a/a e -20% t/t e ficando 19% acima das nossas expectativas e 18% acima das estimativas de mercado.
Continua barata!
Apesar do resultado neutro, acreditamos que o cenário para Randon ainda é positivo. O mercado de implementos, embora deva apresentar queda frente ao ano anterior, ainda segue em um patamar elevado. O bom resultado operacional no 2T22 nos mostra que a companhia tomou a decisão certa ao se diversificar buscando o mercado de peças de reposição. Também acreditamos que o movimento de internacionalização na divisão montadora seja tão importante quanto. Além disso, nossa expectativa é de que a demanda por caminhões deverá continuar em patamares elevados, puxada principalmente por: i) agronegócio forte, que deverá impulsionar as vendas do segmento de implementos e autopeças para OEMs; ii) retomada gradual nos preços, dado uma tendência natural de arrefecimento da inflação, iii) uma idade média elevada da frota circulante de caminhões e iv) ganho de market-share com produtos inovadores como Concept Trailer, que possui 1000 kg a menos que os convencionais e consegue gerar uma redução de 6% no consumo de combustível.
Enxergamos a empresa negociando a um EV/EBITDA 2023E menor do 4,0x, muito descontado para uma empresa que vem se tornando cada vez menos cíclica e mais resiliente. Dado esse conjunto de fatores, seguimos com nossa recomendação de COMPRA, com preço alvo de R$16,00.