De maneira geral, os dados de Randon vieram em linha com nossas expectativas. Apesar do cenário produtivo adverso, as margens se mantiveram em patamares saudáveis. Qualitativamente, não tivemos muitas diferenças frente ao que foi reportado no 1T23. O cenário de juros elevados juntamente com a entrada do Proconve 8, que por sua vez aumentou os preços dos caminhões com a nova motorização Euro 6, segue diminuindo a demanda e consequentemente a produção de caminhões, algo que continua impactando o segmento de autopeças para OEMs. Por outro lado, a divisão de autopeças de reposição segue apresentando bons números, com margens ainda em patamares elevados e volumes e receitas crescentes. Já quando olhamos para a divisão montadora, ainda vemos bons volumes de implementos que seguem, em boa parte, sendo impulsionados pelo segmento agrícola. Destacamos positivamente os números do segmento, visto que esperávamos números relativamente menores para o trimestre corrente no final do ano de 2022.
Ressaltamos que efeitos não recorrentes impactaram o EBITDA da divisão de controle de movimentos. Os dados foram divulgados ontem pela subsidiária Fras-le e serão comentados com maior profundidade ao longo do relatório.
Montadora
A vertical de implementos foi negativamente impactada pelo volume e mix de produtos vendidos. No mercado doméstico, tivemos quedas de 9,3% e 4,8% nos volumes em relação ao 2T22 e 1T23, respectivamente. A menor diluição de custos resultante de quantidades menores impactou negativamente a margem do segmento frente ao trimestre passado, apesar de a receita ter se mantido estável devido ao preço médio unitário maior.
O market-share da Randon no trimestre se manteve relativamente estável com relação ao 1T23, apresentando aumento marginal de 0,3 p.p e finalizando o período em 27%.
A receita líquida do segmento totalizou R$ 1,12 bilhões (-1,1% a/a e +0,1% t/t), enquanto seu EBITDA foi de R$ 98,9 milhões (+1,4% a/a e -7,9% t/t) e margem EBITDA de 8,8% (+0,2 p.p a/a e -0,8 p.p t/t).
Autopeças
Novamente o segmento de autopeças para OEMs foi o destaque negativo do resultado, ainda puxado pela demanda arrefecido de caminhões devido aos altos patamares de juros e reprecificações dos caminhões após a implementação do Euro 6.
No entanto, mesmo com volumes e receitas aquém do ideal, a divisão ainda assim reportou uma manutenção em suas margens, o que considerando o cenário descrito, consideramos positivo.
O segmento obteve uma receita líquida de R$ 816,8 milhões no 2T23 (-18% a/a e -1,2% t/t), com seu EBITDA somando R$ 131 milhões (-7,6% a/a e -1,9% t/t).
Controle de Movimentos
Já a divisão de controle de movimentos teve seus números reportados ontem, através da subsidiária Fras-le. Apesar da leve queda de margens, ainda consideramos o patamar divulgado elevado, prejudicado por despesas não recorrentes que somaram R$ 12,6 milhões. Caso ajustadas, resultariam em um aumento de margens. Além disso, destacamos que a empresa apresentou ganhos de receita, que em partes, se devem à recente aquisição da empresa Juratek no Reino Unido.
Também destacamos o aumento no ROIC reportado, que por sua vez subiu cerca de 2,2 p.p com relação ao primeiro trimestre do ano, terminando o 2T23 em 15,5%.
No 2T23, a receita líquida da divisão foi de R$ 919,6 milhões (+17,5% a/a e +9,6% t/t), com um EBITDA ajustado somando R$ 199,5 milhões (+59,4% a/a e +12,7% t/t).
Análise Quantitativa
No 2T23, a receita líquida consolidada totalizou R$ 2,78 bilhões de (+0,2% a/a e +4,5% t/t), ficando em linha com nossas expectativas e com as do mercado. O EBITDA ajustado aos efeitos não recorrentes somou R$ 457 milhões (+26,3% a/a e +3,4% t/t), superando nossas estimativas e o consenso de mercado em 5% e 14,3%, respectivamente. Por fim, a companhia reportou um lucro líquido consolidado de R$ 116,8 milhões (+11,7% a/a e -4,3% t/t), em linha com nossas estimativas e 9,1% acima das do mercado.