Mantemos nossa recomendação em COMPRAR. A Sabesp reportou os seus números no 2T24 acima das nossas expectativas e do consenso de mercado. Achamos que no geral o mercado deve receber bem os números da empresa, com um resultado impulsionado pelo recente reajuste tarifário de maio, aumento de volume faturado e por ser o primeiro resultado após a conclusão de seu processo de privatização, ainda que efetivamente nada tenha mudado, pois a Equatorial ainda não assumiu o controle da empresa.
Fizemos uma série de relatórios acompanhando todo o desenrolar do processo de privatização (para acessar os últimos relatórios sobre isso, clique aqui, aqui e aqui) e agora, com a aprovação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre a aquisição finalmente a operação foi concluída. Como diziamos em nossos relatórios anteriores o grande evento de destravação de valor para a Sabesp seria a sua privatização, o que de fato ocorreu, com a ação se valorizando acima de 60% com relação ao nível que negociava antes do início do fluxo de notícias sobre a operação.
Entretanto, não acreditamos que a valorização tenha acabado, sendo parte desse movimento de alta referente a uma antecipação dos futuros resultados da companhia privatizada. Agora, com a Equatorial como acionista de referência, o grupo deve anunciadar nos próximos meses as medidas de curto prazo (“projeto 100 dias”) para melhora da eficiência e operação da empresa e efetivamente começar os trabalhos, incluindo a realização do ambicioso projeto de investir R$ 70 bilhões como parte da universalização dos serviços de água e esgoto. E é aqui que reside o segundo movimento de alta que podemos esperar para as ações da companhia, caso tudo venha a correr de acordo com o planejado.
A tabela abaixo é um exercício que fizemos em nossos relatórios passados, baseado na evolução esperada da base de ativos regulatória da empresa e em uma eventual reprecificação de múltiplos da companhia que esperamos ver à medida que a empresa evoluir em suas medidas de aumento de eficiência. Quando fizemos essa tabela, o cenário base seria um múltiplo de negociação de 1,0x EV/BRR, mas a ação já se encontra negociando em níveis de 1,2x EV/BRR. Caso esse multiplo se mantenha e a empresa consiga implementar todo seu projeto de investimentos, podemos estar diante de uma valorização acima de 70% até 2029.
Estamos trabalhando no nosso novo modelo de fluxo de caixa descontado para a empresa, considerando agora as premissas da companhia enquanto empresa privada. É importante mencionar que o nosso preço alvo atual é referente a Sabesp como empresa estatal, ou seja, não é mais condizendo com a realidade. Seguimos confiantes com o case da empresa e reiteramos nossa recomendação de COMPRAR.
Demonstrativo do Resultado
EBITDA acima do consenso e das nossas expectativas! O EBITDA recorrente da companhia totalizou R$2.9 bilhões (+35% a/a) e margem de 54,2% (vs 44,8% no 2T23). Primeiro grande destaque começa pela receita, que cresceu +14,3% a/a e alcançou R$5.9 bilhões. Principais motivos pela performance foram a boa expansão do volume faturado (+3,4% a/a, alcançando 1,1 bilhões de m³) e o reajuste tarifário aplicado em maio de 6,4%.
Os custos totais ficaram em R$3.3 bilhões (-15,5% a/a), ainda que afetado por itens não recorrentes. O principal impacto não recorrente foi o PDI (Programa de Desligamento Incentivado) realizado no 2T23, que elevou os custos daquele trimestre em R$598 milhões. Nesse trimestre, o custo com pessoal caiu 8,4% em função do PDI, mesmo após um reajuste salarial realizado em maio.
Por fim, o resultado financeiro atingiu R$461 milhões negativos, devido ao maior custo de juros da dívida e desvalorização do real frente ao dólar e o iene. Ainda sim, o lucro líquido obtido foi de R$ 1.2 bilhão (+62,6% a/a).