Números bons, mas…
Seguimos com a recomendação de MANTER. No quarto trimestre de 2022, a Sanepar reportou um resultado operacional acima de nossas expectativas e do consenso. Como em trimestres passados, a empresa apresentou outro resultado sólido, com crescimento single digit de EBITDA e de receita operacional líquida, pequeno acréscimo na linha de custos e lucro de R$350 milhões no trimestre, fechando o ano com uma rentabilidade de 13,9% – ainda o melhor da indústria, mas inferior ao que era no passado que chegou a 17%.
Apesar dos bons resultados que a empresa vem apresentando, ela segue sendo a mais descontada do setor devido ao risco regulatório do órgão regulador estadual, aliado ao processo da 2° Revisão Tarifária periódica, previsto para acontecer em maio de 2023, que segue sob termos pouco interessantes para a tese da empresa (para maiores informações em relação à revisão, clique aqui – “Empresa encaminha Base de Ativos Regulatória para 2ºRTP”).
Como comentado anteriormente, um fluxo de notícias favorável para a empresa que vinha acontecendo e foi concretizado logo após a eleição, foi a privatização da Copel. Esse movimento do governo do estado, levanta a possibilidade de uma possível privatização da companhia, o que em nossa opinião, seria muito positivo para o case. Entretanto, como nem tudo são flores, temores com relação a mudança do marco do saneamento, podem trazer insegurança ao setor e acabar prejudicando a eventual privatização.
Em todo caso, atualizamos nossa análise de sensibilidade da empresa para o caso de privatização. Nossa tese é de que, caso privatizada, a empresa busque por ganho de eficiência e melhor governança, o que deveria fazer com que a empresa passasse a valer , no míníio, o valor de sua Base de Ativos Regulatórios. Ainda que existam muitos “e se…” pelo caminho, caso isso venha a acontecer, o potencial de valorização ultrapassa a casa dos 100% aos atuais níveis de preço.
Análise do Resultado 4T22
Resultado reportado acima das nossas estimativas e do consenso. Julgamos os resultamos apresentados como positivos, onde a empresa reportou uma receita operacional líquida R$1.475 milhões, um aumento de 6,7% a/a, impulsionado por um aumento no volume faturado de água e esgoto (1,8% a/a e 3,7% a/a, respectivamente) e do reajuste tarifário de 4,96% a partir de maio de 22. O EBITDA da companhia teve um aumento de 5,9% a/a, totalizando R$610 milhões, margem de 41,7%.
Na parte de despesas operacionais, a companhia reportou R$405 milhões, um aumento de 20% a/a, devido ao aumento no custo de pessoal e multas ambientais, balanceado por uma redução no custo de energia elétrica, devido a redução do ICMS. O resultado financeiro veio em linha, R$67 milhões negativos, variação de 0,9% a/a. Ainda sim, a companhia conseguiu obter um lucro líquido de R$350 milhões, aumento de 5,7% a/a.
Os investimentos da empresa totalizaram R$482 milhões no trimestre e R$1.744 milhões no ano, crescimento de 20% a/a e 32% a/a, respectivamente. Lembrando que a Sanepar tem dificuldade em ter seus investimentos reconhecidos pelo órgão regulador, o que pode ser duplamente negativo, por não ter o investimento reconhecido em sua base de ativos e por não obter uma tarifa condizente com sua base.