A Simpar divulgou seus resultados referentes ao 4T22. De forma geral, assim como vimos nos resultados do 3T22, os resultados seguem sólidos do ponto de vista operacional, reforçando nossa tese de investimento de longo prazo e seu modelo de negócios resiliente. Do ponto de vista financeiro, o aumento do custo da dívida segue esmagando as últimas linhas do resultado. Em alguns casos, a alavancagem das subsidiárias segue sendo um forte detrator, dado a manutenção dos juros em patamares elevados, que por sua vez comprime o bottom line das empresas.
Embora a Simpar tenha apresentado crescimento de lucro frente ao 3T22, a figura consolidada foi positivamente impactada por subvenções de ICMS nas empresas do grupo, Vamos, JSL e Automob (R$ ~130 milhões). Vale destacar que, mesmo ignorando os efeitos não recorrentes, a Simpar vem apresentando um crescimento operacional bastante robusto, com bom nível de rentabilidade. Se excluirmos o efeito da subvenção fiscal, o ROIC da Companhia ainda seria de 14,5% vs. um custo médio da dívida bruta pós-impostos de 11,0%.
Com alavancagem de 3,5x, o grupo ainda tem espaço até o covenant de Dív. Líq./EBITDA de 4,0x para evidenciar essa transformação. Voltamos a destacar que Simpar e a Movida executaram no 4T22 uma série de iniciativas para gestão de passivos. O custo médio da dívida bruta da holding caiu 2,8 p.p., de 18,6% no 3T22 para 15,8%, no 4T22.
É importante evidenciar que o i) patamar elevado da dívida líquida ocorre em função de um forte ritmo de investimentos realizados na expansão dos negócios e que ii) o EBITDA dos últimos doze meses ainda não reflete integralmente os investimentos realizados.
Você vai esperar os juros caírem para comprar?
Se considerarmos que estamos no auge ou próximo do auge do ciclo de aperto monetário no Brasil, a queda de juros a pode evidenciar o bom trabalho que vem sendo feito nos últimos anos. Portanto, a queda de juros pode gerar um efeito positivo muito poderoso no preço das ações da empresa, especialmente considerando o atual desconto de holding.
O preço de Simpar atual presume um desconto de 41% sobre o valor de mercado da participação nas empresas listadas, incluindo também o valor do patrimônio líquido das três subsidiárias não listadas e a participação da dívida líquida da holding. Esses 41% estão bem acima da média histórica dos últimos 2 anos, cerca de 22%.
Numa análise em que as empresas listadas não existissem, onde o valor adicionado é zero e a dívida adicionada à holding das não-listadas também é zero, temos um desconto de 33%.
Como suas subsidiárias listadas já reportaram, falaremos brevemente sobre elas dando enfoque às não listadas.
Vamos (VAMO3)
O resultado de Vamos nos surpreendeu positivamente mais uma vez. O contínuo aumento do Yield, que dessa vez passou de 2,7% no 3T22 para 2,9% no 4T22, foi um dos principais destaques do trimestre. Além disso, a empresa adicionou cerca de 5 mil veículos no último trimestre do ano, terminando 2022 com aproximadamente 44 mil ativos em sua frota.
O movimento de compra de novos caminhões foi assertivo na nossa opinião, dada a entrada da nova legislação de motores Euro 6, que por sua vez não só encarece os novos caminhões fabricados, mas também os caminhões Euro 5, favorecendo assim o setor de locação.
Confira nosso relatório completo sobre o 4T22 de Vamos aqui.
JSL (JSLG3)
Apesar de inferiores às nossas expectativas, a JSL ainda assim reportou dados positivos. Os resultados foram beneficiados por um período de copa e bom volume advindo das montadoras. Além disso, os segmentos voltados para commodities continuam performando bem, adicionando bons volumes de implementação de contratos.
A empresa segue realizando seus repasses com êxito, o que permite que ela continue apresentando bons níveis de rentabilidade.
Para conferir nosso relatório completo sobre o resultado de JSL, clique aqui.
Movida (MOVI3)
Passando para a última das companhias listadas, a Movida reportou resultados negativos, porém com perspectivas mais positivas do que esperávamos para 2023.
No geral, a empresa reportou quedas fortes em suas margens, algo que aliado às altas despesas financeiras fez com que a empresa apresentasse um resultado operacional relativamente ruim, com lucros caindo mais que 90% na comparação anual.
No entanto, a companhia realizou uma operação de antecipação de recebíveis (semelhante à que vimos na Vamos no 3T22), o que permitiu com que ela reduzisse sua alavancagem. Além disso, durante seu call de resultados, os executivos da empresa informaram que pretendem estender a vida útil dos seus veículos mais caros que foram comprados durante a pandemia, além de reprecificar boa parte dos contratos de GTF que estavam com baixa rentabilidade.
Para conferir o relatório completo relativo ao 4T22 de Movida, clique aqui.
Automob
Apesar de um trimestre sazonalmente mais fraco, a Automob reportou bons níveis de receita. Pela primeira vez foram reportados os efeitos cheios de todas as aquisições realizadas durante o ano de 2022. Ademais, continuamos observando volumes altos de vendas diretas, nos mostrando que a demanda por veículos está sendo absorvida majoritariamente por locadoras de veículos.
Assim como nas empresas listadas do Grupo Simpar, a Automob também teve seu lucro impulsionado por uma subvenção de imposto, que por sua vez foi retroagida a todo o exercício de 2022 e contribuiu com um acréscimo de aproximadamente R$ 28 milhões no bottom line.
A receita líquida divulgada totalizou R$ 1,44 bilhões (+17,9% a/a e -0,1% t/t), enquanto o EBITDA ajustado somou R$ 84,5 milhões (-36,9% a/a e -2,8% t/t). Por fim, o lucro líquido reportado no 4T22 foi de R$ 53,3 milhões (-28,4% a/a e +133,8% t/t).
CS Brasil
Apesar de ter apresentado quedas na receita, a CS Brasil segue apresentando bons resultados nos segmentos de GTF. Não fossem os efeitos não recorrentes ocorridos nos 2º e 3º trimestres, a subsidiária teria apresentado praticamente uma manutenção de seu EBITDA, e ainda assim o superando na comparação com o 4T21.
Do lado negativo, a alta alavancagem da empresa e os juros altos fizeram com que o resultado financeiro permanecesse negativo, o que por sua vez levou a companhia a reportar um prejuízo de R$ 8,6 milhões.