Nossa visão: A Simpar anunciou que sua subsidiária Automob adquiriu o Grupo Alta. Dado o tamanho da nova subsidiária, seu impacto é praticamente nulo na alavancagem e nos resultados consolidados da Simpar. A aquisição, em uma análise inicial, apresenta aspectos positivos. No entanto, é desafiador observar a Companhia indo às compras em um momento em que o mercado de venda de automóveis aparenta estar em um período de enfraquecimento. Não fosse pela intervenção e os programas implementados pelo governo, a situação poderia ser consideravelmente mais adversa.
O múltiplo da transação está em linha com os observados nas outras aquisições feitas pela Companhia: 4,8x EBITDA vs 4,5x de média.
O Grupo Alta adicionará cerca de R$ 500 milhões de receita bruta anual e cerca de 25,2 milhões de EBITDA. O impacto na alavancagem da Automob é mínimo, que irá desembolsar cerca de R$ 130 milhões, onde R$ 59,2 milhões serão pagos à vista, R$ 58,2 milhões serão parcelados em 2 anos e corrigidos a 100% do CDI, e o restante será retido para eventuais despesas adicionais relacionadas à aquisição.
Um pouco mais sobre o Grupo Alta
Dessa vez tivemos uma aquisição relativamente maior em comparação à realizada anteriormente. Em 2022, o Grupo Alta obteve cerca de R$ 490 milhões de receita bruta, R$ 25,2 milhões de EBITDA e R$ 17,5 milhões de lucro líquido. Com isso, considerando os números dos últimos 12 meses reportados no 2T23 e os ganhos de resultado com a aquisição da Quality Motors, os números da nova adquirida representam cerca de 8% da receita bruta e EBITDA, e 14% do lucro líquido da Automob.
Considerando o percentual de dedução do 2º trimestre, temos que as margem EBITDA e líquida do Grupo Alta são de 5,4% e 3,7%, respectivamente – vs. 5,4% e 1,3% da Automob no mesmo período mencionado. Com a aquisição, a subsidiária terá o acréscimo de 6 lojas em seu segmento de concessionárias, sendo elas das marcas Volkswagen e GWM.
Alavancagem preocupa?
Se considerarmos os números reportados no segundo trimestre, é razoável dizer que a alavancagem da Simpar, (Dívida Líquida/EBITDA) acenderia a luz amarela, dado que mesmo considerando as aquisições ela estaria em 3,8x enquanto o limite estabelecido pelos seus covenants é de 4x. No entanto, a alavancagem normalizada da companhia, ajustada por eventos não contabilizados no 2T23, seria de 3,4x no segundo trimestre. Esse calculo contabiliza a arrecadação de recursos no Follow-on de Vamos (oferta primária e oferta secundária), além do ajuste de capital de giro da Vamos relacionado à compra de ativos antecipados no final do ano passado.
Sendo assim, considerando os eventos mencionados juntamente com as recentes aquisições, temos que a alavancagem da companhia estaria em algo próximo a 3,5x, o que nos deixa menos preocupados com seu endividamento.
Não seria um momento ruim?
É razoável pensar que o momento para o setor automotivo como um todo está conturbado. Não fosse o programa de desconto recém implementado, estaríamos observando números relativamente piores de vendas de automóveis, dado que apesar dos cortes, seguimos com uma taxa de juros relativamente elevada, o que diminui o volume de financiamentos e concessões de crédito.
Sendo assim, apesar de estarmos em um movimento de queda da Selic, o que tende a auxiliar o setor melhorando os aspectos previamente mencionados, acreditamos que a transação tem muito mais a ver com o movimento de consolidação da companhia e sua estratégia de longo prazo.
Com isso, esperamos que os ganhos de sinergia e escala das recentes aquisições sejam gradualmente incorporados juntamente com uma melhora de cenário, o que ainda nos deixa otimistas com Simpar.
Por fim, ajustando nosso novo preço alvo de Movida e os efeitos relacionados ao Follow-on de Vamos, estamos elevando nosso preço alvo de Simpar (SIMH3) de R$ 14,70 para R$ 15,80, mantendo nossa recomendação de COMPRA.