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    Publicado em 23 de Novembro às 16:56:53

    Simpar (SIMH3) | Nossas impressões sobre o investor day

    A Simpar (SIMH3) realizou o seu investor day, que contou com apresentações de todos os diretores das empresas listadas e não listadas.

    Nos eventos de 2021 e 2022, observamos o time de gestão com metas ambiciosas de crescimento. Hoje, com boa parte desse crescimento endereçado, a grande preocupação foi reafirmar que a Companhia está focada em rentabilidade e na gestão de seus passivos.

    Notamos avanços importantes em relação aos compromissos estabelecidos no Simpar Day de 2021. A JSL já alcançou 88% da sua meta de receita de R$10,8 bilhões em 2025, progresso impulsionado pelas aquisições feitas nos últimos 12 meses com a IC Transportes e a FSJ e com boas avenidas de crescimento pela frente.

    Quanto à Movida, importante dizer que a conquista de uma frota de 214 mil carros custou caro. Embora tenha chegado próxima à meta de 260 mil carros, vimos os resultados serem consumidos por altos níveis de depreciação e alavancagem. Com 82% do objetivo de 2025 endereçado, agora o foco é retomar rentabilidade.

    No caso da Vamos, a diretoria passou uma mensagem mais conservadora sobre o Capex, com os 45 mil ativos vs. a meta inicial de 100 mil ativos. Mesmo, considerando a reavaliação da meta para 75 mil ativos, em resposta à mudança do preço médio do caminhão, o progresso de 60% é relativamente mais baixo que a demais subsidiárias listadas.

    Das empresas não listadas, Automob parece pronta para abrir capital e potencializar seu novo ciclo de expansão. Já os ativos da CS Infra, seguem em ciclo de redesenvolvimento. Acreditamos que, caso necessário, os Portos ou Rodovias podem ser desinvestidos para aliviar a alavancagem da holding.

    Seguimos otimistas com Simpar, especialmente ao considerarmos fatores como a potencial revisão do ritmo de crescimento, que sugere uma menor necessidade de investimentos em Capex. A extração de valor mais eficiente de seus ativos, deve melhorar as margens operacionais e a queda nas taxas de juros apresentam uma perspectiva de redução das despesas financeiras que seguem machucando o lucro.

    Portanto, mantemos a recomendação de COMPRA para SIMH3, com preço alvo de R$ 15,50.

    JSL (JSLG3): sinergia de receita? Raro… mas acontece bastante por aqui!

    A primeira empresa do Grupo a apresentar foi a JSL, que focou em suas sinergias provenientes de seus processos de aquisições. Segundo um exemplo dado pela empresa, as adquiridas Marvel, Fadel, Rodomeu e TPC apresentaram, em média, mais de 20 p.p de crescimento de receita se comparadas ao seu histórico após serem incorporadas pela empresa.

    A JSL demonstra um desempenho notável no mercado de logística, com uma participação média de 0,9%, superando nossas estimativas iniciais de 0,7%. Os dados de mercado da ILOS 2022 mostram que o segmento logístico cresceu menos do que esperávamos em 2022, gerando uma participação da JSL maior do que imaginávamos em quase todos os segmentos.

    Segundo essas da própria Companhia, em Operações Dedicadas, já possui mais de 1,4% de um mercado de R$ 215 bilhões, em Transporte de Cargas, 0,6% em um mercado de R$ 583 bilhões, em Distribuição Urbana, possui 0,7% de um mercado de R$ 94 bilhões e, em Armazenagem, 1,5% em um mercado de R$ 68 bilhões.

    Esses números refletem uma estratégia eficaz de crescimento e os executivos destacaram a contínua busca por diversificação através de suas aquisições, na tentativa de diminuir os impactos pontuais que podem ocorrer em setores específicos, o que contribui com menores oscilações e maior previsibilidade de receita no longo prazo.

    De maneira geral, continuamos com uma visão positiva para JSL. Esperamos que ela continue entregando bons números provenientes de suas aquisições, ainda mais considerando seu mercado de atuação, sendo consideravelmente fragmentado. Acreditamos que as aquisições da IC Transportes e FSJ Logística tragam bons frutos, principalmente considerando IC, dado que suas margens eram substancialmente menores quando comparadas com os da JSL (9,5% vs. 18% em 2022). Esperamos que esse patamar seja alcançado até o final de 2024.

    Dito isso, mantemos nossa recomendação de COMPRA para JSL (JSLG3) com preço alvo de R$ 12,00.

    Movida (MOVI3): arrumar o RAC e crescer no GTF!

    Na sequência, tivemos a apresentação da Movida (MOVI3), onde a mensagem principal dos executivos girou em torno das melhorias operacionais que vêm sendo implementadas, resultando em ganhos substanciais de ROIC e margem. A empresa está empenhada em melhorar seus níveis de retorno, visando elevar de 3% para 13%. Isso é possível graças a melhores condições de compra com os OEMs, maior produtividade da frota, giro de ativos mais rápido, gestão de rendimento e iniciativas de redução de custos. Esses esforços já começaram a refletir nos resultados trimestrais recentes.

    Perspectivas de melhora de rentabilidade no RAC

    Esperamos que a Movida (MOVI3) comece a apresentar resultados mais positivos à medida que o ciclo de redução da Selic continue e as mudanças operacionais prossigam. Isso inclui a redução do prazo de implementação dos veículos, que passou de uma média de 31 para 18 dias, e uma readequação da frota do RAC, com redução do ticket médio dos carros, diminuindo substancialmente as projeções de custos com manutenção e melhorando as margens. A Companhia planeja atingir uma idade média da frota de aproximadamente R$ 78 mil no final de 2023.

    Oportunidades maiores do que imaginávamos no GTF…

    Além disso, observamos uma mudança significativa na estratégia de alocação de capital da Movida desde 2021, com um foco maior em Gestão de Frota (GTF) devido a melhores perspectivas de retorno e menores riscos de execução. A empresa tem a meta de aumentar a participação da receita da GTF para 70% até 2025, atualmente em 56%. Um catalisador importante nesse processo é o bom desempenho da CS Frotas, com um plano de adicionar 10 mil carros até 2025. Os executivos consideram o mercado alvo da CS Frotas de 519 mil carros vs. os 45 mil atuais, considerando especialmente o baixo nível de terceirização de frota em órgãos e empresas públicas.

    Pela primeira vez, a Companhia compartilhou o tamanho da frota de carros no produto por assinatura, aproximadamente 15 mil carro até o 3T23, e um exercício de crescimento em que seria possível dobrar esse número até o fim de 2025. Embora pareça expressivo, o número é abaixo do antigo piso do Guidance de 55 – 85 mil (~1.000-1.400carros/mês) até 2025. Isso é reflexo da maior diligência da Movida em controlar riscos associados ao produto e extrair valor de seus contratos.

    A empresa reconhece que o produto ainda não atingiu sua forma ideal e está trabalhando em otimizações, como experimentos de aprimoramento da experiência do usuário, juntamente com a exploração de diferentes modelos de precificação, incluindo a aplicação de reajuste anual baseado na inflação.

    Uma mudança importante foi a percepção do CEO Gustavo Moscatelli de que é preciso ajustar e aperfeiçoar diversos processos e a experiência do cliente para tornar o produto mais eficiente e atrativo, antes de crescer descontroladamente.

    De maneira geral seguimos positivos com Movida e mantemos nossa recomendação de COMPRA para MOVI3 com preço alvo de R$ 21,00.

    Vamos (VAMO3): Crescimento mais lento, com foco em alta rentabilidade

    A apresentação da Vamos focou em mostrar que a Companhia terá a disciplina de capital necessária para entregar crescimento e rentabilidade no longo prazo. Ficou claro que a Vamos está adotando uma abordagem de crescimento mais lento, priorizando a manutenção da rentabilidade. Esta estratégia é evidenciada pela mensagem mais conservadora da empresa em relação ao Capex para os anos de 2024 e 2025, com previsões de aproximadamente R$ 5 bilhões e R$ 5,5 bilhões, respectivamente.

    No que diz respeito às metas de ativos, a Vamos reavaliou sua meta inicial de 100 mil ativos para 75 mil, adaptando-se à mudança no preço médio do caminhão. Esta revisão não apenas reflete uma resposta flexível às condições de mercado.

    Para 2024, com o capital de giro normalizado, e maior prazo de pagamento aos fornecedores, a empresa planeja reduzir o custo médio de sua dívida, uma estratégia que deve contribuir para fortalecer spread entre o ROIC e o Kd. Outro desenvolvimento estratégico importante para a Vamos é a intensificação do ciclo de venda de ativos, o que deve proporcionar um maior fôlego nas necessidades de capital para expansão da Companhia. Os executivos enfatizaram que a rede de seminovos está pronta para o para esse crescimento.

    Olhando para o futuro a longo prazo, permanecemos otimistas com a trajetória da Vamos. O mercado subpenetrado de locação, e o forte desempenho do agronegócio são fatores que devem sustentar o crescimento do segmento. Aliado a isso, temos um ciclo de queda de juros, que por sua vez deve corroborar com o aumento do spread entre o ROIC e o custo de dívida, além da expectativa de retomada do fluxo para o negócio de concessionárias em 2024 deve fornecer um impulso adicional.

    Essas iniciativas são passos importantes para otimizar o uso dos recursos da empresa e apoiar seu crescimento sustentável no longo prazo. Com isso, reiteramos nossa recomendação de COMPRA para Vamos (VAMO3) com preço alvo de R$ 21,00.

    Não listadas: Automob, Cs Infra e BBC Digital:

    Dentre as empresas não listadas do grupo Simpar, a Automob emerge como um candidato promissor à abertura de capital. Durante o evento o time de gestão forneceu informações atualizadas sobre o mercado e e sobre o negócio de concessionárias. Com mais de R$ 6,2 bilhões e atuação em um mercado com alto potencial de consolidação e desenvolvimento, a Automob parece pronta para abrir capital e potencializar seu novo ciclo de expansão.

    Com apenas 0,7% de market-share estimado, a Companhia tem amplo espaço para crescimento de receita e melhoria de margem de EBITDA, estabelecendo um objetivo de margem de longo prazo de 7,5% para 2026, atualmente em torno de 5%. Este aumento é impulsionado por uma escala maior, um portfólio de produtos aprimorado e maior produtividade por loja.

    Por outro lado, os ativos da CS Infra estão passando por um ciclo de redesenvolvimento com exposição a contratos de concessão de longo prazo. Apesar de ainda serem subestimados pelos investidores, esses ativos são atraentes e geradores de valor, com expectativa de maior visibilidade no futuro. A CS Infra, apresenta um planejamento de investimentos significativos até 2025. Até o momento, a empresa já investiu um total de R$ 667,3 milhões no desenvolvimentos dos seus ativos (Portos em Aratu, Rodovia Transcerrado, BRT Sorocaba, Ciclus e CS Mobi Cuiabá). Ainda há um montante de R$ 549,7 milhões a ser investido nos próximos anos. Acreditamos que, caso necessário, a Simpar pode utilizar o desinvestimento nesses ativos para aliviar a alavancagem da holding.

    Por fim, o banco BBC Digital, apesar de ser a menor das unidades, segue apresentando melhorias em seus números. Atualmente, a originação do banco está em R$ 494 milhões, com uma projeção ambiciosa de alcançar R$ 1.200 milhões em 2026, com a expectativa de uma expansão considerável nas atividades de originação do banco, como benefício de fazer parte do ecossistema do grupo. A carteira de crédito atual do Banco BBC, se encontra em R$ 648 milhões, com a expectativa de crescer até R$ 2.800 milhões no próximos 3 anos.

    Simpar: Novo ciclo focando em extrair mais valor dos seus ativos!

    A perspectiva para a Simpar seguem positivas. A mudança estratégica na alocação de recursos sugere que a empresa está buscando maneiras de otimizar seu crescimento, focando na extração de valor mais eficiente de seus ativos. Isso, por sua vez, tem o potencial de melhorar as margens operacionais da empresa. A orientação estratégica da empresa para a redução do endividamento é um aspecto crucial, pois permitirá que a Simpar realmente se aproprie dos benefícios da expansão dos resultados operacionais. Na nossa visão, a desalavancagem é fundamental para aumentar a confiança dos investidores.

    Um aspecto que foi bastante destacado pela gestão foi que a alavancagem do negócio da Simpar é menor do que a alavancagem financeira. Ou seja, caso necessário, existe a possibilidade de liberação de caixa relevante dada a base de ativos de alta liquidez.

    Além disso, o atual cenário de queda nas taxas de juros oferece uma oportunidade favorável para a Simpar. Uma taxa de juros mais baixa pode levar a uma redução nas despesas financeiras, que têm sido um fator de pressão sobre o lucro da empresa. Este ambiente econômico pode, portanto, contribuir para uma melhoria na rentabilidade e na saúde financeira geral da Simpar.

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