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    Publicado em 19 de Abril às 20:50:30

    Vale (VALE3): Prévia de produção e vendas 1T22

    Os efeitos de sazonalidade mais uma vez causaram produções inferiores do lado de minério de ferro da Vale, com efeitos sentidos tanto na Estrada de Ferro Carajás quanto nas suas operações nos Sistemas Sul e Sudeste devido às fortes chuvas no 1T22. Ainda, observamos atrasos na obtenção de licenças, desempenhos abaixo dos esperados em S11D e Sossego e, grandes manutenções. A Vale reiterou seu guidance previsto para 2022 de minério de ferro (entre 320 a 335 Mt).

    De forma resumida, a produção de minério de ferro, níquel e cobre caíram na comparação anual, enquanto pelotas e carvão tiveram aumentos. Apesar das quedas dos principais níveis de produção e vendas de forma geral impactarem negativamente os números da companhia, o resultado do 1T22 deve se beneficiar dos elevados preços tanto do minério de ferro quanto do níquel e cobre.

    Minério de Ferro

    A produção de minério de ferro da Vale totalizou 63,9 Mt no 1T22 (-22,5% t.t e -6,0% a.a), enquanto do lado das vendas totais de minério de ferro, a Vale vendeu 53,6 Mt no 1T22 (-9,6% a.a e -35,5% t.t), reflexo sobretudo de um menor volume produzido como exporemos a seguir. Ainda, a empresa se beneficiou de um prêmio de US$ 9/t no 1T22, nível mais alto desde o 2T19 observando um alto interesse do mercado por minérios de qualidades superiores.

    A parcela positiva da produção foi resultado da:

    • Melhoria da capacidade de produção dos Sistemas Sul e Sudeste, após o comissionamento e retomada de diversos ativos ao longo de 2021;

    Do lado negativo, tivemos:

    • Desempenho em S11D, impactado pela maior relação estéril/minério (onde não há minério de ferro vs onde há) e menor produtividade da mina ao longo do ano, ocasionada pela maior incidência de jaspilito (rocha característica de Carajás, atualmente classificada como estéril ou sem teor de ferro relevante) no corpo mineral;
    • Menor disponibilidade de ROM (Run-of-Mine, minério não processado resultado de escavações ou restos de explosões) e a maior necessidade de se processar estéril na Serra Norte;
    • Interrupção durante 4 dias da EFC (Estrada de Ferro Carajás) devido às fortes chuvas em março;
    • Impacto das chuvas em MG em janeiro, paralisando temporariamente as operações dos Sistemas Sul e Sudeste, impactando também a disponibilidade de compra de minérios de terceiros.

    O Sistema Norte produziu 37,7 Mt, reduzindo em -10,8% sua produção frente ao 1T21, devido a atrasos no licenciamento na Serra Norte e maior presença de jaspilito no corpo mineral de S11D. É importante mencionar que a Vale espera no 2T22 concluir a instalações de alguns britadores primários para processar jaspilito e, juntamente às 4 plantas móveis de britagens instaladas ao longo do 1T22, ela espera aumentar o desempenho da S11D em 2022 para 80 Mt.

    O Sistema Sudeste produziu 14,9 Mt, aumentando em +10,5% sua produção frente ao 1T21, devido 1) à produtividade acima do esperado no processo de filtragem em Itabira, sobretudo nas plantas de Conceição, com o start-up (começo das operações) das plantas de filtragem em dezembro, 2) à produção mais intensa em Timbopeba, com comissionamento de 3 linhas de beneficiamento em março de 2021 e 3) à produção de produtos de alta sílica.

    O Sistema Sul produziu 10,4 Mt e foi o mais afetado pelo período de chuvas intensas do 1T22, juntamente à menor disponibilidade de ROM em Mutuca, explicando em grande medida a queda de -10,8% em relação ao 1T21, mesmo com a melhora de desempenho do complexo de Vargem Grande, após o start-up de diversas iniciativas ao longo de 2021.

    Por fim, a Vale anunciou a venda do Sistema Centro-Oeste focando na estratégia da empresa de simplificação de portfólio e foco nas operações core. A conclusão da transação está sujeita ao cumprimento de alguns procedimentos e aprovações regulatórias. De forma geral, produziu 0,8 Mt (+60% a.a), auxiliado pelo aumento de produção em Corumbá.

    Pelotas

    A produção de pelotas totalizou 6,9 Mt no 1T22, (+10,1% a.a e -23,7% t.t), devido ao maior desempenho na planta de Omã que observou menos ocorrências de manutenções, parcialmente compensada pelo desempenho de São Luis devido à menor disponibilidade de pellet feed e uma manutenção programada mais longa que o esperado na planta de Tubarão 3.

    Com relação às vendas, a empresa vendeu 7,0 Mt (+11,8% a.a e -32,3% t.t).

    Níquel

    A produção de níquel foi de 45,8 Kt (-5,4% a.a e -4,6% t.t), sendo resultado de uma produção menor no Canadá: 1) em Sudbury (produziu 8,6 Kt, -28,3% a.a) devido ao reparo de uma parte da mina de Totten, mesmo com o ramp-up das minas de Ontário durante o trimestre. 2) Já a produção de Thompson se manteve praticamente estável (produziu 2,9 Kt,+3,6% a.a), enquanto 3) a produção em Voisey’s Bay foi de 7,5 Kt (-27,9% a.a).

    Nas operações na Indonésia (PVTI) e Ásia Pacífico, a produção foi de 17,6 Kt (+14,3% a.a). A produção foi abalada em parte pela parada programada anual para manutenção da Refinaria de Matsutaka por 1 mês, além da menor produção de níquel matte (liga de ferro e níquel) na PTVI devido à manutenção do forno em andamento.

    Nas operações brasileiras, a produção foi de 5,4 Kt (-14,3% a.a), sobretudo devido a uma manutenção de 7 dias no forno elétrico em fevereiro.

    Por fim, a compra de terceiros totalizou 3,7 Kt (+131,3% a.a), visando maximizar a utilização e o desempenho das operações subsequentes durante um período de transição entre a exaustão (esgotamento) da mina Ovoid e o atingimento da produção total do projeto da mina subterrânea de Voisey’s Bay.

    Já o volume de vendas de níquel foi de 39 Kt (-18,8% a.a e -12,8% t.t), marcado sobretudo pelo menor volume de produção de modo geral.

    Cobre

    A produção de cobre foi de 56,6 Kt (-26,0% a.a e -27,0% t.t). Essa queda em relação a períodos anteriores ocorreu, principalmente, devido ao tempo reduzido de operação em Sossego, o qual foi composto de apenas 24 dias ao longo de todo o trimestre devido a uma manutenção programada do moinho SAG, sendo essa originalmente programada para acabar ao fim do 1T22, mas que deve se estender até maio.

    Já a produção em Salobo veio em linha com o esperado enquanto a produção proveniente das operações canadenses sofreu uma queda de -28,9% devido à continuidade do ramp-up da mina subterrânea de Voisey’s Bay.

    Enquanto isso, o volume de vendas de cobre foi de 50,3 Kt (-29,4% a.a e -31,8% t.t), com reduções tanto de vendas no Brasil quanto no Canadá.

    Carvão

    A produção de carvão no 1T22 apresentou uma alta expressiva de 87,5% se comparada ao 1T21, produzindo 2,0 Mt e vendendo 1,8 Mt (+77,8% a.a e -31,9% t.t). Essa alta é um reflexo do aumento de produção tanto do carvão metalúrgico quanto do carvão térmico devido a uma manutenção da demanda mesmo com a continuidade da pandemia do Covid-19.

    No entanto, esse valor representa uma queda de 27,5% em relação à produção do 4T21. Um dos principais fatores que impulsionou isso foi o impacto das condições meteorológicas na região produtora, sendo crucial levar em conta o efeito do ciclone Ana, o qual atingiu o Sul da África nos meses de janeiro e fevereiro de 2022, implicando em uma queda das vendas (-31,9% em relação ao 4T21) por promover dificuldade no transporte e gestão de estoques do material.

    Guidance para 2022

    A empresa reiterou seu guidance para 2022, mantendo as previsões dadas durante o Vale Day.

    • Minério de Ferro: 320 a 335 Mt
    • Pelotas: 34 a 38 Mt
    • Níquel: 175 a 190 Kt
    • Cobre: 330 a 355 Kt
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