A Valid continua sua trajetória de melhora operacional. Com um bom 3T22, a empresa apresentando o primeiro lucro líquido de 2022 no valor de R$ 21,4m, um pouco abaixo das nossas expectativas de R$ 24,3m. O EBITDA de R$ 134,5m, cresceu 36,6% a/a, estável t/t, ficando levemente abaixo (-5,83%) das nossas expectativas de R$ 142,3m. Desconsiderando as operações dos EUA, o EBITDA da Valid foi de R$ 115,6m apresentando um aumento de +28,5% a/a, porém ainda com uma queda de -3,3% t/t.
A empresa reportou recorde de receita para o 3T22 atingindo o valor de R$ 667,2m, um aumento de +10,9% t/t e 14,4% a/a. O principal destaque foi o serviço de ID que contribuiu com quase 1/3 da receita (R$ 186,2m), apresentando um aumento de +26,3% t/t e +20,6% a/a. O 3T22 apresentou o maior volume de documentos emitidos alcançando a marca de 19,5 milhões de unidades nos últimos nove meses.
O lucro poderia ter sido melhor caso não houvesse o impacto da baixa dos ativos na venda de uma das operações dos EUA e o efeito da desvalorização do real em relação ao Euro, impactando a linha dos mútuos intercompany.
Desconsiderando todos os ativos dos EUA que estão sendo vendidos, a receita do trimestre foi de R$ 496m, o que representa um aumento ainda mais significativo de +17,8% a/a.
Revisamos nosso preço alvo de R$ 11,00 para R$ 16,50 e reiteramos nossa recomendação de COMPRA. Nosso modelo se baseia no modelo de fluxo de caixa do acionista (FCFE), considerando um custo de capital (Ke) de 17,2% e crescimento (g) de 5,0%. Entendemos que a companhia negocia a múltiplos atrativos, sendo 2,6x EV/EBITDA 23E e 0,7x P/VP 22E.
Dívida Líquida/Ebitda: A redução de risco da Valid!
A Valid está melhorando sua alavancagem operacional, apresentando um indicador dívida líquida/ebitda de apenas 1,1x no 3T22 (menor índice nos últimos 10 anos), sendo que no 3T21 este indicador estava em 2,3x. Isso demonstra que a companhia está atenta aos movimentos de mercado e preocupada em reduzir os riscos de uma alavancagem.
A redução da dívida é uma movimentação positiva por parte do management, principalmente pelo fato de grande parte estar atrelada ao CDI, sendo que o custo dessa alavancagem ficou muito caro com o aumento expressivo da taxa Selic ao longo dos trimestres. Ainda, a empresa conta com um caixa robusto que é o suficiente para quitar todas as suas obrigações até 2023.
Valid ID: O destaque do trimestre
A receita totalizou R$ 186,2m apresentando uma forte alta de 26,3% t/t e 20,6% a/a, isso devido a forte emissão de documentos no trimestre, representando o maior volume da história da Valid. O EBITDA também foi positivo, reportando o valor de R$ 53,1m (+13,1% t/t e 22,2%). Apesar dos dados fortes, a margem EBITDA apresentou uma queda de -3,3pp t/t e crescimento tímido de 0,3 pp a/a.
Valid Pay: Emissões fracas
Com também 1/3 da receita consolidada, o serviço de Payments (emissões de cartões) reportou uma receita de R$ 178,4m (+11,1% t/t e +20,7% a/a). O EBITDA de R$ 28,3m cresceu +86,9% a/a, porém sofreu uma queda de -7,6% t/t.
De acordo com a empresa, houve uma menor volumetria de cartões para este trimestre, sendo 17m de unidades vs 21,3m no 3T21 e 17,7m no 2T22. Na Argentina, o mercado continua aquecido com demanda forte para os Smarts Cards.
Mobile: Cadê os chips?
O serviço de Mobile ainda segue pressionado com a escassez de chips. Com isso, a receita de R$ 131,8m foi fraca em relação ao trimestre passado com queda de -11,5% t/t e o EBITDA de R$ 34,2m teve redução de -18,6% t/t. Por outro lado, na comparação anual, houve um aumento de +10,2% e +8,9% respectivamente.
EUA: Good bye America!
Apesar dos serviços americanos não participarem mais dos resultados para os próximos trimestres, eles ainda fazem parte do 3T22. A receita de R$ 170,9m apresentou um crescimento de +18,1% t/t, porém como motivo da venda, os EUA não agregam de forma significativa no resultado operacional da companhia, como podemos ver neste tri com um EBITDA de R$ 18,9m apresentando um crescimento de apenas 3,2% t/t.