A Vamos reportou outro trimestre muito forte em termos de volume, porém o resultado veio dentro das nossas estimativas e em linha com o mercado. Mesmo com uma menor oferta de caminhões no mercado e consequente elevação dos preços dos veículos a demanda permanece resiliente. Assim como a empresa havia afirmado no trimestre passado, os primeiros meses de 2022 provavelmente foram muito fortes em termos de Capex.
Com um estoque maior de ativos, a empresa deve se favorecer do encarecimento do crédito, com taxas de financiamento mais elevadas, a opção pela locação dos ativos faz cada vez mais sentidos. Além disso, reforçamos a importância da entrada de contratos de empresas renomadas como Ambev na carteira de clientes, que fortalece a tese da troca de posse dos ativos pela locação.
Destacamos os resultados do segmento de locação pela forte expansão de frota, que atingiu o número de 29,7 mil ativos (aumento de 12% vs. 4T21) sendo 23,4 mil caminhões. Além disso, enxergamos com otimismo o aumento do Capex contratado, que subiu de R$ 600 milhões no 4T21 para R$ 1,6 bilhões no 1T22, alta de 158%. A receita futura contratada atingiu os R$ 8,87 bilhões frente a R$ 6,94 bilhões no 4T21 e R$ 4,19 bilhões no 1T21. O ROIC anualizado se manteve em patamares elevados, 14,8% frente a 14,9% no 4T21 e 14,3% nos últimos 12 meses.
O yield segue subindo, ao final do 1T22 atingiu 3,6% frente a 2,4% no ano de 2021. A margem bruta de seminovos reportada, no valor de 34,2% reflete a valorização dos ativos que estavam locados. Atualmente a empresa estima que a valorização desses R$ 6,1 bilhões de ativos locados, representem um ganho de R$ 2,1 bilhões. No trimestre anterior esse valor era de R$ 5,1 bilhões com ganho a partir da valorização estimado em R$ 1,4 bilhões.
A receita líquida no 1T22 de R$ 945 milhões foi 82% maior do que a apresentada no 1T21, 17% maior que a reportada no 4T21 e em linha com as estimativas do mercado R$936 milhões. O EBITDA de R$ 361,5 milhões foi 20,3% maior que no trimestre passado e muito próximo das estimativas do mercado de R$ 362,8 milhões. A margem EBITDA atingiu 38,5%, maior que a de 37,8% reportada no 4T21, porém abaixo dos 41,0% do 1T21. Na última linha, o lucro líquido atingiu os R$ 121,9 milhões, crescimento de 66% na comparação com o mesmo período de 2021, 11% inferior às estimativas do mercado R$ 136,3 milhões e bem próximo aos nossos R$ 127 milhões.
Vale a pena ressaltar o EBITDA de R$ 73 milhões no segmento de concessionárias 58% maior que no 4T21 e 150% maior que no 1T21. O segmento de customização (BMB) encerrou o trimestre caindo receita na comparação com o começo do ano passado, totalizando R$ 14,5 milhões, queda de 39% em relação ao 1T21 e 3,5% em relação ao 1T22.
É importante ressaltar que enquanto os juros permanecerem em patamares elevados, devemos ver as última linha da DRE com margem mais pressionada. Esse ciclo de juros não favorável para os negócios, se refletiu em custo de capital mais elevado no período, saltando de 8,3% para 10,4%. Atualmente a dívida líquida é de R$ 3,25 bilhões e a alavancagem é de 2,7x.
Embora o resultado não tenha surpreendido, os indicadores financeiros tiveram um expressivo crescimento comparado com o mesmo trimestre do ano anterior. A Vamos tem se beneficiado do aumento do preço dos caminhões usados, melhorando a margem bruta na venda dos ativos, que também se reflete em uma redução na depreciação.
Continuamos otimistas com o futuro da Vamos.